De seguro apenas cada
escolha que errei
Nesse estendido lençol de cheiro a terra
estremece como sonho aéreo inatingível
água madrinha em areais de cor dourada
nasce ardente ardor fogo febril inevitável
Os cantares crispados das ocultas feridas
de presentes ao sol e à murta indiferentes
como barco ébrio e aventuras não vividas
desgovernado pelos longes transparentes
As mãos afanosas com sensual brandura
nesse amor
passageiro de encanto breve
sempre a escorrer as vindimas da ternura
Sinuosos quelhos por onde sempre andei
tornando tão esparso o que neles percorri
de seguro apenas cada escolha que errei.
*Fernando
Pessoa, Floresta do Alheamento in Obra Poética, Companhia Aguilar Editora, Rio
de Janeiro 1965. (pág.439).
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