segunda-feira, 13 de abril de 2020




Nota – Aproveitando o dever de me confinar regresso ao blogue agora com nova apresentação.
De um estudo que estou a elaborar sobre o Porto 1919-1939 publico uma espécie de capítulo explorando uma fotografia da Foto Beleza de que possuo uma impressão. Este longo texto está dividido em 3 partes.

A primeira que analisa a fotografia. A segunda parte refere-se ao considerável conjunto de automóveis que na fotografia estão estacionados. A terceira e última parte refere alguns aspectos da Área Central do Porto a partir do Levantamento Aéreo da Cidade de 1939-1940.






Uma fotografia de 1938 da Foto Beleza



“Ma la città non dice il suo passato, lo contiene come le linee d’una mano, scritto negli spigoli delle vie, nelle griglie delle finestre, negli scorrimno delle scale, nelle antenne dei parafulmini, nelle aste delle bandiere, obni segmento rigato a sua volta di graffi, seghettature, intagli, svirgole.”

Italo Calvino, Le città invisibili

"Mas a cidade não diz o seu passado, contém-no como as linhas de uma mão, escritas nas esquinas das ruas, nas grades das janelas, nos corrimões das escadas, nas antenas dos para-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento marcado por sua vez de riscos, entalhes, cortes e arranhões"




I Parte

A fotografia


fig.1 - Foto Beleza de 1938. (Col. RF)


“Era no Inverno de 38, as calamidades tinham-se derramado pela Europa; como dum tonel apocalíptico, corriam o fogo e a degradação do homem até aos afluentes que o sangue fazia caudalosos. Uma serenidade sem nada de ameno, antes excitada e confusa, abancava nos lares; e a chuva, quando tocava o seu ritmo precipitado e ficava suspensa nos cabos como gordas lágrimas de criança, trazia consigo essa invocação de desabrigo, de campos retalhados, lama morta, nuvens despegadas do horizonte por um vento artificial e profundo.” (Agostina Bessa Luís A Muralha pág. 103)


[Nota - Apesar de o romance A Muralha de Agostina Bessa Luís (1922-2019) ter sido publicado em 1957 (não correspondendo à minha preocupação de apenas incluir textos e imagens da época) a autora refere o ano de 1938 provavelmente recordando os seus 16 ou 17 anos no Porto.]



Pelo ano de 1938 a Foto Beleza produziu esta fotografia do centro do Porto, colhida às onze horas e doze minutos (11:12) marcadas no relógio do edifício de A Nacional, de uma manhã de um sol tímido e baixo, como se constata pelas sombras e pelos trajes dos transeuntes.

fig.2 - Pormenor da Foto Beleza 1938.

A fotografia - como muitas das fotografias da época quer sejam são tiradas ao nível dos olhos quer sejam colhidas de um ponto de vista mais elevado - é tirada de sul para norte dando a ideia de uma Praça e de uma Avenida já totalmente edificadas, escondendo os terrenos que a norte rematam as frentes oriental e ocidental.

Esta é assim aquela Praça e aquela Avenida que a República sonhara, desenhara e edificara como o espaço central, monumental e simbólico da cidade e do Poder Municipal.

A vista que a Foto Beleza nos oferece mostra uma Praça da Liberdade e uma Avenida dos Aliados com uma razoável animação e funcionalidade onde já se instalaram bancos e companhias de seguros, estabelecimentos comerciais, cafés (11) e onde circulam e estacionam eléctricos e um razoável número de automóveis (47 na Praça da Liberdade que analisaremos na II Parte, e cerca de 112 visíveis na Avenida dos Aliados)
E mostra este espaço central que ao longo de vinte anos (entre 1918 e 1938) se foi construindo, revelando uma arquitectura inicialmente fin-de-siècle desenhada pelos arquitectos da geração de José Marques da Silva (1869‑1947), o principal responsável pelos primeiros edifícios e  a partir do Plano de Barry Parker (1867-1947) pela conformação do espaço da Praça e da Avenida.
A essa essa geração pertencem, trabalhando neste espaço central do Porto, Miguel Ventura Terra (1866‑1919), José Teixeira Lopes (1872-1919), António Correia da Silva (1880-1963), João de Moura Coutinho de Almeida d’Eça (1872-1954), Francisco de Oliveira Ferreira (1884-1957) e Ernesto Korrodi (1870‑1944).

Sucede-lhe uma segunda geração de arquitectos nascida na última década do século XIX e que activos entre os finais dos anos vinte e o inicio dos anos 40, vai ensaiando pela cidade novos métodos, novas formas e novas soluções arquitectónicas, a partir de uma linguagem de influência Art-Déco.
Desta segunda geração que projecta neste espaço central da cidade fazem parte: Manoel Marques (1890/1956), Manuel Amoroso Lopes (1899-1953), Baltazar Castro (1891-1967), Rogério de Azevedo (1898-1983), José Ferreira Peneda (1893 ‑1940), Júlio José de Brito (1896-1965), Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957) de Lisboa, e ainda os nascidos na primeira década do século XX: Arthur Almeida Júnior (1902-?), Camilo Korrodi (1905-1985), Arménio Taveira Losa (1908-1988), Manuel da Silva Passos Júnior (1908-?) e Januário Godinho (1910-1990).


Como se aproximar da data da fotografia


Alguns elementos permitem situar a data desta e de outras fotografias:

  •        Os edifícios dos quais sabemos a data do projecto, do licenciamento, da construção ou da inauguração e no caso da Avenida dos Aliados a lenta evolução do edifício dos Paços do Concelho pela qual podemos (mesmo que aproximadamente), através de muitas imagens, visualizar e datar essa sua lenta edificação.
  •     A evolução dos traçados urbanos, dos elementos de mobiliário urbano e da arborização que podemos comparar e acompanhar ainda através dessas imagens.
  •     Finalmente (como no caso presente) podemos datar os modelos dos veículos motorizados.

A conjugação de todos estes elementos e a comparação com outras imagens permitem assim datar pelo menos mais aproximadamente uma imagem - não por décadas como habitualmente é feito - mas por anos. Por isso a fotografia da Foto Beleza pensamos ter sido produzida entre o primeiro semestre de 1938 e o primeiro semestre de 1939.

O centro (Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados) em Setembro de 1938


Podemos assim situar a fotografia da Foto Beleza que nos ocupa no primeiro semestre de 1938, já que, quando o Automóvel Clube de Portugal publicou em Setembro de 1938, o n.º 7 da revista ACP, Revista de Turismo e Automobilismo (criada em Novembro de 1930) utilizou para a capa, parcialmente reproduzida, uma fotografia da Casa Alvão seguramente anterior à publicação mas que pelo edificado cremos ser do primeiro semestre do ano de 1938.

fig.3 - Capa de ACP Revista de Turismo e Automobilismo, n.º 7. Ano VIII Setembro 1938.

fig.4 - Fotografia da Casa Alvão, Vista da Praça da Liberdade e da Avenida dos Aliados.


De facto, nesta fotografia, a Avenida dos Aliados e o edifício dos Paços do Concelho apresentam-se sensivelmente semelhantes à fotografia que nos ocupa.

Examinemos esta fotografia mais detalhadamente.
A imagem de Domingos Alvão (1874-1946) é uma fotografia matinal tirada cerca de 20 minutos depois da anterior - como indica o relógio do edifício de A Nacional - com o mesmo sol ainda baixo criando uma comprida sombra quer da estátua equestre de D. Pedro IV, quer dos transeuntes e mostrando também as iluminadas fachadas a poente e a norte.

Importa assinalar que o edifício dos Paços do Concelho tem a estrutura da fachada praticamente edificada faltando obviamente as caixilharias e na Torre faltam o remate superior e o relógio.
Está ainda com tapumes -  porque em acabamento - a escadaria monumental de acesso à entrada principal.
Do mesmo modo ainda não está aberta a reclamada rua de ligação à Praça da Trindade que se chamará Rua António Patrício (1878-1930) e hoje António Luís Gomes (1863-1961).

Na Praça da Liberdade, no primeiro plano à esquerda um homem de chapéu, aliás na época quase obrigatório, olha melancolicamente o novo desenho da calçada à portuguesa da "encolhida" placa do início da década de 1930, possivelmente meditando nos ventos de guerra que sopram na vizinha Espanha e que se vão espalhando pela Europa.
Um jovem de baixa estatura, a quem se permitiria a cabeça descoberta, caminha na direcção do espectador e a ele parece dirigir-se o olhar desconfiado (?) do polícia que se volta com atenção.

Os automóveis estacionados na Praça da Liberdade, como na fotografia da Foto Beleza correspondem a modelos em circulação na cidade e fabricados nas décadas de vinte e de trinta.

Mas para melhor datar esta fotografia repare-se que ao abranger o lado oriental da Praça da Liberdade ela mostra o edifício inaugurado em 4 de Maio de 1936, projectado por Arthur Almeida Júnior (1902-?).
Nele abriu em 27 de Maio de 1936 o Imperial Café, segundo um projecto de Ernesto Korrodi (1870-1944) e Camilo Korrodi (1905-1985), que pela sua localização na Praça da Liberdade, pela sua dimensão e modernidade teve um grande impacto na cidade constituindo desde logo um pólo de animação do centro da cidade.
Sobre a entrada a Águia Imperial e um grande anúncio de Bilhares no 1.º piso.

Relata o jornal O Primeiro de Janeiro em 31 de Maio de 1936: “Quase todo o Porto tem acorrido, com justificado interesse, a visitar este luxuoso e modelar estabelecimento, para admirar as sua magníficas instalações.” (MONTEREY 2008)

Na foto de Alvão vê-se ainda no gaveto da Praça da Liberdade com a Rua de Sampaio Bruno (1857-1915) o edifício do Café Suisso (“Remodelado, reabre hoje o Café Suisso” in O Comércio do Porto de 14 de Maio de 1932) e o edifício onde se instalou a Farmácia Birra, projectados por Rogério de Azevedo (1898-1983) em 1929 e concluídos em 1932. A Farmácia Birra contou ainda com a colaboração de Januário Godinho (1910-1990) então a trabalhar com Rogério de Azevedo.

Nesta outra fotografia da Foto Beleza, anterior a 1936 porque ainda não está construído o edifício do  Café Imperial, vê-se o Café Suisso (agora Suiço) e a Farmácia Birra, a qual está assinalada por um lettering Art- Déco.

fig.5 - Foto Beleza. Gaveto da Praça da Liberdade com a Rua de Sampaio Bruno 1932/1934. (MESQUITA 2008)

fig.6 - Pormenor da  fig.5.

fig.7 - Anúncio à Farmácia Birra no jornal República de 31 de Janeiro de 1932.

À direita na fotografia permanece ainda o Grande Café Central, aí instalado desde 31 de Dezembro de 1900. O edifício será substituído pela construção a partir de 1934 do prédio projectado por Almeida Júnior.
Repare-se na bomba de gasolina já instalada junto à entrada do edifício do Banco Inglês que assinalaremos na fotografia da Foto Beleza de que nos ocupamos.
No primeiro plano é visível um eléctrico com a publicidade aos Pós de KEATING, um insecticida então muito usado.

fig,8 - Anúncio aos Pós de Keating
na Gazeta dos Caminhos de ferro n.º 1118 de 16 de Julho de 1934.

Na fotografia vêem-se dois automóveis circulando desde a Rua Sampaio Bruno na direcção da Praça.


Já numa outra fotografia - esta de 1937 - é visível o novo edifício com o Café Imperial.

fig.9 - O Café Suíço, a Farmácia Birra e o Café Imperial. 1937. AHMP.

Em 22 de Novembro de 1939.


Para limitar a data posterior da fotografia da Foto Beleza, sabemos que em 1939 foi completado o Levantamento Aéreo encomendado em 1936 pela Câmara Municipal do Porto à Sociedade Portuguesa de Levantamentos Aéreos.
Este Levantamento originou a "Fotografia aérea da cidade do Porto: 1939-1940" publicada entre 20 a 25 de Novembro de 1939 e 6 de Março de 1940, constituindo um mosaico de 405 fotografias das quais existem 399 imagens no Arquivo Histórico Municipal do Porto (AHMP).


Observando o mosaico onde figura o centro da cidade, datado de 22 de Novembro de 1939, e que analisaremos em pormenor numa III Parte, constatamos que o traçado e a edificação do eixo Praça da Liberdade – Avenida dos Aliados está em 1939 grosso modo já concluído.

fig.10 - O Centro da cidade na Fotografia aérea da cidade do Porto: 1939-1940. Fiada 19 n.º 409. AHMP.


Está já aberta a Rua António Sardinha inaugurada em 28 de Outubro de 1939.
Precisamente um ano antes em 29 de Outubro de 1938, com a inauguração da linha da Boavista à Trindade o jornal O Comércio do Porto sugere “que seja aberta a rua do lado oriental da Avenida dos Aliados, desde a Praça do Município à Rua Alferes Malheiro, junto da qual fica a estação provisória.
A Rua do Clube Fenianos, rua paralela, que do Largo da Trindade dá acesso à Avenida, não está de harmonia com o intenso movimento de passageiros e veículos que por ela transitam.”

Mas só em 6 de Outubro de 1939 a CMP elabora o Projecto de alargamento da Rua de António Sardinha e da Rua do Clube do Fenianos que é aprovado em 14 de Outubro de 1939 já com as obras em execução.

fig.11 - Projecto de alargamento da Rua de António Sardinha e da Rua do Clube dos Fenianos 
6 de Outubro de 1939. AHMP.

Repare-se que a poente a Rua do Clube dos Fenianos não será alargada precisamente pela existência do edifício que lhe dá o nome.
No lado nascente ainda está desenhado o perfil oriental da Praça do Município previsto no Plano de 1915/16 de Barry Parker e um esboço da implantação do Palácio dos Correios então já decidido (apenas se concretizará mais de trinta anos depois).

No levantamento aéreo pode observar-se que o edifício dos Paços Concelho tem já a escadaria de acesso e a torre completas. Estão em processo de abertura as praças de D. João I a oriente e de D. Filipa de Lencastre a ocidente.

Exploraremos esta fotografia aérea numa III Parte.


Comparação do centro do Porto entre as duas datas através de dois postais.


fig.12 - Foto Beleza de 1938. (Col. RF)


Em 1938 um postal editado pelas Edições PC e assinado Foto Beleza - Porto (fig.13) mostra uma vista da Praça da Liberdade e da Avenida dos Aliados tirada pouco tempo depois, uns vinte minutos apenas, da fotografia que nos ocupa (fig.12).
Repare-se que em torno da estátua equestre de D. Pedro IV a maioria dos automóveis estão estacionados nos mesmos lugares da fotografia da Foto Beleza.
É, todavia, diferente o movimento dos eléctricos. Três no lado ocidental da Praça da Liberdade; um a norte e outros três no lado oriental.


 
fig.13 - Postal. Foto Beleza. Pôrto – Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados. Ed.PC.


Um outro postal (fig.14), contemporâneo ou posterior ao Levantamento Aéreo de 1939, mostra a Praça da Liberdade e a Avenida dos Aliados fotografadas perto do meio-dia (11:55) no eixo sul-norte.

 
fig.14 - Postal Porto – Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados c.1940.

Na fachada sul do edifício dos Paços do Concelho está já concluída a escadaria de acesso à entrada principal.
A nascente do edifício dos Paços do Concelho está já aberta a Rua António Sardinha (hoje António Luís Gomes).


Analisando a fotografia da Foto Beleza

  
fig.15 - Foto Beleza de 1938. (Col. RF)

Descrição do edificado


Na Praça do Município (hoje Humberto Delgado)


fig.16 - Pormenor da fig.15.

1 - A Avenida está rematada a norte pelo imponente edifício dos Paços do Concelho, projectado pelo arquitecto António Correia da Silva (1880-1963), iniciado em 24 de Junho de 1920 com a colocação da 1.ª pedra e com o qual, incontornável no alto da Avenida, a República pretendia sublinhar o Poder Municipal. (cf. TAVARES 2016)


Em 1938 a Câmara Municipal então presidida pelo professor universitário António Augusto Esteves Mendes Correia (1888-1960) estava (e estará) instalada no Paço Episcopal desde 1916. No dia 10 de Fevereiro desse ano realizou-se a primeira sessão do Executivo nestas instalações.
No entanto e apesar da monumentalidade do Paço do Bispo, a Câmara sentia-se remetida para um atrofiado espaço de difícil acesso e afastado da vida da cidade.   


fig.17 - A Câmara Municipal do Porto instalada no Paço Episcopal.

E em 1938 já nem a figura do Porto “protegia” e assinalava o Município - porque a estátua que tinha sido trazida do antigo edifício da Praça de D. Pedro e que junto ao edifício fora colocada em 1917 - já tinha sido deslocado para o Palácio de Cristal em 14 de Junho de 1935.

A Câmara aproveitará as Comemorações do Duplo Centenário ou do Mundo Português - programadas neste ano de 1938 e que se realizarão em 1940 - para criar junto ao Paço Episcopal e à Catedral o amplo Terreiro então chamado de D. Afonso Henriques mas logo rebaptizado de Terreiro da Sé.

O edifício dos Paços do Concelho


O edifício do Paços do Concelho, apresenta nesta data a estrutura exterior quase já construída, mas tem ainda andaimes no remate superior da torre A.
Falta também colocar o relógio B.


Estes dois elementos, a Torre pela sua dimensão (que no projecto inicial seria ainda mais alta) e o Relógio marcando as horas, acentuariam, simbolicamente nos Paços do Concelho, o domínio municipal do Espaço e do Tempo da Cidade.



fig.18 - Pormenor da fig.15.

2 – O acesso principal tem ainda os tapumes e os barracos (onde se encontra estacionado um camião das obras) que escondem a execução da escadaria na fachada principal C.

fig.19 - Pormenor da fig.15.

As esculturas na fachada

Pela importância que as fachadas dos edifícios assumem nesta arquitectura de inspiração Beaux-Arts de influência parisiense, e sobretudo pelo ambiente monumental que conferem a este espaço central, alguns dos edifícios da Avenida dos Aliados e da Praça da Liberdade, ostentam decorações e esculturas  (ABREU 1999 e 2005).
No edifício dos Paços do Concelho a entrada principal ou nobre é ladeada por dois poderosos Atlantes da autoria de Henrique Moreira (1890-1979), suportando a varanda de honra e simbolicamente marcando e vigiando a entrada nobre do edifício.

fig.20 - Pormenor da entrada na Foto Beleza.

Numa outra fotografia (fig.21) deste ano de 1938, melhor se observa essas esculturas ladeando a entrada principal do edifício.
fig.21 - Foto in Os Paços do Concelho do Porto (1819-2010). CEPESE e CMO 2012.

fig.22 - Pormenor da fig.21.


 fig.23 - O escultor Henrique Moreira trabalhando num dos Atlantes para os Paços do Concelho.

fig.24 - Pormenor dos Atlantes na entrada dos Paços do Concelho.

No remate do mezzanino é também criado um conjunto de cariátides da autoria dos escultores  Henrique Moreira e de Sousa Caldas (1894-1965) como se vê em outra fotografia (fig.25).

fig.25 - Pormenor com as cariátides sob o remate superior.   
Foto in Os Paços do Concelho do Porto (1819-2010) CEPESE e CMO.

fig.26 - Pormenor da fig.25.

fig.27 - Fotografia mostrando duas cariátides.


 A Rua de António Patrício


3 - Do lado nascente não está ainda aberta a (futura) Rua de António Patrício D, então reclamada pela então recente inauguração em 29 de Outubro de 1938 da linha da Boavista à Trindade.

fig.28 - Pormenor da fig.15.


O edifício do Clube dos Fenianos Portuenses


4 – Encontra-se concluído e ocupado o edifício do Clube dos Fenianos Portuenses (fundado em 1904), projectado por Francisco Oliveira Ferreira (1884 -1957) em 1920, mas cuja edificação se arrastou ao longo da década de trinta, e apenas em 1935 foi ocupado pelo Clube.

fig.29 - Foto Beleza. O edifício do Clube dos Fenianos c.1935. 


Na fotografia da Foto Beleza (fig.28) no topo do edifício do Clube dos Fenianos Portuenses, já está colocado desde o início dos anos 30 o reclame das Lâmpadas OSRAM E.
A OSRAM era uma fábrica alemã de artigos eléctricos.

fig. 30 - Cartazes das lâmpadas OSRAM dos anos 1930 e 1935.


O edifício César Augusto Bordallo


5 – Vizinho do edifício do Clube dos Fenianos Portuenses está já construído o edifício César Augusto Bordallo com licença de 1930 e edificado em 1933, com a sua côncava fachada conformando o lado poente da Praça do Município (hoje Humberto Delgado).


Neste edifício instalou-se em Janeiro de 1933 (requerimento à CMP de 3 de Dezembro de 1932) a sede do Foot-Ball Club do Porto.
O F.C.P. na época de 1938/1939 venceu pela 1.ª vez o Campeonato Nacional de Futebol, prova criada em 1935.
O Clube tinha sido já Campeão de Portugal em 17 de Julho de 1932 (prova que deu origem à Taça de Portugal), na altura provocando uma grande manifestação na cidade como mostra a fotografia da recepção da equipe na Rua de Sá da Bandeira (fig.31).

fig.31 - A recepção aos jogadores do F. C. do Porto in Ilustração de 1 de Agosto de 1932.

Na legenda: "No Pôrto – A notícia do resultado do desafio-final do Campeonato de “Foot-Ball” efectuado em Coimbra , entre o “Belenenses” de Lisboa e o “Foot-Ball Club do Pôrto” foi recebido na capital do norte com formidáveis manifestações de regozijo. Ao chegar ao Pôrto, a “equipe” vencedora, o povo portuense acorreu em massa – como se vê nesta gravura – a saüdar os jogadores, que foram alvo duma extraordinária e triunfal recepção, como de há muito não há memória na Cidade Invicta."

No rés-do-chão do edifício César Augusto Bordallo, no n.º 321 vê-se a “frente de estabelecimento” projectada em 1933/34 por Manuel Marques (1890/1956) e Manuel Amoroso Lopes (1899-1953) e onde se situava o Stand Auto F.



Socorremos de uma fotografia do ano anterior 1937, de Domingos Alvão (1874-1946) onde podemos observar em pormenor o edifício do Clube dos Fenianos Portuenses e o edifício César Augusto Bordallo (fig.32 e fig.33)

fig.32 - Domingos Alvão, Os Paços do Concelho c.1937. (ALVÃO 1984)

Nesta fotografia repare-se no estado das obras da Torre dos Paços do Concelho e na situação do seu lado oriental. Presentes os barracões dos operários em frente ao edifício e  o fotógrafo procura sublinhar a placa com a calçada portuguesa e um canteiro com as Armas de Portugal.
Cumpre hoje lembrar o que dizia Barry Parker, o autor do plano da Avenida, sobre a sua pavimentação: “Algumas pessoas são de opinião que a Praça em frente á Camara deveria ser calce­tada sem ter nenhuma parte ajardinada. Eu approvo a ideia mas não devemos perder de vista as desvantagens que teem grandes áreas de terreno calcetado, ou mesmo em forma de mosaico: o reflexo do sol, de verão faz calor, e a sua vista de inverno é triste. Ajardinar uma parte da Praça, sem duvida a tornaria mais agradável; a questão é se isso destruiria o seu effeito para reuniões publicas. Espero no emtanto que se permitta a plantação de sufficientes arvores para haver sombra e dar relevo á Praça.” 




fig.33 - Pormenor da fig.32.

Na imagem à esquerda o edifício Bordallo com o Stand Auto em frente do qual estacionam algumas viaturas e o anúncio às Lâmpadas Osram sobre o edifício do Clube dos Fenianos.



A frente ocidental da Avenida dos Aliados a partir da Foto Beleza. 


fig.34 - Foto Beleza de 1938. (Col. RF)


A frente ocidental da Avenida dos Aliados - que a fotografia apresenta na sua totalidade - de norte para sul apresenta o primeiro quarteirão Q1 entre a Rua de Ramalho Ortigão e a Rua Elísio de Melo, o segundo quarteirão Q2 entre a Rua de Elísio de Melo e a Rua da Fábrica e  na Praça da Liberdade o edifício da Caixa Filial do Banco de Portugal (fig.34).

O primeiro quarteirão Q1

fig.35 - Quarteirão Q1. Adaptação de desenho da Porto Vivo SRU.

6 – A norte um terreno vago onde depois da 2.ª Grande Guerra se construirá o edifício Garantia segundo um projecto de Júlio José de Brito (1896-1965).
Na fotografia (fig.36) do engenheiro municipal Guilherme Bonfim Barreiros (1894-1973) vemos à direita o terreno vago  e a empena do edifício a sul.


fig.36 - Guilherme Bonfim Barreiros (1894-1973). Avenida dos Aliados vista do norte c.1936/37. AHMP.


7 – Essa empena a sul do terreno vago pertencia ao edifício Almeida e Cunha (conhecido como Monumental) projectado por Michelangelo Soá (?-?) que na Foto Beleza tem um reclame vertical assinalando o Hotel Monumental. (fig.37).

fig.37 - Pormenor da fig. 34.

Neste edifício Almeida e Cunha da Avenida dos Aliados 173, estava instalado em 1938 o Café Monumental projectado por João Queiroz (1892-1982) e inaugurado a 10 de Janeiro de 1930.
No dia seguinte à inauguração o Jornal de Notícias em notícia intitulada Um Ar de Paris afirmava “A cidade tem, a partir de hoje, o maior e o mais luxuoso estabelecimento da Península, no seu género”. (MONTEREY 2008).

O jornal República também publicitava o Monumental Café em 1932.

fig.38 - Anúncio ao Monumental Café no jornal República 31 de Janeiro de 1932.


Em dias de sol era muito procurada a sua Esplanada que beneficiava da generosa largura dos passeios. Na imagem (fig.39) a esplanada estava limitada por duas das árvores então plantadas e para melhor marcar o espaço e o distanciar da via foram colocados vasos com pequenos arbustos. 

fig.39 - A esplanada do Café Monumental.

A sua entrada foi remodelada em 1937 por Arménio Losa (1908-1988).

fig.40 - Projecto de Arménio Losa para a entrada do Monumental 
da firma Pinheiro, Correia & Portugal L.da Avenida dos Aliados n.º 173. AHMP.

E no início dos anos 40 o Monumental  foi encerrado para ser transformado no Stand Fiat Portuguesa SARL segundo um projecto de Manuel da Silva Passos Júnior (1908-?), apresentado à Câmara em 16 de Agosto de 1941.

 8 – Mais a sul o edifício António Maria Lopes projectado por Manuel Ferreira da Silva Janeira (?-?) de 1929. Aí no n.º 165 estava instalado o Palácio Ford que se entrevê na fig.39 da Esplanada do Monumental.


fig.41 - Anúncio Ford no jornal O Comércio do Porto de Domingo 2 de Abril de 1933.



9 – E rematando este quarteirão, no Gaveto da Avenida dos Aliados com a Rua Elísio de Melo, o edifício do jornal “O Comércio do Porto” projectado por Rogério de Azevedo e inaugurado em 2 de Junho de 1929, mas por imposição da Comissão de Estética da relação da cércea do edifício com a do edifício vizinho só foi concluído em 1930. (GRAVATO 2004).

fig.42 - Foto do edifício sede do O Comércio do Porto. (GRAVATO 2004).


A sede do jornal "O Comércio do Porto" com a sede do “Jornal de Notícias”, na outra frente da Avenida dos Aliados, edifício projectado por José Marques da Silva (1869‑1947) e concluído em 1928, resultou que dois dos jornais de maior tiragem e influência na cidade e na região, e numa altura em que os jornais são elaborados durante a noite, vem acrescentar à área central mais motivos de animação.
Estão já instalados na Praça e na Avenida as delegações dos jornais da capital "Diário de Lisboa" e "Diário de Notícias".

fig.43 - Foto do edifício sede do Jornal de Notícias. 
Fundação Instituto Marques da Silva. (FIMS).


 Esculturas do edifício de O Comércio do Porto

Oito estátuas de figuras femininas, da autoria de Henrique Moreira, “as oito figuras de Portugal” representam as oito províncias de Portugal, com as armas da época e ordenação heráldica do brasão das respectivas capitais. Na frente para a Rua Elísio de Melo: Braga, Évora, Bragança, Viana do Castelo. Para a frente da Avenida dos Aliados: Porto, Viseu, Vila Real e Faro. (ABREU 1999 e 2005).

fig.44 - Rogério de Azevedo. Projecto da fachada do edifício de O Comércio do Porto 
com as esculturas de Henrique Moreira. AHMP.

fig.45 - Pormenor do desenho onde figuram as alegorias do Porto, Viseu, Vila Real e Faro.AHMP.


fig.46 - Henrique Moreira. Alegorias de Évora e Viana do Castelo com os respectivos escudos.

O segundo quarteirão Q2



 
fig.47 - Q2. Adaptado de desenho da Porto Vivo SRU.

10 – No gaveto com a Rua Elísio de Melo está construído o edifício Soares da Costa (licenciado em 1919 mas cuja cúpula só estará construída em 1933) projectado por Michelangelo Soá, e onde se inaugurou no Domingo 29 de Janeiro de 1933 o Café Guarany segundo um projecto de Rogério de Azevedo.

Escreve O Comércio do Porto:
Na Avenida dos Aliados, a artéria mais “chic” do Pôrto onde a população citadina passa o melhor das suas horas disponíveis, a sala-de-visitas da segunda cidade do país, é inaugurado hoje um novo estabelecimento que, por modelar no género e único em determinados detalhes, bem merece que o apresentemos.”
E o jornal situado mesmo em frente assinala na mesma data a abertura salientando os alto-relevos de Henrique Moreira “Chama-nos logo a atenção o alto-relevo que ocupa, parcialmente, a parede da esquerda. É um motivo regional: a dança, a lavoura e a vindima.”
E “A meio da sala, outro motivo decorativo: o “Guarany.” (MONTEREY  2008).


Em 1934 quando no Porto se realizou a Exposição Colonial o “Guarany” foi amplamente publicitado pelo jornal O Comércio do Porto na sua edição dedicada à Exposição.

fig.48 - Anúncio ao Café-Restaurante Guarany 
no jornal O Comércio do Porto - Colonial de Terça-feira 17 de Julho de 1934.

11 – Vizinho a sul o edifício Espírito Santo (licenciado em 1919 e edificado em 1920) segundo um projecto do arquitecto Carlos Mourão (?-?).


fig.49 - Pormenor da fig.34 - Foto Beleza de 1938.


12 – Segue-se o edifício do Banco do Minho (licenciado em 1919 e concluído em 1923) projectado por João Moura Coutinho de Almeida d’Eça (1872-1954).

 fig.50 - Banco do Minho, Filial do Porto, c. 1928. (ARAÚJO 1928).


Neste edifício se instalou por volta de 1934 a Filial do Banco Aliança (até então na Rua Mouzinho da Silveira), mostrando como o centro financeiro da cidade se vai deslocando da zona ribeirinha para a Praça da Liberdade e para a nova Avenida dos Aliados.


fig.51 - Banco Aliança Filial. Avenida dos Aliados 1934.
Ilustração n.º 215 de 1 de Dezembro de 1934.


fig.52 - Anúncio ao Banco Aliança no jornal O Comércio do Porto de Domingo 30 de Outubro de 1938. *

*Curiosamente no dia em que Orson Welles (1915-1985) transmitiu a Guerra dos Mundos pondo em pânico uma boa parte da população dos Estados Unidos.

As Esculturas do edifício do Banco do Minho (Banco Aliança)

O edifício do Banco do Minho é também rematado por dois conjuntos escultóricos cujo autor julgo ser Sousa Caldas com duas alegorias ladeando um escudo.
O arquitecto Moura Coutinho na Memória Descritiva datada de Janeiro de 1918 não indica contudo nenhum escultor.
"Os acrotérios laterais são encimados por dois grupos alegóricos, em granito, que, o génio de um dos nossos artistas, tornará por certo em duas belas obras d'arte que, acima de tudo, concorrerão para o valor artístico deste edifício." (AHMP Arquivo Histórico Municipal do Porto).

fig.53 - Edifício do Banco do Minho. Foto Sipa.

No lado norte duas figuras masculinas com o peito e os braços nus apresentando uma torção no corpo. Um de costas mas voltado para o espectador figurando talvez a Prudência e a outra com frutos figurando talvez o Trabalho dos campos.

fig.54 - As esculturas do lado norte do edifício do Banco do Minho.

No lado sul uma figura masculina o Trabalho (?) volta as costas a uma outra feminina que segura uma moeda, talvez uma alegoria à Riqueza.


fig.55 - As esculturas  do lado sul do edifício do Banco do Minho. Fotos Sipa (adaptadas)


Duas carrancas de leões (como é de tradição em edifícios desta tipologia) protegem a entrada do edifício do Banco.

fig.56 - Pormenor da  fig.58,uma fotografia também da Foto Beleza de c.1934.


13 – E rematando a sul o edifício da Companhia de Seguros A Nacional de 1924 projectado por José Marques da Silva (1869‑1947) em cujo rés-do-chão do gaveto com a Rua da Fábrica está instalada a Casa das Casimiras.
No 1.º piso instala-se em 1927 a Delegação do Diário de Notícias (outro jornal que se instala na Avenida) por cima da Casa Sandeman de Vinhos do Porto.
E no edifício da Companhia de Seguros A Nacional ainda em 1927 instala-se O Stand Nacional Palácio com os automóveis da marca Chrysler.


fig.57 - Pormenor da fig.34 - Foto Beleza de 1938.

Uma outra fotografia da Foto Beleza

Para melhor apreciar o edifício de A Nacional usaremos uma fotografia, também da Foto Beleza mas esta de c. 1934, e onde podemos melhor observar todo o quarteirão Q2.
Repare-se que o edifício do Banco de Portugal ainda possui os tapumes.

fig.58 - Foto Beleza. Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados c.1934.


Nesta fotografia como indica o relógio da torre do edifício de A Nacional,foi tirada ao meio-dia e quarenta e cinco (12:45). No topo do edifício está hasteada a Bandeira Nacional, e na fotografia podemos ainda ver em pormenor alguns dos estabelecimentos instalados no edifício.


fig.59 - Remate superior do edifício da Companhia de Seguros A Nacional.
Pormenor da fig.58 - Foto Beleza. Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados c.1934.



No rés-do-chão a Casa das Casimiras com os seus toldos e o Nacional Palace Restaurante da Casa Sandeman produtores e distribuidores de Vinho do Porto.



fig.60 - Pormenor da  fig.58 - Foto Beleza. Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados c.1934.

O Vinho do Porto Sandeman ficou amplamente conhecido através do cartaz desenhado por Georges Massiot Brown (1881-?) em 1928.


fig.61 - Georges Massiot Brown. Cartaz para a Sandeman. 1928.

No 1.º piso a Delegação do Diário de Notícias aqui instalada em 1927.

A Delegação do Diário de Notícias publica então uma folha volante de distribuição gratuita com notícias do Porto.

 fig.62 - Folha volante do Diário de Notícias publicada pela delegação do Porto em 31 de Outubro de 1927.



fig.63 - Placa das antigas instalações do Diário de Notícias.



No passeio junto à entrada do edifício uma bomba de gasolina. (Ver adiante sobre as bombas de gasolina)

fig.64 - Edifício de A Nacional. Pormenor da fig.58.


Na Rua da Fábrica onde estacionam três automóveis, está instalada a Wagon Lits e ao fundo na Rua do Almada a Livraria Simões Lopes de Domingos Barreira.

 Na fotografia três eléctricos circulando no sentido contrário aos ponteiros do relógio.

fig.65 - Pormenor da  fig.58.



O primeiro é o carro eléctrico com o n.º 235, um Brill de 7 janelas junto ao qual “vem a chiar, manhãzinha cedo”  um carro de bois - como diria Alberto Caeiro - mostrando que este transporte de mercadorias ainda era utilizado contrastando com um camião que espreita mais acima junto à entrada da Rua de Elísio de Melo.


fig.66 - Pormenor da fig.58.

No tejadilho do carro eléctrico um placard de publicidade da Sunflower. Petróleo refinado para uso doméstico da Vacum Oil Company.


fig.67 - Anúncio de Sun Flower in Ilustração n.º 97 de 1 de Janeiro de 1930.


O segundo eléctrico de 8 janelas com o n.º 284, ostenta uma publicidade ao papel fotográfico Lupex produzido pela empresa alemã Agfa. 
  
fig.68 - Pormenor da fig.58.


fig.69 - Papel fotográfico Lupex da Agfa.


No terceiro eléctrico com o n.º 256, vê-se um anúncio ao Chá Horniman que A melhor sociedade de todo o mundo prefere, chá vendido no Porto por Amadeu da Cunha Ribeiro na Rua Fernandes Thomazb379, como era publicitado em 1927. 

fig.70 - Pormenor da fig.58.


Um anúncio ao Chá Horniman com um desenho inspirado numa estampa japonesa, uma vaga referência à oriental cerimónia do chá.

fig.71 - Anúncio ao Chá Horniman in Ilustração, n.º 45, de 1 de Novembro de 1927.


As Esculturas do edifício de A Nacional

Sousa Caldas marca o gaveto do edifício com uma escultura representando O Génio da Independência semelhante ao do escultor António Alberto Nunes (1838-1912) no Monumento à Restauração nos Restauradores em Lisboa. Sobre um frontão que refere A Nacional as alegorias ao Seguro de Vida e ao Acidente e o Trabalho ladeando o escudo nacional. (ABREU 1999 e 2005).

fig.72 - O Génio da Independência no edifício de A Nacional.


O frontão com o escudo nacional ladeado por uma alegoria ao Seguro de Vida e outra ao Acidente e o Trabalho.


fig.73 - O Frontão do edifício de A Nacional.

A frente oriental da Avenida dos Aliados a partir da Foto Beleza. (fig.1)

O quarteirão Q3.

fig.74 - Foto Beleza 1938.


fig.75 - Pormenor da fig.74 - Foto Beleza 1938.



14 – Na frente oriental da Avenida que na sombra apenas se vê edificado do quarteirão Q3 entre a Rua de Sampaio Bruno e a Rua de Magalhães Lemos, vê-se a sul o edifício do Banco Inglês (Pinto Leite), projectado por José Marques da Silva e concluído em 1927.
Segue-se a norte o edifício Moreno & C.ª de Arnaldo Casimiro Barbosa (1874-1943) e Serafim Laínho (?-?).

Neste edifício estava instalado na Avenida dos Aliados 36, desde 23 de Novembro de 1929, o Café Sport.


O Primeiro de Janeiro de 24 de Novembro de 1929 noticia:
“Um novo Café-Bar, o Sport inaugurou-se ontem, 23 de Novembro. Está instalado à entrada da Avenida dos Aliados. É uma atraente nota de modernismo. Desenho e decorações simples, disposição feliz, leve e harmonioso de linhas, obra que enaltece dois artistas e profissionais competentes, os arquitectos srs. Baltazar de Castro e Rogério de Azevedo.”  (MONTEREY 2008).


Anúncio ao Café Sport in Pirolito n.º 2 de 31 de Janeiro de 1931.

 
fig.76 - Anúncio ao Café Sport(e) no Jornal República Janeiro 1932.




Mais a norte o edifício do Banco Lisboa e Açores, projectado por Moura Coutinho de Almeida D’Eça (1872-1954) e concluído em 1921.
Finalmente o conjunto dos edifícios do Banco Borges Borges & Irmão, de Lima Júnior C.ª Lda., e o edifício da delegação do Montepio Geral no Porto, projectado por de Leandro de Morais (1883-?) e concluído entre 1924 e 1925.

fig.77 - O Quarteirão Q3. Desenho produzido pela Porto Vivo SRU.



Dada a forma da Avenida, na fotografia da Foto Beleza não se vê o quarteirão a norte entre a Rua de Magalhães Lemos - do edifício da CGD de Pardal Monteiro (1897-1957, do conjunto do Jornal de Notícias e do edifício da Clínica dos Aliados de Oliveira Ferreira - e o terreno vago a norte no gaveto com a Rua Rodrigues Sampaio.



O eixo da Avenida


15 – No eixo da Avenida as vias laterais planeadas a partir de 13 de Dezembro de 1929, estão já abertas à circulação, com os passeios arranjados, iluminação ao longo das placas centrais e com árvores ainda pouco desenvolvidas. De ambos os lados da Avenida estacionam em espinha diversos automóveis.


fig.78 - Pormenor da fig.74 - Foto Beleza 1938.

As bombas de gasolina


Significativo do crescimento do parque automóvel na cidade do Porto (ver II parte) no passeio do lado oriental da Avenida e junto do edifício do Banco Inglês estava colocada uma bomba de gasolina auto-medidora do tipo “satam”.
Do outro lado junto do edifício de A Nacional existia então uma outra que na foto não se vê, porque escondida pela passagem de um eléctrico G. (ver fig.64).


fig.79 - A bomba de gasolina no lado nascente da Avenida 
e uma bomba tipo satam in The Old Motor.com.

Outras imagens do Porto com bombas de gasolina

Num postal posterior (já de 1939/1940) com uma fotografia centrada no eixo Praça da Liberdade/Avenida dos Aliados, (está já aberta a Rua António Sardinha, e o edifício dos Paços Concelho tem já completas a escadaria de acesso e a torre como veremos na III Parte) são visíveis as duas bombas de gasolina (b1 e b2) ainda colocadas nos dois lados à entrada da Avenida.

 
fig.80 - Postal Porto – Praça da Liberdade e Avenida dos Aliados c.1940.

Existiam então outras bombas semelhantes de diferentes gasolineiras em outros pontos da cidade como na Praça da Universidade (conhecida como Praça dos Leões), na Praça Almeida Garrett, na Praça da Trindade, na Praça (que se chamará) de D. João I, na Rua Cândido dos Reis, na Foz do Douro, etc. Apenas a partir da década seguinte serão removidas ou substituídas.

A bomba de gasolina na Praça dos Leões (na época Praça da Universidade e depois Praça Gomes Teixeira) em outra fotografia da Casa Alvão.


fig.81 - Domingos Alvão (1874-1946), Praça do Leões c. de 1933. (ALVÃO 1984).


Ao fundo em construção a nova Faculdade de Medicina inaugurada em 1935. Projecto de Rogério de Azevedo (1898-1983) e Baltazar Castro (1891-1967).

fig.82 - Pormenor da fotografia mostrando a bomba de gasolina da Atlantic.





A empresa The Atlantic Refining Company surge em Portugal em 1929 como Companhia Portuguesa de Petróleos Atlantic. 

fig.83 - António Cruz Caldas (1898-1975), cartaz de publicidade à Atlantic 1928/29.
À direita o logotipo da Atlantic.

Na Foz do Douro uma bomba de gasolina instalada na Avenida Brasil em frente da Esplanada então inaugurada em 28 de Julho de 1929.

No número 2 da publicação portuense Guiauto Ilustrado de 31 Agosto de 1929 já se referiam, na página 24, os domingueiros passeios à Foz.
“O tripeiro que trabalha quasi de sol a sol, vai á noite - especialmente ao domingo – até á Foz procurar repouso e gôso. E é ver como os electricos são disputados pelos que não podem alugar um automovel!
Até á ultima carreira são tomados d’assalto e veem á cunha, obrigando os passageiros a soadoiros que, por si só, obliteram o prazer na praia colhido.”

fig.84 - Postal. Porto (S. João da Foz do Douro) Avenida Brasil e a Esplanada. Foto de c.1932.

A bomba de gasolina instalada na Praça Almeida Garrett na entrada da Rua de Mouzinho da Silveira.
No início da década de 30…

fig.85 - Postal. Pôrto-45-Ruas de Mouzinho da Silveira e das Flores. Ed. Pc.
Adaptado de O Porto noutros tempos in Porto Desaparecido https://www.facebook.com/PortoDesaparecido/.


E em 1939.


fig.86 - Guilherme Bonfim Barreiros. Praça Almeida Garrett 1939. AHMP.

Repare-se na presença da bomba de gasolina no mesmo local à entrada da rua de Mouzinho da Silveira; nos automóveis dos anos 30 (ver II Parte); e num camião MO-10-70 das Obras Municipais.

No dia 1 de Janeiro de 1937 entrou em vigor a nova matrícula automóvel que consiste em três grupos de dois caracteres, separados por dois traços (AA-00-00).

As esculturas na placa central da Avenida


16 – Na placa central da Avenida estão colocadas as duas esculturas M1 e M2.


fig.87 - as duas esculturas na placa central da Avenida. Pormenor da fig.74 Foto Beleza 1938.


M1 – A escultura Juventude conhecida como a Menina Nua de Henrique Moreira (1890-1979) com um pedestal de Manuel Marques (1890-1956), inaugurada a 1 de Dezembro de 1929.

Ella pareva ripresa e rifoggiata nella giovinezza della natura, abitata da una sorgente che pululasse contro il cristallo de' suoi occhi. Ella era la sua sorgente, il suo fiume e la sua riva, l'ombra del platano, il tremolìo della canna, il velluto del musco. (D'ANNUNZIO 1916).

"Ela [a jovem] parecia retomada e recriada na juventude da natureza, habitada por uma fonte que vinha borbulhar contra o cristal de seus olhos. Ela era sua própria fonte, o seu rio e a sua margem, a sombra do plátano, o estremecimento das canas, o veludo do musgo.”


fig.88 - A Juventude (Menina Nua) de Henrique Moreira e Manuel Marques.

Repare-se no edifício dos Paços do Concelho nesse final do ano de 1929 apenas construído até ao segundo piso. E ainda não está colocada a escultura conhecida como os Meninos e nos automóveis de modelos da década de vinte.




Logo de seguida à sua inauguração a escultura foi motivo de polémica .
No Porto predominava ainda uma “geração que ainda fora à escola de americano puxado por cavalos e que se viu exposta a uma paisagem onde excepto as nuvens, tudo era irreconhecível, e em cujo centro, num campo de forças de tensões e de explosões destruidoras, estava o minúsculo e frágil corpo humano.” (BENJAMIN  1933. 2011).


[No original em francês: Une génération qui était encore allée à l’école en tramway hippomobile se retrouvait à découvert dans un paysage où plus rien n’était reconnaissable, hormis les nuages et au milieu, dans un champ de forces traversé de tensions et d’explosions destructrices, le minuscule et fragile corps humain.]

O jornal Pirolito no seu n.º 3 de Sábado 7 de Janeiro (Fevereiro) de 1931 a fonte/escultura tem direito a capa, num desenho de Cruz Caldas (1897 -1975) que justifica o nome de Menina Nua.

fig.89 - Cruz Caldas. Capa do nº 3 da revista Pirolito de 7 de Fevereiro de 1931.


A “Menina Nua” numa outra fotografia já dos finais dos anos 30.

 
fig.90 - A Juventude (Menina Nua). Fotografia de c. 940.

Repare-se no edifício Moreno & C.ª tendo no rés-do-chão o Café Sport modificado por Rogério de Azevedo em 1936.
Vê-se ainda o estabelecimento de Casimiro de Souza Fontes Limitada nos números 29 e 31, e no 1.º piso um conjunto de escritórios de profissionais liberais. O 2.º piso com os “escritos” assinalando que se arrenda.
Os automóveis nesta fotografia, entre os quais um Citroën “arrastadeira”, são já da segunda metade da década de 30 e um deles tem ainda uma matrícula N-15145 anterior a 1937.


M2 – A escultura conhecida como Os Meninos também chamada de Abundância (ou por possível confusão com o 2.º classificado no concurso Monterey chama-lhe No País das Uvas) dos mesmos autores Henrique Moreira e Manoel Marques. Foi inaugurada a 25 de Fevereiro de 1932. Trata-se de uma discreta homenagem ao Porto como cidade vinícola.


fig.91 - Henrique Moreira e Manuel Marques, Abundância ou Os Meninos.

Ao fundo a Rua Magalhães Lemos tendo no gaveto norte o edifício da Caixa Geral de Depósitos (1927/32) de Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957) e a sul o edifício do Montepio Geral do Porto de Leandro de Morais (1883-?), concluído entre 1924 e 1925.

No ano seguinte (1933) o decreto-lei  n.º 22:461 de 10 de Abril considerando que “O Vinho do Pôrto representa um valor muito importante da economia nacional” cria o Instituto do Vinho do Porto já que este produto era uma das principais exportações da cidade contribuindo decisivamente para a sua economia.

O Instituto do Vinho do Porto irá instalar-se no edifício da Rua Ferreira Borges, construído em 1843 e que fora ocupado desde 1847 pelo Banco Comercial do Porto fundado em 1835/36.


fig.92 - O Instituto do Vinho do Porto na Rua Ferreira Borges c.1933. AHMP.



A Praça da Liberdade na fotografia



fig.93 - Foto Beleza 1938.


17 – Do edificado da Praça da Liberdade apenas se vê uma parte da fachada ocidental do edifício da Filial do Banco de Portugal inaugurado em 23 de Abril de 1934, segundo um projecto inicial de 1918 de Miguel Ventura Terra (1866-1919) e José Teixeira Lopes (1872-1919).

fig.94 -Pormenor da Foto Beleza 1938.

O remate superior do edifício do Banco de Portugal




Fig.95 – O Remate superior do edifício do Banco de Portugal.


O jornal humorístico o
Pirolito que bate que bate… (1931-1932) logo no seu primeiro número de 24 de Janeiro de 1931, inicia um conjunto de comentários humorísticos acompanhados de desenhos sobre “a Menina Nua" e sobre outras edificações do centro da cidade. Assim nesse número anuncia as Campanhas do Pirolito, referindo-se aos monumentos mais célebres que ultimamente têm brotado do seio da cidade: - Chaminé do Banco de Portugal, o Cogumelo da Caixa Geral dos Depósitos e o Capacete da Associação dos Jornalistas. Para cada uma destas preciosidades o Pirolito anuncia que publicará no próximo número três sensacionais entrevistas, em que os ilustres entrevistados alvitram o que se deve fazer aquelas três maravilhas arquitectónicas.
Ler no próximo Pirolito:
- O que se deve fazer da chaminé do Novo edificio do Banco de Portugal. Entrevista com o Snr. D. Pedro IV…”

E no seu número de Dezembro de 1931 publicava um desenho humorístico de Cruz Caldas aludindo à “chaminé” do Banco.


Fig. 96 - Cruz Caldas, A Chaminé do Banco de Portugal 
in Pirolito n.º 49 de 29 de Dezembro de 1931.


Esculturas
O edifício é encimado pelas as esculturas de Sousa Caldas. No frontão Hermes com um pote vazando moedas e Deméter com palmas e espigas de milho.
Duas cornucópias transbordando moedas simbolizando prosperidade e riqueza ladeiam a inscrição Banco de Portugal. (ABREU 1999 e 2005).

fig.95 - O frontão do edifício do Banco de Portugal.

Sobre a cornija ladeando a figura central, duas figuras femininas em bronze empunham ramos de flores e grinaldas com que coroam duas crianças aos seus pés sentadas sobre a cornija. (ABREU 1999 e 2005)

fig.96 - O remate superior do edifício do Banco de Portugal.



No passeio adjacente com o quiosque da Companhia Carris do Porto c1 junto à qual está estacionado um eléctrico E1 e uma cabine telefónica c2.


fig.97 - Pormenor da Foto Beleza 1938.


fig.98 - Pormenor da Foto Beleza 1938.

Encoberta pelo poste de iluminação a cabine-kiosque de apoio da Companhia Carris de Ferro do Porto projectada e construída em 1930 no passeio em frente do edifício do Banco de Portugal.




fig.99 - Projecto de cabine-kiosque a construir na Praça da Liberdade. 
Aprovado em 25 de Abril de 1930. AHMP.

  

18 - No centro da Praça a placa “encolhida” nos finais de 1929 e início de 1930, na qual se encontra a estátua equestre de D. Pedro IV M3.
A estátua equestre de D. Pedro IV esculpida por Anatole Calmels (1822- 1906) foi inaugurada na antiga Praça Nova, actual Praça da Liberdade, no dia 19 de Outubro de 1866, sob a presença de D. Luís I.
A fotografia da Foto Beleza enfatiza a escultura do monarca símbolo da cidade invicta e liberal, lembrando os versos de António Joaquim de Mesquita e Melo (1792 - 1884):

A praça, aonde se ostenta
Soberano cavalleiro,
Esse logar de memorias.
Das festas foi o primeiro. (MELO 1824).



fig.100 - Pormenor da Foto Beleza 1938.

Os transportes de tracção eléctrica


19 – Na fotografia três eléctricos, ainda o principal meio de transporte de passageiros dentro da cidade condicionando a evolução da sua estrutura urbana e da sua relação com núcleos periféricos de habitação nos limites exteriores à cidade (Areosa, Ermesinde, Rio Tinto, Matosinhos e Gaia). Um eléctrico E1 está estacionado junto ao edifício da Filial do Banco de Portugal e outros dois eléctricos E2 e E3 circulam a norte no sentido contrário aos ponteiros do relógio.


fig.101 - Pormenor da Foto Beleza 1938.


E1 – O eléctrico da Linha 6 (Praça – Monte dos Burgos) estacionado junto ao edifício da Filial do Banco de Portugal.

fig.102 - Eléctrico modelo Brill 28 de 1929. Pormenor da Foto Beleza 1938.



E2 – O eléctrico de dez janelas e plataformas fechadas, circulando junto ao edifício da Companhia de Seguros A Nacional.


fig.103 - Eléctrico modelo CCFP 40 de 1930. Pormenor da Foto Beleza 1938.



E3 – O eléctrico de 7 janelas circulando a norte da Praça da Liberdade.


  fig.104 - Eléctrico modelo Brill 23 Pormenor da Foto Beleza 1938.




O prédio vizinho da Filial do Banco de Portugal



20 - No prédio vizinho do qual apenas se vê uma parte da fachada remodelada em 1936 por Júlio de Brito um anúncio ao Casino da Póvoa e na cobertura um anúncio ao Casino de Espinho,


fig.105 - Pormenor da Foto Beleza 1938.



O anúncio vertical “Visitai o Casino da Póvoa” P1.


fig.106 - Pormenor da Foto Beleza 1938.

O turismo era um sector em expansão a partir do início da década provocando a construção de diversas infraestruturas.

Na Póvoa do Varzim no seguimento do Despacho publicado no Diário do Governo, II Série, n.º 212, de 14 de Setembro de 1928, a 30 de Janeiro de 1929 é criada a Empresa de Turismo e Praia da Póvoa de Varzim que com o apoio da autarquia cria o Casino da Póvoa.

O Casino da Póvoa foi inicialmente projectado pelo arquitecto José Coelho (?-?) e pelo engenheiro Alberto Vilaça (?-?) tendo sido então iniciada a sua construção. Mas em 1931 o arquitecto Rogério de Azevedo substituiu o arquitecto José Coelho e o projecto do Monumental Casino é então reformulado sendo inaugurado em 10 de Junho de 1934.


fig.107 - Postal. Povoa de Varzim – Monumental Casino. 1936.



fig.108 - Anúncio ao Casino da Póvoa no jornal O Comércio do Porto de 22 de Junho de 1936.

Repare-se nos serviços de transporte do Porto para a Póvoa do Varzim em “Auto-Cars de luxo” com partidas da "Garage" de O Comércio do Porto e do Clube dos Fenianos (e ainda da Cordoaria).
Ou o transporte pela ferrovia utilizando a Linha da Póvoa.

A criação pelo Decreto-Lei nº 23.054 de 25 de Setembro de 1933 do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN) a que ficou ligado António Ferro (1895-1956) veio dar ao Turismo um significativo impulso necessário aliás à propaganda do regime.
Assim com o incremento do turismo provocado pela edificação do Casino é também inaugurado em 1936 o Palace Hotel da Póvoa de Varzim projectado por Rogério de Azevedo entre 1929 e 1936.


fig.109 - Foto do Palace Hotel da Póvoa do Varzim. 1936.


Na foto o monumento ao Cego de Maio inaugurado em 1909 e o Casino de 1934.

  

O anúncio na cobertura ao Casino de Espinho P2.


fig.110 - Pormenor da Foto Beleza 1938.

O Casino de Espinho foi projectado por Carlos Ramos (1897-1969) e inaugurado a 22 de Julho de 1929.

fig.111 -Casino de Espinho 1929.


fig.112 - Anúncio à Praia de Espinho 1929.


Um admirável cartaz do início da década de Fred Kradolfer (1903-1968) de promoção da Praia de Espinho.

fig.113 - Fred Kradolfer (1903-1968), cartaz da Praia de Espinho 1931.


Para além da Póvoa do Varzim e de Espinho com os Casinos, este desenvolvimento do turismo balnear foi impulsionador também da construção de promenades junto ao mar. No Porto, a partir dos finais da década de 20, é construída na Foz do Douro a Esplanada 28 de Maio (hoje Esplanada do Molhe) ao longo da marginal atlântica com a sua conhecida Pérgula.


A livraria Figueirinhas, a Ateneia e a Arcádia.


No rés-do-chão do mesmo edifício da Praça da Liberdade confrontando com o Banco de Portugal estava instalada a Livraria Figueirinhas P3.

fig.114 - Pormenor da Foto Beleza 1938.

[No estabelecimento vizinho (que não se vê na fotografia) estava já instalada a Confeitaria Ateneia projectada por Júlio de Brito e inaugurada em 21 de Dezembro de 1937 e a Confeitaria Arcádia projectada por José Ferreira Peneda e inaugurada em 20 de Dezembro de 1933, sendo alterada em 1938.]


fig.115 - Anúncio aos bombons da Arcádia.


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MESQUITA, Mário João, A Cidade dos Transportes. Multitema Lisboa 2008
MONTEREY, Guido de – Porto, Vol. 1 e 2, edição do autor. Selecor – Artes Gráficas, Porto 2008.
TAVARES, Domingos - António Correia da Silva, Arquitecto municipal, Dafne Editora Porto 2016.

TÁVORA, Fernando e VIEIRA Joaquim – A Cidade do Porto na obra do fotógrafo ALVAO 1872-1946. Edição da Fotografia Alvão. Porto 1984.


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Na II Parte - Os automóveis estacionados na Praça da Liberdade