sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Apontamentos sobre a Lisboa e Sevilha nos séculos XVI e XVII (10) 5ª parte

 

Apontamento 10 - Descrição de Sevilha a partir da imagem de Braun e Hogenberg 1588

 

Cap. 23

(25) Puerta de Triana. A Porta de Triana

 

fig. 72 – A Porta de Triana. Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).


A Porta de Triana, que dava acesso à ponte do mesmo nome, era apenas um discreto e pequeno acesso à cidade intramuros, mas foi totalmente reformulada em estilo renascença na segunda metade do século XVI, tornando-se também uma porta de cerimónia.

 

fig. 73 – Porta de Triana. Pormenor da pintura de Sanchez Coello.

 

Afirma Diego de Zuñiga:

La puerta de Triana, obra del ano de mil quinientos y ochenta y ocho, es entre todas la mas autoriçada, y sumptuosa, com magestuosa altura, y ornato a una y outra vista, de orden Dorico, com robustíssimas colunnas, coronanla sobre el ostentoso cornijamento, balcones voleados com igual ornato y frontispício, rematedo de estatuas; a la parte interior se vè entre escudos de las armas de el Assistente el de las de la Ciudad, a la exterior en lugar de ellas en blanco losa esta Inscripcion: [1]

A inscrição em latim é traduzida pelo autor da seguinte forma

“Siendo poderosíssimo, y gloriosísimo Rey de las Españas, y de muchas Provincias por las partes del Orbe Filipo Segundo, el amplísimo Regimiento de Sevilla, juzgó deber ser adornada esta nueva puerta de Triana, puesta en nuevo sitio, favorecendo la obra y asistiendo á su perfeccion Don Iuan Hurtado de

Mendoza y Guzman, Conde de Orgaz, Superior vigilantíssimo de la misma floreciente Ciudad, en el año de la salud Christiana 1588.” [2]

 

fig. 74 – Porta de Triana. Pormenor da pintura de Sanchez Coello.

 


[1] Diego de Ortiz de Zuniga, Annales eclesiasticos, y seculares de la muy noble, y muy leal civdad de Seuilla, metropoli de la Andaluzia. Que contiene sus mas principales memorias desde el año de 1246. En Madrid: en la Imprenta Real, por Iuan García Infançon. Acosta de Florian Anisson, Mercader de Libros. Madrid 1677. (Libro XVI pág. 653).

[2] Diego de Ortiz de Zuniga, Annales eclesiasticos, y seculares de la muy noble, y muy leal civdad de Seuilla, metropoli de la Andaluzia. Que contiene sus mas principales memorias desde el año de 1246. En Madrid en la Imprenta Real, por Iuan García Infançon. Acosta de Florian Anisson, Mercader de Libros. Madrid 1677. (Libro XVI pág. 653).


Cap. 24

 (39) Puente de Triana. A Ponte de Triana

No primeiro plano, em frente do Arenal, a Ponte de Triana (39) uma ponte de 13 barcas sobre as quais um passadiço de madeira, ligando as duas margens do Guadalquivir, construída em 1171 por ordem de Isbiliya Jucef Abu Jacub.

  

fig. 75 – Ponte de Triana. Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).

 

Andrea Navagero refere: “A quella parte del fiume se vi passa sopra un ponte fatto sopra barche, & passato il ponte si trova una parte de Sevilla che è bem habitata, & há molte case, ma non há il medesimo nome, anzi come luoco diverso si chiama Triana.” [1]

[ Naquela parte do rio passa-se sobre uma ponte pousada em barcas e passada a ponte encontramos uma parte de Sevilha bastante habitada e com muitas casas, mas que não tem o mesmo nome, e como lugar diferente chama-se Triana.]

 

fig. 76 -  A Ponte de Triana. Pormenor da Vista de Sevilha de Ambrosio Brambilla.


E Alonso Morgado escreve:

“Nõ deve de aver (segundo en esto soy unformado) alguna Puente, ni passo en general, màs frequentado, ni de tanto concurso de gente, Cavalgaduras, Ganados, Coches y Carretones como esta Puente de Triana, ni por donde entrê en ninguna outra ciudad, como en Sevilla, tantas recuas de Azeyte, y de Vino de solo su Axaraphe, ni que en tan poco trecho, como hasta el passaje de los Barcos, incluya tantas otras riquezas, y rentas, q por abreviar no digo.” [2]

 

Na pintura de Sanchez Coello, a ponte parece ilustrar a descrição de Alonso Morgado.

 

fig. 77 – A ponte de Triana. Pormenor da pintura de Sanchez Coello.

 


[1] Andrea Navagero (1483-1529), Il Viaggio fatto in Spagna, et in Francia, dal Magnifico M. Andrea Navagiero, fu oratore dell’Ilustrissimo Senato Veneto, alla Cesarea Maesta di Carlo V. Com la descrittione particolare delli luochi, & costumi delli popoli di quele Provincie. In Vinegia apresso Domenico Farri. 1563.(pág. 14a)

[2] Alonso Morgado Historia de Sevilla en la qual se contienen sus antiguidades, grandezas, y cosas memorables en ella acontecidas, desde su fundacion hasta nuestros tempos. Compuesta y ordenada por Afonso Morgado, indigno Sacerdote, natural de la villa de Alcantara, en Estremadura. En la Imprensa de Andrea Fescioni y Iuan de Leon Sevilla 1587.(Libro segundo, pág. 57v e 58).

 

Sevilha extramuros

 

Cap. 25

O Arrabalde de Triana

 

“Sevilla y Triana

y el río en medio:

así es tan de mis gustos

tu ingrato dueño.”  [1]

 

A ponte de Triana dava acesso ao arrabalde do mesmo nome, que se considerava mais como bairro com uma identidade própria do que uma extensão de Sevilha.

Diz Rodrigo Caro: “de la otra vãda del rio está el arrabal llamadoTriana, y se junta con una puente de madera sobre barcos a la ciudad.” [2]

 

fig. 78 - Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).

 A estrutura urbana do arrabalde assentava nas ruas perpendiculares ao rio (Calle de Castilla, de Santa Catalina e de Cadenas), que entroncavam no eixo longitudinal, a Calle de Santa Ana.

O pintor flamengo Anton Van den Wyngaerde (c.1525-1571), nos anos 60 do século XVI desenhou, por encomenda de Felipe II, uma série de panorâmicas de cidades espanholas. Num desses desenhos vemos Triana vista do Arenal.

 

fig. 79 – Anton Van den Wyngaerde (c.1525-1571), Triana vista do Arenal.1567 desenho 10,8 x 90 cm. Biblioteca Nacional Viena. Austria.

 

fig. 80 – O cais de Triana. Pormenor da pintura de Sanchez Coello.

 

E Miguel de Cervantes canta as delícias de Triana:

“O uvas albarazadas,

Qu en el pago de Triana

Por la noche sois cortadas,

Y os hallais à la mañana

Tan fresca, y aljofaradas,

Que no hay cosa mas hermosa,

Ni fruta, que à la golosa

Voluntad ansi despierte!” [3]

 

Triana era também conhecida pelas fábricas de sabão (Almonas), pelas olarias, e ainda pelo fabrico de pólvora.

 O sabão

Essas Almonas de Triana fabricavam o sabão branco, como assinala Alonso Morgado:

“Yo me acuerdo, que de sola la Xaboneria, que es en la Collacion de San Salvador, se sacaron compradas en solo un dia quatrocientas y quarenta y cinco arrobas de Xabon de lo prieto, llamado assi a diferencia de lo Blanco, que se haze en panes en la outra Almona deTriana. (…) Desto Blanco provee tambien Sevilla a muchas partes de España, de las lndias y de Flandes, y de Inglaterra.” [4]

 

A louça

Como já foi afirmado, era conhecido o fabrico e venda de louça, como assinala Agustin Rojas:

“Ra. Por lo dixistes de Triana: aueys notado, la loza q a yen ella?

Ri. A propósito fray jarro.

So. Por esso q dezis de albarda, mi padre tiene una ratonera de golpe.

Ro. Oydo he dezir q ay mas de sessenta tendas, dõde se haze y vende, andi vedriado como amarillo y blanco, y aun muy buenos azulejos de diferêtes colores.” [5]

A pólvora

E como refere Alonso Morgado em triana também se situavam as fábricas de pólvora.

“Y en su Triana ay MoIinos de Pólvora; donde se haze tanta della, que de mas de sus Armadas puede Sevilla bastecer a muchas otras Artillerias.” [6]

E Morgado refere ainda a explosão que destruiu um conjunto de edifícios na Segunda feira 18 de Maio de 1579, como aparece desenhada na vista de Sevilha de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590), Hispalis, Sevilla Taraphae, celebre et pervetustum in Hispania 1572, publicada no Volume I do Civitates Orbis Terrarum. (ver o Apontamento 8).

 

S. Ynquisitione (Inquisição), inscrito na imagem.

 O Castelo de São Jorge (A)

No arrabalde de Triana, onde as edificações chegavam quase ao rio, à entrada da ponte situava-se o Castelo de S. Jorge ocupado até 1280 pela Ordem Militar de S. Jorge e depois abandonado até 1481, quando foi entregue à Inquisição (La S. Ynquisition) Bíven enel castillo deTriana los juezes Y officiales deste sancto officio”[7] que aí se manteve até 1626 e de seguida entre 1639 e 1785. 

fig. 81 – Castelo de São Jorge. Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).

 

fig. 82 – O Castelo de S. Jorge (19). Pormenor de Ambrosio Brambilla, vista de Sevilla,1585. Biblioteca Nacional de España.


A Igreja de Santa Ana (B)

Ao centro a Igreja de Santa Ana (B) “rica y de grande vecindad”, ao fundo da rua central por onde um homem com um cesto duplo ao ombro caminha em direção ao Guadalquivir.

 

fig. 83 – Igreja de Sant Ana. Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).


A Igreja de Santa Ana foi edificada na segunda metade do século XIII, correspondendo a uma promessa de Alfonso X perante uma doença nos olhos. Com o terramoto de 1356 teve de ser reedificada e nos séculos XV e XVI foi aumentada a capela-mor e construídas outras capelas nas naves laterais.

Assim o afirma Rodrigo Caro:

“Es tan grande este populoso arrabal, que en otra parte hiziera de per si una ilustre ciudad con su Parrochia de Santa Ana, fundación del Rey dõ AIonso el Sabio.” [8]

 

E Mal Lara elenca as igrejas de Triana:

“En Tríana ay una yglesia de sancta Ana, rica y de grande vezindad, el monasterio de la Victoria, las Monjas de Cosolaciõ, la yglesia de sant Iorge dentro del Castillo…” [9]


O Mosteiro de Nossa Senhora da Vitória (C)

Na extremidade à direita o mosteiro de Nossa Senhora da Vitória (C), que assinala Augustin Rojas na sua El Viagem entretenido:

“Solano. Estuvistes en el monasterio de la Vitoria?

Rojas. Es un têplo muy bueno.

Rios. No es temeridad los q tiene Sevilla, ansi de frayles, como monjas.” [10]

 

fig. 84 – Nossa Senhora da Vitória. Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).



[1] Lope de Veja Carpio (1562-1635), El amante agradecido in Decimaseptima parte de Las Comedias de Lope de Veja Carpio.En Madrid por la viuda de Alonso Martin de Balboa, a costa de Miguel de Siles, 1618 (Acto III, pág.125). BNE.

[2] Rodrigo Caro, Antiguidades y Principiado de la Ilustrissima Ciudad de Sevilla. Y Chorographia de su Convento Iuridico, o antigua Chancilleria. En Sevilla, por Andres grande. Impressor de Libros. Sevilla Año 1634. (pág. 47v).

[3] Miguel de Cervantes, El rufián dichoso in Ocho Comedias Y Ocho Entremeses nunca representados compuestas por Miguel de Cervantes Saavedra. Viuda de Alonso Martin, Madrid 1615. (pág.177).

[4] Alonso Morgado, Historia de Sevilla en la qual se contienen sus antiguidades, grandezas, y cosas memorables en ella acontecidas, desde su fundacion hasta nuestros tempos. Compuesta y ordenada por Afonso Morgado, indigno Sacerdote, natural de la villa de Alcantara, en Estremadura. En la Imprensa de Andrea Fescioni y Iuan de Leon Sevilla 1587. (libro segundo pág. 157).

[5] Agustin Rojas (1572-c,1635), El viagem entretenido de Agustin de Rojas, natural de Madrid. En la Empreta Real Madrid M. DC. III. BNE. (pág. 57).

[6] Alonso Morgado, Historia de Sevilla en la qual se contienen sus antiguidades, grandezas, y cosas memorables en ella acontecidas, desde su fundacion hasta nuestros tempos. Compuesta y ordenada por Afonso Morgado, indigno Sacerdote, natural de la villa de Alcantara, en Estremadura. En la Imprensa de Andrea Fescioni y Iuan de Leon Sevilla 1587. (pág.177)

[7] Juan de Mal Lara (1524-1571), Recibimiento que hizo la muy noble y muy leal ciudad de Sevilla a la C. R. M. del Rey don Felipe N. S. Con una breve descripción de la ciudad y su tierra. En casa de Alonso Escrivano, Sevilla, 1570. (pág. 33).

[8] Rodrigo Caro, Antiguidades y Principiado de la Ilustrissima Ciudad de Sevilla. Y Chorographia de su Convento Iuridico, o antigua Chancilleria. En Sevilla, por Andres grande. Impressor de Libros. Sevilla Año 1634. (pág. 47v).

[9] Juan de Mal Lara (1524-1571), Recibimiento que hizo la muy noble y muy leal ciudad de Sevilla a la C. R. M. del Rey don Felipe N. S. Con una breve descripción de la ciudad y su tierra. En casa de Alonso Escrivano, Sevilla, 1570. (pág. 145)

[10]  Agustin de Rojas, El viagem entretenido de Agustin de Rojas, natural de Madrid. En la Empreta Real Madrid M. DC. III. BNE. (pág. 57).


 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Apontamentos sobre a Lisboa e Sevilha nos séculos XVI e XVII (10) 4ª parte

 

Apontamento 10 - Descrição de Sevilha a partir da imagem de Braun e Hogenberg 1588


Cap. 17

(18) Plaza del Duq. de Arcos

 

fig. 57 – Com o n.º 18 a Praça do Duque de Arcos. Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).

 

O nome da praça refere Don Rodrigo Ponce de Léon (c.1490-1530) 1º Duque de Arcos que foi Alguacil mayor de Sevilha.

Era neto de Rodrigo Ponce de León (1443-1492), marquês de Cadiz e então Conde de Arcos, que participou na conquista de Granada e jaz no convento de Santo Agostinho em Sevilha.


Cap. 18

(26) Puerta de Goles. A Porta de Goles

A ocidente, onde o Guadalquivir faz uma larga curva, situava-se na muralha, a Porta de Goles.

Entre 1560 e 1566 foi reformulada por Hernan Ruiz.

 

fig. 58 – Porta de Goles. Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).

 

A Porta de Goles (puerta de Goles), foi depois baptizada de Porta Real (26), quando Felipe II entrou em Sevilha por esta porta.

E nos Annales escreve Zuñiga citando Mal Lara:

Así fué discurriendo la triunfal entrada por entre el rio y la Torre del Oro (por los mismos pasos que llevó San Fernando quando la primera vez entró victorioso) hasta la puerta de Goles, ya Real, junto a la que estaba el primer arco, y en re presentacion de diversas hermosas estatuas todos los lugares de la tierra y jurisdiccion, cuyos letreros se hallarán en los libros de Malara, y de Don Pablo de Espinosa…” [1] 

E prossegue Diego de Zuñiga:

“El Senado y Pueblo de Sevilla dedicó la puerta Real á Don Felipe II, Rey de las Españas, defensor de la Fe, por su bienaventurada venida á esta ciudad en el año de nuestro Salvador de 1570. [2]

 Segundo Mal Lara “Era antiguamête llamada la puerta de Hércules, o de Hercoles, y después corrõpiéndose el vocablo se llamó de Goles, porq de unos a otros ha venido esta memoria de Hércules a Sevilla.” [3]

E Juan de Mal Lara narra a monumentalização da porta:  “hasta que vino don Francisco Chacón*, Asistête, que fue desta ciudad, y mando con orden de Sevilla, que se edificasse y se alçasse de el suelo, y así se alzó de piedra labrada, con su frontispicios y remates de unos grandes globos y puntas, poniendo de la parte del río las armas de Su Majestad, y de la parte de la ciudad, las que enella tiene en su sello, el sancto Rey dõ Fernando y los santos Arçobispos della, sant Isidro y sant Leandro.” [4]

 [*Don Francisco Chacon (15??-1580), quarto Senor de Casarrubios, Cavallero de Santiago, Corregidor de Granada, y Assistente de Sevilla em 1560.]

 

  fig. 59 – Porta de Goles. Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).

 

Alonso Morgado também descreve a evolução do nome.

 “La Puerta de Goles se dize, segun tradicion de Hercules corrompido el nombre. La qual se llama Puerta Real, despues que la Catholica Real Magestad del Rey Don Philipe nuestro señor entro por ella en Sevilla, primero que por outra ninguna el ano de mil y quinientos y setenta.” [5]

E Peraza também associa o nome de Goles a Hércoles contribuindo para o mito da fundação de sevilha pelo herói grego.

“(…) la Puerta de Goles, cuio nombre aunque dicen Goles, creo que ha sido por vicio del tiempo mudarse la C en G por que yo sin duda creo que se há de decir de Coles, que es nombre propio de Hércoles, que el Her que anteponemos en este nombre, sobrenombre es, según en las Questiones Annias dice el sapientísimo Maestro Fray Juan Annio Viterviense y sobre el Beroso también. De aquí resulta ser antiquísima la antigüedad de Sevilla, como adelante quando hablaremos de la venida de Hércoles en España más largamente se dirá.” [6]

  

Segundo Mal Lara, no seu Recibimiento, na entrada de Sevilha junto ao primeiro arco triunfal, erguido para a visita de Felipe II, avia un Colosso, que es figura de las que se hazian mayores, que la estatura humana.”

O Colosso era uma representação do herói grego Hércules (o mítico fundador da cidade), uma alegoria de Felipe II, o monarca, na afirmação do poder imperial.

Um dístico em latim no qual Hércules se dirige ao Monarca:

“Hunc urbem statui, posuit tibi moenia Iulus Carolus ornauit, tu meliora dabis.”

E que Mal Lara traduz por “Yo fundé esta ciudad. Iulio Cesar puso los muros a tu servicio. Carlos la adornó, y tú le darás cosas mejores.”


Mal Lara apresenta um desenho e descreve a estátua de Hércules remetendo para os mitológicos trabalhos do herói grego.

 

fig. 60 - Hercules in Recibimiento que hizo la muy noble y muy leal ciudad de Sevilla…1570. (pág. 56).


Hércules “vestido del despojo del Leon”, (o Leão de Nemeia cuja pele era invulnerável) segura três maçãs (as maçãs de ouro do jardim das Hespérides), que Juan de Mal Lara especifica a simbologia: “…las três mãçanas significava las tres virtudes principales, q el Rey, o Heroe há d tener; la una, Excandescentia Moderatio. La segunda Avariciae Tempera. La tercera Generosus Voluptatum Contemptus. Moderciõ, del enojo yardiente sanã. Templãça de la avarícia. Menospreciar hidalgamente los deleytes.” [7]

E Hercules pisa com os pés, o vencido Dragão, (a Hidra de Lerna), o que significa “tener postrada la deleytosa blandura y amoroso regalo dela Lascivia, y apetitos venéreos.”

Na mão esquerda o bastão de madeira de oliveira selvagem e, para Mal Lara, “la clava es la razon y disciplina com que se rompen y desmallan las coraças del apetito, y hazian la de alcorno que por ser matéria, que no se corrompe, y assi los antíguos com este arbol senalaban Firmeza y fuerças.” [8]

 

Seguia-se um conjunto de estátuas com poemas, “Todas eran de un tamaño sobre sus pedestales, com ygual dístancía unas de otras, que pareseían aver llegado entonces al recebimienro, y puestas por orden, ofrescen a su Magestad graciosamente, lo q Dios fue servido de darles en sus tierras…” representando os “Lugares de Sevilla” [9] que Mal de Lara desenha e acompanha com uns versos em Latim e traduzidos para castelhano.

E Mal Lara refere que, no segundo arco, estava uma alegoria à deusa Victória (Niké) que Mal Lara descreve:

“(…) armada la cabeça de una Celada y hermosas plumas, com unas armas antiguas, q eran una Coraça moldeada, que reIuzia con oro. Los braços mostrauã unas mangas de malla. La ropa bolante, que salia debaxo de las armas, era encarnada retocada en violado y un Tafetan amarillo desde el ombro a la cintura, con la mano yzquierda, presentava una corona Tríumphal de Laurel verde y com sus frutos y en medio unas letras, DE TV RCIS.” [10]

Para além das vitórias de Felipe II em Lepanto e na Flandres, a alegoria à Victoria, era, também, uma evocação do rei santo, Fernando III (1201-1252), que tinha conquistado a cidade aos mouros.

E lembre-se - ainda - que Victoria era o nome da nau de Fernão de Magalhães (1480-1521), a Nao Victoria (que dio una buelta al mundo)" [11] sob o comando inicial do navegador português na sua viagem para as Molucas e de circum-navegação que Camões evoca como O Magalhães, no feito, com verdade, / Português, porém não na lealdade.” [12] 

fig. 61 - Abraham Ortelius, A nau Victotia pormenor de Maris Pacifici de Theatrum Orbis Terrarum 1589.

Na imagem de Abraham Ortelius (1527-1598), a Nau Victoria sobre a qual esvoaça uma Vitória alada, com uma legenda “Prima ego velivovis ambivi cursibus Orbem, Magellane novo te duce ducta freto. Ambivi, meritoque vocor VICTORIA: sunt mî Vela, alæ; precium, gloria: pugna mare”

[Fui a primeira a navegar à vela em volta do mundo e fui eu que te levei Magalhães, a ser o primeiro a atravessar o estreito. Naveguei em volta do mundo e por isso me chamo Victoria, as minhas Velas são asas, o meu prémio é a glória, a minha luta o mar.]

Magalhães havia partido em 1519 de Sevilha (mais propriamente de Sanlucar de Barrameda na foz do Guadalquivir) e a nau Victoria após passar

“…………… o Estreito que se arreia

Co nome dele agora, o qual caminha

Pera outro mar e terra que fica onde

Com suas frias asas o Austro a esconde.”  [13]

foi o único navio que, após a morte de Magalhães, regressou a San Lucar em 1522, comandado por Sebastian del Cano (1486-1526), completando a viagem de circum-navegação.

A Porta de Goles na pintura de Sanchez Coello.

  fig. 62 A Porta de Goles. Pormenor da pintura de Sanchez Coello.


[1] Diego de Ortiz de Zuñiga, Annales eclesiasticos, y seculares de la muy noble, y muy leal civdad de Seuilla, metropoli de la Andaluzia. Que contiene sus mas principales memorias desde el año de 1246. En Madrid: en la Imprenta Real, por Iuan García Infançon. Acosta de Florian Anisson, Mercader de Libros. Madrid 1677. (pág.52).

[2] Diego de Ortiz de Zuñiga, Annales eclesiasticos, y seculares de la muy noble, y muy leal civdad de Seuilla, metropoli de la Andaluzia. Que contiene sus mas principales memorias desde el año de 1246. En Madrid: en la Imprenta Real, por Iuan García Infançon. Acosta de Florian Anisson, Mercader de Libros. Madrid 1677. (pág. 53).

[3] Juan de Mal Lara (1524-1571), Recibimiento que hizo la muy noble y muy leal ciudad de Sevilla a la C. R. M. del Rey don Felipe N. S. Con una breve descripción de la ciudad y su tierra. En casa de Alonso Escrivano, Sevilla, 1570. (pág. 49).

[4] Juan de Mal Lara (1524-1571), Recibimiento que hizo la muy noble y muy leal ciudad de Sevilla a la C. R. M. del Rey don Felipe N. S. Con una breve descripción de la ciudad y su tierra. En casa de Alonso Escrivano, Sevilla, 1570. (pág. 51).

[5] Alonso Morgado, Historia de Sevilla en la qual se contienen sus antiguidades, grandezas, y cosas memorables en ella acontecidas, desde su fundacion hasta nuestros tempos. Compuesta y ordenada por Afonso Morgado, indigno Sacerdote, natural de la villa de Alcantara, en Estremadura. En la Imprensa de Andrea Fescioni y Iuan de Leon Sevilla 1587. (pág.134).

[6] Luis Peraza La Historia de Sevilla (manuscrito) in Francisco Morales Padrón (1924-2010), Boletin de la Real Academia Sevillana de Buenas Letras: Minervae Baeticae, nº 6, 1978 (pág. 76 a 174). (pág. 160 e 161).

[7] Juan de Mal Lara, Recibimiento que hizo la muy noble y muy leal ciudad de Sevilla a la C. R. M. del Rey don Felipe N. S. Con una breve descripción de la ciudad y su tierra, impreso en Sevilla, en casa de Alonso Escrivano, en la calle de la Sierpe. Acabóse a veinte y nueve días del mes de Agosto. Sevilla Año de mil y quinientos y setenta. Sevilla 1570. (pág. 53v).

[8] Idem (pág.55).

[9] Ibidem (pág. 72).

[10] Juan de Mal Lara, Recibimiento que hizo la muy noble y muy leal ciudad de Sevilla a la C. R. M. del Rey don Felipe N. S. Con una breve descripción de la ciudad y su tierra, impreso en Sevilla, en casa de Alonso Escrivano, en la calle de la Sierpe. Acabóse a veinte y nueve días del mes de Agosto. Sevilla Año de mil y quinientos y setenta. Sevilla 1570. (pág. 154 e 154v).

[11] Juan de Mal Lara, Recibimiento que hizo la muy noble y muy leal ciudad de Sevilla a la C. R. M. del Rey don Felipe N. S. Con una breve descripción de la ciudad y su tierra, impreso en Sevilla, en casa de Alonso Escrivano, en la calle de la Sierpe. Acabóse a veinte y nueve días del mes de Agosto. Sevilla Año de mil y quinientos y setenta. Sevilla 1570. (pág. 8).

[12] Luís Vaz de Camões (c.1524-1580), Os Lusíadas in Obras de Luís de Camões. Lello & Irmão – Editores, Porto 1970. (Canto X, est. CXL pág. 1397).

[13] Luís Vaz de Camões (c.1524-1580), Os Lusíadas in Obras de Luís de Camões. Lello & Irmão – Editores, Porto 1970. (Canto X, est. CXLI pág. 1397).


Cap. 19

(4) Casas de Colon. A Casa de Colombo

Junto à Porta de Goles situava-se a casa e a propriedade de Hernando Colón (1488-1539), bibliógrafo e cosmógrafo, filho de Cristóvão Colombo (Cristobal Colòn).

Escreveu a biografia do seu pai editada em Veneza em 1571 em italiano com o título “Historie de S. D. Fernando Colombo, ne/le qua/i s'ha particolare et vera relatione dell'Ammiraglio D. Christoforo Colombo, suo padre” e posteriormente traduzida para espanhol e publicada em 1749 em Madrid. [1] 

fig. 63 – Casa de Fernando Colombo. Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590). 

fig. 64 - La Casa de Colon (4). Pormenor de Ambrosio Brambilla, Vista de Sevilla 1585.


[1] Alfonso Ulloa (1529–1570), La Historia de D. Fernando Colón en la qual se da particular y verdadeira relacion de la vida, y hechos de el Almirante D. Christoval Colòn su padre, y el Descubrimiento de las Indias Occidentales, llamadas Nuevo Mundo, que pertenece al Serenissimo Rei de España.” Que tradujo de Español en Italiano Alonso de Ulloa. Madrid 1749.


Cap. 20

(8) Calle delas Armas e  (16) Plaza del Duq. de Medina

A Porta de Goles dava acesso à cidade pela Calle de las Armas (8) até à praça do Duque de Medina (16). 

fig. 65 – A Calle de las Armas. Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).

 

(8) Calle delas Armas

Como se vê na imagem, a Calle de las Armas (8), está representada como uma rua larga e quase rectilínea, a qual pelo número e qualidade das referências na literatura da época, mostra a sua importância na Sevilha de então.

 Diz Juan de Mal Lara:

 “Es esta puerta [Goles] al Poniente, tiene una calle de las mas anchas de Sevilla, que corre hasta ella, y llamase de las armas, dizen, que entro por ella el Sancto Rey Fernando, y assí estavan dos versos antiguamente puestos encima della, con su Rey a cavallo y la espada alta…” [1]

 

E Diego Zuñiga acrescenta:

“Este fue el principio del Religioso Convento de nuestra Señora de la Asuncion, de Monjas Mercenarias en la calle de las Armas…” [2]

O Convento de N. S. da Assunção, a que se refere Zuñiga foi fundado em 1547 e estava ao cimo da Calle de las Armas em frente do Convento de la Merced Calzada, fundado no século XIII (hoje Museu das Belas Artes).

Lope de Vega na comedia La niña de plata (1610/12), refere a Calle de las Armas, quando a sua personagem, o Maestro de Santiago, mostrando Sevilha ao infante D. Enrique, este lhe pergunta que rua é esta

“Maest.Que os parece la Ciudad!

Enriq. Una octava maravilla;

pero con decir Sevilla,

fe dice todo. Maest. Es verdad.

Enriq. Como esta calle se llama?

Maest. De las Armas.

Enriq. Con razon;

mas pienso, que de amor son

con tanta bizarra Dama,

y son las mas peligrosas;

si esta calle es de sus armas,

que mas que à cien hombres de armas,

temo unas manos hermosas:”  [3]

 Por sua vez, Luis Vélez de Guevara (1579-1644) en El diablo cojuelo, publicado em 1641, já no tempo de Felipe IV, a personagem do Diabo leva o estudante Cleofás, pelas ruas de Sevilha “en la mayor parte hijas del Laverinto de Creta” até ao “barrio del Duque, que es una plaza más ancha que las demás, ilustrada de las ostentosas casas de los Duques de Sidonia, pela "calle de las Armas que se sigue luego a siniestra mano" [4]

E o escritor e músico Vicente (Gomez Martinez) Espinel (1550-1624) no seu livro Vida del escudero Marcos de Obregón, publicado em Madrid em 1618, faz uma breve referência á calle de las Armas

“Entrè en su casa, que era en una ccalle angosta que iba á dar á la calle de las Armas, y luego me favoreció haciendo ventana: y advirtióme que no diese muchos bordos, que ella me avisaría de lo que habia de hacer.” [5]  



[1] Juan de Mal Lara (1524-1571), Recibimiento que hizo la muy noble y muy leal ciudad de Sevilla a la C. R. M. del Rey don Felipe N. S. Con una breve descripción de la ciudad y su tierra. En casa de Alonso Escrivano, Sevilla, 1570. (pág. 50).

[2] Diego de Ortiz de Zuñiga, Annales eclesiasticos, y seculares de la muy noble, y muy leal civdad de Seuilla, metropoli de la Andaluzia. Que contiene sus mas principales memorias desde el año de 1246. En Madrid: en la Imprenta Real, por Iuan García Infançon. Acosta de Florian Anisson, Mercader de Libros. Madrid 1677. Tomo IV (pág. 34)

[3] Lope de Vega Carpio (1562-1635), La niña de plata, Hallaràse esta Comedia, y otras de diferentes. Títulos, en Madrid en la lmprenta de Antonio Sanz en la Plazuela de la calle de la Paz. Año de 1739. (Jornada primera pág. 1). BNE.

[4] Luis Vélez de Guevara (1579-1644), El diablo cojuelo. Imprenta Real, a costa de Alonso Pérez, Madrid 1641.

[5] Vicente Espinel (1550-1624), Vida del Escudero Marcos de Obregon por el maestro Vicente Espinel ed. ilustrada por José Luis Pellicer. Biblioteca “Arte y letras” Barcelona 1881. (Relacion Segunda Descanso III, pág. 214). [José Luis Pellicer 1842-1901].

  

(16) Plaza del Duq. de Medina

Situada ao cimo da Calle delas Armas estava a Plaza del Duque de Medina.

fig. 66 – Praça Duque de Medina (16). Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).


Mal Lara descreve que Felipe II por aí passou:

“Paso su Magestad adelante por la plaça del Duque de Medina*, y dio buelta a la calle de la Sierpe, que es una de las largas y mas acompañadas de offícíos, y al cabo esta la Cárcel nuevamente labrada por Seuilla siendo Assistente el Cõde de Monte agudo Don Francisco Hurtado de Mendoça**…”  [1]

 Mal Lara refere o fundador da Casa de Medina e Sidónia, Alonso Perez de Guzman (1256-1309), alcaide de Tarifa.

No século XVI o Duque de Medina era Juan Alonso Pérez de Guzmán (1502-1558), 6º Duque de Medina e Sidonia, 8º Conde de Niebla e 3º Marquês de Caraza.

E em 1570 o Duque de Medina era Alonso Pérez de Guzman (1549-1615), 8º Duque de Medina Sidonia, que desempenhou um importante papel na ascensão ao trono de Portugal por Felipe II.

Mal Lara refere ainda Francisco Hurtado de Mendoza y Fajardo (1532-1591), Marquês de Almazán e conde de Monteagudo, que foi Assistente de Sevilha ente 1567 e 1570.



[1] Juan de Mal Lara (1524-1571), Recibimiento que hizo la muy noble y muy leal ciudad de Sevilla a la C. R. M. del Rey don Felipe N. S. Con una breve descripción de la ciudad y su tierra. En casa de Alonso Escrivano, Sevilla, 1570. (pág. 167).


Cap. 22

(22) La Alameda. A Alameda de Hércules

Ay, Alame­da mía! ¡Quién estuviera agora junto a una fuente tuya!". 

Agustin Rojas   [1]

fig. 67 – A Alameda de Hércules. Pormenor de Sevilha 1588 no Civitates Orbis Terrarum de Georg Braun (1542-1622) e Franz Hogenberg (1535-1590).


[1] Agustin Rojas Villandrando (1572-c.1618) El viage entretenido En la Emprensa Real Madrid M. DC. III. (pág. 30)

A Alameda foi construída por Francisco de Zapata y Cisneros (1520-1594), Conde de Barajas, e Assistente da Cidade de 1573 a 1579, aproveitando os terrenos da Laguna, um pântano existente.

Foi aí criada uma alameda arborizada, com três fontes (Baco, Neptuno e as Ninfas) e, à entrada, duas colunas romanas.

Nos Annales diz Diego de Zuñiga:

Es asimismo de este año, [1574] la hermosa y cómoda disposicion de la Alameda: nombraban aquel sitio la Laguna, porque siendo la parte mas baxa de la Ciudad, llamava assí el concurso de sus aguas, que lo mas del año duravan en ella, y aunque por aquella parte avia conductos vulgarmente usillos para su desague, no en todo alcançavan; y los mesmos siendo preciso cerrarse, quando el Rio en sus avenidas crece, y queda superior á lo mas de la Ciudad, causavan deteniendo la corriente de las internas inundacion inexcusable; resultava de esto enfermedades en la vezindad, exalando el agua encharcada con el calor del Sol, vapores nocivos, y enfermos en el Verano, á que se deseava remedio, y se halló traza para darlo, añadiendo con el hermosura á lo público…” [1]

E Alonso Morgado descreve La Alameda.

“En largo tiene toda esta Alameda quinientas y sessenta varas de medir, poco mas, o menos, y ciento y quarenta y tantas en ancho, toda elle rodeada de casas, entre las Collaciones de San Gil, de Omnium sanctorum, de San Martin, de San Miguel, y de san Lorenço.” [2]

As colunas da Alameda

Alonso Morgado também refere as colunas:

“Y para ilustrar Sevilla esta obra de su mano, hizo traer aqui com otras Herculeas fuerças dos Colunas de aquellas seys, que se dixo, Libio Hercules Fundador de Sevilla aver dexado en esta ciudad en su memoria, de piedra pardilla, rezissima como Marmol” [3]

Sobre estas colunas foram colocadas duas esculturas de Diego de Pesquera (1530-1587), uma de Hércules, o mítico fundador de Sevilha, que se diz representar Carlos V, e outra de Júlio César, o fundador de Hispalis e que, do mesmo modo, se diz representar Felipe II de Espanha.

Assim o afirma Agustin Rojas:

 "¿No es cosa memorable aquellas columnas que tiene? En una puesta la figura de Hércules, primero fundador de esta gran Babilonia, y en la otra la de Julio César, que la ilustró con los muros y cercas que la adornan y quince puertas en ellas que la engrandecen y guardan" [4]

                                                                                                                  fig. 68Diego de Pesquera (1530-1587), estátuas de Hercules e Júlio César na Alameda de Sevilha. 


Três imagens da Alameda

Rapidamente a Alameda se tornou, com o Arenal, um local de passeio, (a pé, a cavalo ou carruagem), preferido dos sevilhanos como afirma Lope de Vega, na comédia El amante agradecido:

"y con la carroza sai

con pajes que cruxan seda, 

una tarde a la Alameda

y otra tarde al Arenal". [5]

 

fig. 69 - Autor desconhecido, Alameda de Hercules. 1647, óleo s/tela e madeira 106 x 162,5 cm. The Hispanic Society of America, N. Y.

 

E Lope de Vega, na comédia La Octava Maravilla,

“Tu famosa alameda,

de las colunas de Hercules honrada,

mas no es razon, que exceda,

pudiéndote alabar de patria amada,

de aquella en quien adoro,

Alcazar, rio, templo, naves, y oro.

No alabo, España bella,

tu patria hermosa, tu ínclita Sevilla,

sino esta clara estrella,

mas unica, que tu octava maravilla,

por cuya causa vivo,

el alma esclamava, el coraçon cautivo. “  [6] 

 

fig. 70 - Autor desconhecido, Vista de la Alameda de Hércules, 1650. Colección Juan Abelló.

No primeiro plano onde se exercitam na luta e na espada dois pares de jovens, junto à fonte e as colunas. Na alameda arborizada circulam coches e cavaleiros e grupos de damas e cavalheiros que se passeiam.

Toda a composição é fantasiosa pelas proporções e pelo desenho dos diversos elementos.

No século XVII, Cristóbal de Monroy y Silva (1612-1649), no início da sua comédia intitulada La Alameda de Sevilla y recato en el amor, apresenta um diálogo entre as personagens Don Fernando que conduz e descreve a Alameda a Don Juan, e Gracioso Barahunda:

“(…)la Alameda, verde esquadra

de mil alamos frondosos,

que con ayrosa batalla

pone entredicho al Agosto,

defendiendo ardientes llamas

del mas lúziente Planeta

palpitantes esmeraldas.

En dos calles dividida,

los arboles por tres bandas,

y con três fuentes de marmol,

que com raidosa pujança.

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Hercules, y Julio Cesar

en dos columnas tan altas.

dán principio á frescura,

que dudo, que aya en España

dos semejantes, tan gruessas,

tan lisas, y tan gallardas.

En este, pues sitio ameno,

En esta frondosa estancia,

tardes de Verano, y noches,

los CavalIeros, y Damas

hazen alarde vistoso

de hermosuras, y de galas.

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Aqui Carrozas, y Coches,

siendolo de Auroras tantas,

con dilatado passeo,

con espaciosa arrogancia,

torpes báxeles navegan

en esta selva de Thesalia.

Aqui Andaluzes cavallos,

que al Betis pazieron malvas,

com alboroto festivo

rayos, corren, ventos paran.” [7]

 

E quando chegam à Alameda prossegue o diálogo:

“d.Fer.

Esta es, Don Iuan, la Alameda.

d.Jua.

Su amenidad maravilla,

con su frescura regala,

si con fu fragrancia alivia.

Bar.

Alas me da la Alameda,

para que bolando diga,

nueva fama, aunque barbada,

la ostentacion que publica.” [8]

Uma outra pintura anónima da Alameda parece ilustrar os versos da comédia de Christóval de Monroy y Silva.

fig. 71 - Autor desconhecido La Alameda de Hercules de Sevilla, óleo s/tela, 72 x 107 cm.  Real Colegio de san Albano, Valladolid.

[1] Diego de Ortiz de Zuniga, Annales eclesiasticos, y seculares de la muy noble, y muy leal civdad de Seuilla, metropoli de la Andaluzia. Que contiene sus mas principales memorias desde el año de 1246. En Madrid: en la Imprenta Real, por Iuan García Infançon. Acosta de Florian Anisson, Mercader de Libros. Madrid 1677. (Libro XV, pág. 542).

[2] Alonso Morgado, Historia de Sevilla en la qual se contienen sus antiguidades, grandezas, y cosas memorables en ella acontecidas, desde su fundacion hasta nuestros tempos. Compuesta y ordenada por Afonso Morgado, indigno Sacerdote, natural de la villa de Alcantara, en Estremadura. En la Imprensa de Andrea Fescioni y Iuan de Leon Sevilla 1587. (pág.146).

[3] idem

[4] Agustin Rojas Villandrando (1572-c.1618) El viage entretenido En la Emprensa Real Madrid M. DC. III. (pág. 30)

[5] Lope de Vega, Comedia famosa del Amante Agradecido Acto terceiro in Decima parte de las Comedias de Lope de Veja Carpio, Familiar del Santo Oficio. Sacadas de sus originales. Com privilegio Por Diego Flamennco Madrid Ano 1621. (pág. 103a)

[6] Lope de Veja, La octava maravilla Decima parte de las comedias de Lope de Vega Carpio ... : sacadas de sus originales, En Madrid : por la viuda de Alonso Martin de Balboa, a costa de Miguel de Siles ..., 1618 (En Madrid): por Iuan de la Cuesta, h. 151v-176v. Biblioteca Nacional España. (pág. 164).

[7] Christóval de Monroy y Silva (1612-1649), La Alameda de Sevilla y Recato en el amor. En Sevilla por Francisco de Leefdael, en la casa del Correo Viejo, [entre 1701-1733]. Biblioteca Universitária de Sevilla. (pág. 2 e 3).

[8] Christóval de Monroy y Silva (1612-1649), La Alameda de Sevilla y Recato en el amor. En Sevilla por Francisco de Leefdael, en la casa del Correo Viejo, [entre 1701-1733]. Biblioteca Universitária de Sevilla. (pág. 6).