quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Os Painéis das Estações Marítimas de Lisboa de Almada Negreiros 2

 

I PARTE - A Estação Marítima de Alcântara 1934-1943 (CONTINUAÇÃO)


A parede poente


3 - O painel “Ó Terra onde eu nasci”

 

No outro painel isolado “Ó Terra onde eu nasci” Almada (que de facto nasceu em S. Tomé), representa uma povoação da Lisboa periférica e rural com um ambiente de festa de uma tranquila tarde domingueira, lembrando os versos de Cesário Verde “numa collina azul brilha um logar caiado.” [1]


 

 


fig. 86 – Painel A Terra onde eu nasci. (FRANÇA 1974).


Entre os cartões e desenhos preparatórios vemos como Almada, inicialmente elabora um painel com cenas da vida rural, onde não falta o típico carro de bois a ser carregado, “Vede os bois a puxar, pelas estradas, / aquelas pesadíssimas carradas” [2] e ainda o interior de uma “casa portuguesa” com um alpendre de onde sai uma carroça. No chão, em primeiro plano uma mulher pedindo esmola com uma criança deitado no colo.

 


fig. 87 - Almada, cartão preparatório do painel “A Terra onde eu nasci...”. Guache s/ papel 43 X 25 cm. (F.C.G. 2017)Reproduzido p & b in Panorama n.º 18 Dezembro 1943. Foto de Mário Novais.

  


fig. 88 – Carro se Bois. Desenho preparatório do painel A Terra em que Eu Nasci... Modernismos – Arquivo Virtual da Geração de Orfeu.

 

O painel A Terra onde Eu Nasci

Esta configuração será, entretanto, abandonada e Almada irá compor o painel apenas com um piquenique, uma vendedeira, uma capela e um par de namorados num ambiente de arraial popular marcado pelos mastros onde flutuam coloridos estandartes.

 

O piquenique


No centro do painel um grupo de dois homens e quatro mulheres, que preguiçosamente, faz um piquenique debaixo de um enorme e sumptuoso pinheiro manso, que ocupa a parte superior da composição.

  


fig. 89- Pormenor do Painel A Terra onde eu nasci…(FRANÇA 1974).

 

 A aldeia

 

No centro do painel, ao longe entre os festões entrevê-se a povoação, uma das 

“aldeias sossegadas

com o seu aspecto calmo e pastoril

erguidas nas collinas azuladas

mais frescas que as manhãs frescas d’Abril.” [3]

 

Ou como um Raúl Lino romântico, descreve: uma aldeia com "...Essas cazitas sorridentes, sempre alegres na sua variada caiação; casas de um branco radiante como o da roupa corada ao sol, outras da cor de rosa com os beirais verdes dando-nos uma impressão de frescura que lembra melancias acabadas de retalhar."[4]  


fig. 90 - Pormenor do Painel A Terra onde eu nasci…(FRANÇA 1974).

E, Almada, universal porque compreende o sentido do lugar, pinta a povoação, lembrando os versos de Alberto Caeiro:


Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...

Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,

Porque eu sou do tamanho do que vejo

E não do tamanho da minha altura...” [5]

 


Na parte inferior do painel, Almada cria um ambiente de arraial popular, apenas com dois mastros de onde pendem coloridos estandartes e alguns balões de papel pendurados no alpendre da capelinha.

 


A vendedeira de bolos

 

E, para reforçar esse ambiente de festa popular, no plano mais avançado coloca Almada, significativamente, uma vendedeira de bolos e bebidas, coberta por um guarda-sol de feira e cuja sombra coloca uma mancha azul na composição, cor que acompanha o estandarte e as colunas da capela.

  

fig. 91 - Pormenor do Painel A Terra onde eu nasci…(FRANÇA 1974).

Actualização em 14 de janeiro de 2021

Pela semelhança do colorido onde predominam os azuis e pelo tema popular entre as feiras e as festas um quadro de uma vendedeira.


Maria de Lourdes de Mello e Castro (1903 - 1996), A vendedeira de laranjas 1929, óleo s/tela, 80 X 70 cm. Museu José Malhoa. Matriz Net.


O marinheiro e a varina

E, no primeiro plano, junto à capelinha, um marinheiro namora uma jovem varina.



fig. 92 – O marinheiro e a saloia.- Pormenor do Painel A Terra onde eu nasci…(FRANÇA 1974).

 

Almada na sua estadia em Espanha tratou o tema do marinheiro com o seu par, desenhando marinheiros e figuras femininas, num bar de marinheiros, o local propício aos amores efêmeros e passageiros dos marujos em terra.

 

Assim descreve João Linhares Barbosa na letra do fado “O marujo português”:

 

………………………………………

“Quando ele passa
Com seu alcache vistoso

Tráz sempre pedras de sal
No olhar malicioso
Põe com malícia
A sua boina maruja
Mas se inventa uma carícia,
Não há mulher que lhe fuja.

Uma madeixa
De cabelo descomposta
Pode até ser a fateixa
De que uma varina gosta
Sempre que passa,
O marujo português
Passa o mar numa ameaça
De carinhosas marés
.”  [6]

 


fig. 93 - Almada, sem título 1928 grafite s/papel 62,5 x40,5 cm. (F.C.G. 2017).

 

 


fig. 94 - José de Almada Negreiros (1893-1970), Sem título, 1928, tinta da China e guache sobre papel, 43,3 x 41,9 cm. Museu Calouste Gulbenkian.



fig. 95 - Almada, Bar de Marinheiros 1929. Baixo-relevo em gesso pintado 120 X 240 cm. (díptico). Painel para decoração interior do Cine San Carlos, Madrid projecto do arquiteto Eduardo Lozano Lardet (1897-1968). (F.C.G. 2017).

  

José Augusto França aproxima a temática e algumas cenas, “pelo compromisso com certa ideologia compositiva”, Almada de Jorge Barradas [7], mas assinala que entre ambos os artistas contemporâneos existe um “diferente tratamento intelectual que justifica de outro modo o populismo intencional”. [8]

 


fig. 96 - Jorge (Nicholson Moore) Barradas (1894-1971), s/ título, 1933. Litografia 36 X 26 cm. Museu Calouste Gulbenkian.

 

A ermida

No cimo da “velha ermida com seu adro” [9], uma torre sineira e um óculo de moldura barroca lembrando muitas igrejas ou capelas das nossas povoações, onde existe uma tradução popular de elementos eruditos.

 


fig. 97 – A capelinha. Pormenor do Painel A Terra onde eu nasci…(FRANÇA 1974).

 


[1] Cesário Verde, De Verão, in O Livro de Cesário Verde 1873.1886. Publicado por Silva Pinto. Typographia Elzeviriana Lisboa 1887. (pág.).

[2] Afonso Lopes Vieira (1878-1946), Animais Nossos Amigos. Ilustrações de Raul Lino. Edições Cotovia Lisboa 1911. 

[3] (António Duarte) Gomes Leal (1848-1921), As Aldeias in Claridades do Sul. Braz Pinheiro, Editor. Lisboa1875. (pág. 38).

[4] Raúl Lino (1879-1974), A Nossa Casa. Apontamentos sobre o bom gosto na construção das casas simples. Edições Atlântida, Lisboa s.d. [1918]. (pág. 16).

[5] Alberto Caeiro (Fernando Pessoa), O Guardador de Rebanhos, poema VII in Fernando pessoa Obra Poética, Companhia Aguilar Editora. Rio de Janeiro 1965. (pág. 208).

[6] João Linhares Barbosa (1893-1965). Excerto do Fado “O marujo português”. Música de Artur Ribeiro gravado por Amália Rodrigues em 1952.

[7] Jorge Barradas ((1894-1971), da mesma geração de Almada Negreiros distinguiu-se inicialmente como ilustrador e. como Almada, colaborando com desenhos e caricaturas para diversas publicações. A partir da década de 40 dedicou-se à cerâmica tendo tido um papel determinante na renovação e modernização desta arte.

[8] José Augusto França, A Arte em Portugal no século XXX, Livraria Bertrand, Lisboa 1974. (pág.322).

[9] Cesário Verde, De Verão, in O Livro de Cesário Verde 1873.1886. Publicado por Silva Pinto. Typographia Elzeviriana Lisboa 1887. (pág.55).


4. - O tríptico “Quem não viu Lisboa não viu coisa boa”

“Tendes hum mundo n'uma só Cidade,

A quem de prata, e de ouro o Tejo banha…” [1]


O título do tríptico que é uma evocação da Lisboa ribeirinha, corresponde a um conhecido aforisma popular que António Nobre também canta para elogiar a cidade de Lisboa.

 

“Lisboa à beira-mar, cheia de vistas,

Ó Lisboa das meigas Procissões!

Ó Lisboa de Irmãs e de fadistas!

Ó Lisboa dos lyricos pregões...

Lisboa com o Tejo das Conquistas,

Mais os ossos prováveis de Camões!

Ó Lisboa de marmore, Lisboa!

Quem nunca te viu, não viu coisa boa… [2]

 

fig. 98 – O tríptico Quem não viu Lisboa…(FRANÇA 1974).

 

A composição dos Painéis, que algo deve à concepção pictórica do espaço japonês na visão ascendente e sobreposta da cidade, organiza-se a partir de um eixo no painel central e das diagonais dos painéis laterais.



fig. 99 – Geometria da composição. Adaptado de (FRANÇA 1974).


Os monumentos 

No tríptico, onde as imagens são banhadas por uma ampla luz do Sul, tão típica de Lisboa, figuram três classificados monumentos nacionais: o Aqueduto das Águas Livres, a Sé de Lisboa e o Castelo de S. Jorge. Estes dois últimos restaurados para as Comemorações do Duplo Centenário da Independência em 1940.

 

“De Lisboa os monumentos

quem vos podera pintar!

as egrejas, os conventos,

o Tejo, as Torres, o mar

bordado de naus aos centos,

de mil diversas bandeiras!

Essas praças galhofeiras,

esses largos, esses caes,

o vozear da cidade,

e a solemne magestade

dos velhos paços reaes.” [3]

 

4.1 - O 1º painel

As varinas

“…………………………………………………
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso o rio, apressam-se as obreiras;
E n’um cardume negro, herculeas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

 

Vêm, sacudindo as ancas opulentas!

Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bórdo das fragatas;
E apinham-se n’um bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!”  [4]

Na parte inferior do primeiro painel, três varinas desfilam numa prancha descarregando carvão, tendo por trás as proas empinadas das embarcações do Tejo.

 

 


fig. 100 – As varinas. (FRANÇA 1974).

 

Como se vê nos cartões preparatórios Almada, fixando as figuras que descarregam carvão, hesitou na composição do fundo. 


fig. 101 – Desenho preparatório do painel Modernismos-Arquivo Virtual da Geração de Orfeu.


No primeiro cartão arrisca uma paisagem urbana com um marinheiro e um casal numa escadaria e de seguida em outro cartão um movimentado cais de Lisboa.

 

                                                               

 

fig. 102 – Estudos para o painel. Guache s/ papel 0,43 X 0,27 cm. (F.C.G. 1982).

 


fig. 103 - Estudos para o painel. (F.C.G. 2017).


No painel da Estação Marítima manteve-se uma vista do Vale de Alcântara com o Aqueduto das Águas Livres (1729-1748) construção que domina a paisagem do vale.

  

fig. 104 – parte superior do 1º painel Quem não viu Lisboa… (FRANÇA 1974).

 

Almada ponderou uma referência às Lavadeiras, tão populares em Lisboa (como no resto das cidades maiores do país) ao desenha-las junto à Ribeira de Alcântara, Quem me dera que eu fosse os rios que correm / e que as lavadeiras estivessem à minha beira…” [5]

O desenho não teve, contudo, prosseguimento no painel.



fig. 105 – Desenho de lavadeiras tendo ao fundo o Aqueduto das Águas Livres. (F.C.G. 2017).



[1] Gabriel Pereira de Castro (1571-1632), Ulyssea ou Lysboa Edificada. Poema heroico. Composto pelo insigne Doutor Gabriel Pereira de Castro, Corregedor que foy do crime da Corte, & nomeado por S. Magestade para Chanceler mor do Reyno de Portugal. Acusta de Paulo Crasbeeck mercador de livros. Canto X estrofe CXXXVII. Lisboa 1636. (pág.207).

[2] António Nobre (1867-1900), À Lisboa das naus, cheia de glória, in Despedidas .1895-1899. Com um prefácio de José Pereira de Sampaio (Bruno). 1902. (pág. 67).

[3] Thomaz António Ribeiro Ferreira (1831-1901), “D. Jayme Poema por Thomaz Ribeiro com uma conversação preambular de A. F. de Castilho” 1862. 3ª Edição Em Casa de Viuva Moré, Editora. Porto 1868. (pág. 135).

[4] (José Joaquim) Cesário Verde (1855-1886), O Sentimento de Um Ocidental I - in O Livro de Cesário Verde 1873-1886. Typographia Elzeviriana Lisboa 1887. (pág.61).

[5] Alberto Caeiro (Fernando Pessoa), O Guardador de Rebanhos, poema XVIII in Fernado pessoa Obra Poética, Companhia Aguilar Editora. Rio de Janeiro 1965. (pág. 215).


4.2 - O painel central do tríptico

 

TEJO, lombada do meu poema aberto 

em páginas 

de Sol

Almada Negreiros, Histoire du Portugal par Coeur [1]



fig. 106 – Painel central do tríptico Quem não viu Lisboa…(França 1974).

 

No painel central depois de alguns estudos, um barco (uma traineira) com o nome "Tejo", em grandes letras, exactamente no centro de toda a composição. 

A inserção de letras e números (na vela da embarcação por trás da traineira), correspondendo ao realismo dos elementos do painel, não deixa de ser uma manifestação de modernidade, já que na época era uma forma de afirmar novas concepções da pintura. Veja-se a pintura de Amadeu Sousa Cardoso. 

 

 

fig. 107 –  A traineira "Tejo" no centro do painel  Quem não viu Lisboa…(FRANÇA 1974).

 

 

 E se Almada no cartão preparatório começou por isolar os barcos a motor, no painel introduziu diversos barcos à vela e é apenas, por entre os mastros, que surgem agora as chaminés das embarcações a motor.


fig. 108Estudo para o painel central do tríptico "Quem Não Viu Lisboa…"(F.C.G. 1974).

 

 

                                                                    

fig. 109 - Almada, cartão preparatório do painel central do tríptico “Quem não viu Lisboa…” (F.C.G.2017). Reproduzido a preto e branco em foto de Mário Novais in Panorama n.º 18 Dezembro 1943. 

Painel central do tríptico Quem não viu Lisboa…  (FRANÇA 1974).

 

Ao fundo outra vista de Lisboa onde no cimo da escadaria da Rocha.se reconhece o setecentista palácio do Conde de Óbidos que desde 1919 pertencendo à Cruz Vermelha Portuguesa lembra que se desenrola a 2ª Guerra Mundial.

 

                       

fig. 110 – Parte superior do painel central do tríptico Quem não viu Lisboa…(FRANÇA 1974).

 

 

 


[1] José de Almada Negreiros, Histoire du Portugal par Coeur  (1919) in Poemas. Assirio & Alvim  Lisboa 2017. (pág.68).



4.3 - O terceiro painel do tríptico

O terceiro painel está centrado na Sé de Lisboa. Também aqui Almada chegou a uma composição mais simplificada em relação aos estudos, suprimindo a referência a S. Jorge matando o dragão e ao estandarte da cidade.

  


fig. 111 – 3º Painel do tríptico Quem não viu Lisboa…(FRANÇA 1974).

 

 

fig. 112 - Almada, cartão preparatório do 3º painel do tríptico “Quem não viu Lisboa…”Reproduzido a p & b in Panorama n.º 18 Dezembro 1943. Foto de Mário Novais.

3º Painel do tríptico, Quem não viu Lisboa… (FRANÇA 1974).


A parte superior do painel 

Na parte superior do painel dois monumentos: o Castelo de S. Jorge representando a conquista militar da cidade (1147) e a igreja de Santa Maria Maior, a Sé de Lisboa (século XII) representando o papel da Igreja Católica na história da cidade.

 

No topo do painel Almada coloca o Castelo de S. Jorge que, tendo sido classificado monumento nacional em 1910, foi restaurado entre 1938 e 1940 para as Comemorações do Duplo Centenário, restauro que prosseguiu ao longo da década.

 

No plano intermédio Almada coloca a Sé de Lisboa (Santa Maria Maior), outro dos monumentos nacionais classificado em 1910. Sucedendo aos restauros de Augusto Maria Fuschini (1843-1911) do início do século XX, a Sé foi de novo restaurada pelo arquitecto António Couto de Abreu (1874-1946), e “reinaugurada” em 1940, em cerimónia solene que abriu as Comemorações do Duplo Centenário.

 

Entre os dois monumentos “esperguiça-se o burgo velho” em “tons de pérola por aí abaixo e o casario parece de presépio. [1]

 

 


fig. 113 – Parte superior do 3º Painel do tríptico Quem não viu Lisboa…(FRANÇA 1974).

 

Descendo a calçada do Arco do Limoeiro (Rua Augusto Rosa desde 1924), “E onde os carros eléctricos, passando, / Deixam um rastro de oiro em nosso olhar!...” [2], Almada não esqueceu de colocar o carro eléctrico da linha 28 junto à Sé.

   


fig. 114 – Parte superior do 3º Painel do tríptico Quem não viu Lisboa…(FRANÇA 1974).

 

“Amanheceu um dia claro e ardente,

Com sol, com muito sol em tôda a gente.

Eléctricos ligeiros e amarelos

Mordem as calhas…

As rodas são martelos

Arrancando faíscas

Aos rails que parecem duas riscas

De prata nova sobre o chão cinzento.” [3]

  


fig. 115 - Colecção de José Almada Negreiros (filho). Fotografia selecionada por Almada. (VIEIRA 2010).


Esta foto com a legenda “Fachada principal da Sé - Como está actualmente (1936), depois das grandes obras de restauro iniciadas nos princípios do corrente século”, figura no volume 5 de “Lisboa Antiga” de Júlio Castilho. [4]



[1] Norberto Araújo (1889-1952), Peregrinações Livro III citado por Silva Bastos Revista Municipal, n.º 13 Lisboa 1942. (pág. 44).

[2] Augusto (Cau da Costa) de Santa-Rita (1888-1956), Lisboa de “o Mundo dos Meus Bonitos” 1920. Poema publicado na Revista Municipal n.º 13 de 1942 (pág.63 a 65).

[3] Fernanda de Castro (1900-1994), Dia de Sol de Jardim. Lisboa 1928 (pág.33 a 37).in Revista Municipal Ano 11, n.º 7. I Trimestre de 1941. Lisboa 1941 (pág. 40).

[4] Júlio Castilho (1840-1919), Lisboa Antiga Bairros Orientais, 2ª edição, Volume 5, S. Industriais da C.M.L. Lisboa 1936. (pág.39).


  

As varinas 2 

Na parte inferior junto a duas fragatas, três varinas de xaile, duas acocoradas junto de uma canastra e a outra de pé com a sua à cabeça.

 

Almada Negreiros tinha já referido as varinas de Lisboa no poema A Scena do Ódio como:

“E vós varinas que sabeis a sal

e trazeis o Mar no vosso avental!” [1]

     


fig. 116 – Parte inferior do 3º Painel do tríptico Quem não viu Lisboa…(FRANÇA 1974).

 

Para a definição das varinas Almada realiza um conjunto de estudos com figuras desenhadas no cais, sob a esperançosa luz de Lisboa aberta ao vento fresco.

 


fig. 117 - Desenho sobre papel 32 x 23 cm. (F.C.G. 2017).

 


fig. 118 - Desenho sobre papel 28 x 20 cm. (F.C.G. 2017 e 1982).

 

O tema da Varina continuará a interessar Almada Negreiros e prosseguirá nos painéis que executará entre 1945 e 1948 na Estação Marítima do Conde de Óbidos que analisaremos na II Parte.

 

As fragatas do Tejo

“Embrenho-me a scismar, por boqueirões, por becos,

ou érro pelos caes a que se atracam botes.” [2]

 

Característica incontornável da Lisboa ribeirinha são as fragatas do Tejo, que Almada pinta, uma ancorada com a vela recolhida e outra com a vela enfunada, navegando no Tejo.


fig. 119 - 3º Painel do tríptico Quem não viu Lisboa…(FRANÇA 1974).

 

 

 

fig. 120 - Colecção de José Almada Negreiros (filho). Fotografia selecionada por Almada. (VIEIRA 2010).



[1] Excerto de “A Scena do Ódio” por José d'Almada-Negreiros. Poeta Sensacionista e Narciso do Egipto 1915. Colaboração inédita para o nº 3 de Orpheu, publicada na Separata da revista Contemporanea n.º 7 de Janeiro 1923. A Separata tem na capa um retrato de Almada por D. Vazquez Diaz. (pág.6).

[2] (José Joaquim) Cesário Verde (1855-1886), O Sentimento de Um Ocidental I - in O Livro de Cesário Verde 1873-1886. Typographia Elzeviriana Lisboa 1887. (pág.61).


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Publicações

COLOQUIO, Revista de Artes e Letras, n.º 60, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian,

CONTEMPORANEA - (Separata) -  A SCENA DO ODIO por José d'Almada-Negreiros. Poeta Sensacionista e Narciso do Egipto 1915. Colaboração inédita para o nº 3 de Orpheu, publicada pela primeira vez como separata da Contemporanea. Tem na capa um retrato de Almada por D. Vazquez Diaz

DIÁRIO DE LISBOA Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 1943.

DIÁRIO DE LISBOA -  Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 1943

PANORAMA Revista Portuguesa de Arte e Turismo, Edição do Secretariado da Propaganda Nacional. N.º 2, Ano 1º Julho 1941.

PANORAMA Revista Portuguesa de Arte e Turismo, Edição do Secretariado da Propaganda Nacional. N.º 13, Ano 3º, Fevereiro de 1943.

PANORAMA Revista Portuguesa de Arte e Turismo, Edição do Secretariado da Propaganda Nacional. N.º 18, Ano 3º, Dezembro de 1943.

SÉCULO ILUSTRADO -  Sábado 28 de Julho de 1945.

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Modernismos - Arquivo Virtual da Geração de Orfeu

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Restos de Colecção

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