Manoel Fernandes Thomaz (1771-1822)
Porque tenho no
meu nome, como consta no bilhete de identidade, o apelido Fernandes Tomaz (com
o passar do tempo caiu o H mas
manteve-se o Z) não poderia deixar
passar a data do bicentenário da revolução Liberal, sem uma referência ao meu antepassado. A minha avó materna era
Fernandes Thomaz e natural da Figueira da Foz. Curiosamente o aniversário da
minha mãe era o dia 24 de Agosto).
Eu e os meus
irmãos e irmãs não usamos esses apelidos (a não ser em documentos oficiais em
que se exigia o nome completo) porque fomos educados a criar a nossa própria
personalidade sem recorrer aos nomes de família, facto pelo qual também lutou
Manoel Fernandes Thomaz e os revolucionários de 1820 ao criarem a Constituição
de 1822.
São muitas e
conhecidas as imagens da Revolução Liberal. Por isso escolhi esta Estampa Constitucional (talvez menos
conhecida) de 1821. Esta gravura pretendia difundir na população a conquista de
uma Constituição que consagrasse os objectivos da revolução liberal.
É por isso algo
conservadora (em relação à Monarquia) e porque se dirige à população da capital
- já que era vendida numa loja de bebidas - procura “puxar” a revolução para
Lisboa (apesar das referências à cidade do Porto e ao Douro). Tem duas
referências a Manoel Fernandes Thomaz (em medalhões que sublinhei a vermelho).
A gravura apresenta na parte inferior o seguinte texto:
A prezente alegoria demonstra, Portugal 1 intimando a Minerva que lhe pantentee os nomes dos Heroes escolhidos para pôr em practica o seu plano: a Deuza lhe mostra em hum livro 2 todos os Illustres, e Beneméritos Varões que se devem unir pª formar as Cortes da Constituição. Por sima do Throno está a Esffígie de Nosso Augusto Soberano 3 e nas Columnas que a Sustentão se vêm escriptos em medalhas os sempre memoráveis nomes dos Illustres Heroes Portugezes que formaram o novo Governo. Hum Genio com este dístico em uma fita – O Triumpho maior da Luzitania. Em lugar idóneo se deixão ver as duas Cidades personalizadas Lisboa 4 e Porto 5 dando as mãos em sinal da mais perfeita harmonia e união. A Tropa entrando na Capital por baixo de hum grande arco Triumphal, que tem nas Columnas que o sustentão grandes medalhas com os nomes do Heroes do Douro e Tejo. A Nação 6 manda escrever à figura da História 7 este memorável Triumpho. A figura da Genealogia 8 tem na cabeça o tronco da Real Caza de Bragança onde se vê a Coroa de Sua majestade o Senhor D. João VI e do Príncipe Real e de sua Augusta Neta: mostra este tronco os Bemaventurados Fructos que todos devemos esperar detão Virtuosa e Soberana Família. Observa-se o Tejo junto de huma figura alegórica, e diversos Génios oferecendo os seus donativos ao Governo Supremo 9 e Marte ao lado direito do quadro 10 mostrando o incomparável valor da distinta Nação Portugueza que elle sempre escudou e hade eternamente proteger para assombro a admiração de todo o Orbe.
Vende-se na Loja de Bebidas de Manoel da Silva de fronte do
Chafariz da Alegria N.º 56 I.
Está assinada Luiz
Ant.º inv. Em 1821 e Constantino Esc. Em Lisboa.
O frontão do Arco
Triumphal ostenta os seguintes versos
Caracter he da Nação
Vida expor e braço
armar,
Mas jurar Constituição
Sem sangue se derramar
He o seu maior brazão
Que em memoria hade
ficar.
Caracter he da Nação
Descrição da gravura
1 – Portugal 1 intimando a Minerva que lhe pantentee os nomes dos Heroes
escolhidos para pôr em practica o seu plano:
Portugal é representado por um Anjo com traje romano e coroado, tendo na mão direita o ceptro e na esquerda o escudo com as armas de Portugal. Aos pés a cornucópia da abundância. Um “puto” segura uma faixa com a inscrição“O Triumpho Maior da Luzitania”.
2 – Minerva a deusa romana da sabedoria, tendo a seus pés o
seu símbolo, a coruja, segura uma lança na mão esquerda e tem na mão direita um
livro 2
que mostra “todos
os Illustres, e Beneméritos Varões que se devem unir pª formar as Cortes da
Constituição.”
3 – D. João VI surge sobre o Anjo de Portugal numa “Esffígie de Nosso Augusto Soberano” 3. Sob o retrato de D. João VI vários medalhões
com os nomes dos revolucionários de 1820 entre os quais Manoel Fernandes
Tomaz (sublinhado por mim a vermelho).
4 e 5 – A cidade de Lisboa com uma coroa com um barco e a cidade
do Porto coroada com torres, “as duas
Cidades personalizadas Lisboa 4 e Porto 5 dando as mãos em sinal da mais perfeita harmonia e
união.”
6 e 7 – Uma figura feminina figurando a Nação * 6 “manda
escrever à figura da História **7 este memorável
Triumpho.”
*A figura da Nação que agora substitui Pátria é representada por uma anónima Cidadã vestida como uma mulher do Povo.
** A História é a Musa grega Clio, sentada num pequeno degrau, escreve com uma pena tendo um livro pousado no chão. Clio é muitas vezes representada tendo junto a si uma ampulheta significando o tempo.
8 – A figura da Genealogia 8 tem na cabeça o tronco da Real Caza de Bragança onde se vê a Coroa de Sua majestade o Senhor D. João VI e do Príncipe Real e de sua Augusta Neta: mostra este tronco os Bemaventurados Fructos que todos devemos esperar detão Virtuosa e Soberana Família. (As coroas seriam de D. João VI, do príncipe real (o futuro D. Pedro IV) e da futura rainha D. Maria II.)
9 – o Tejo,
representado por uma figura masculina envolta num lençol, tem junto a si uma bilha
que representa a sua fonte, e um dragão. Está rodeado de "diversos Génios oferecendo os seus donativos ao Governo Supremo”.
10 – O deus Marte vestido de soldado
romano “mostrando o incomparável valor da
distinta Nação Portugueza que elle sempre escudou e hade eternamente proteger
para assombro a admiração de todo o Orbe.”
12 – O Arco Triunfal com o exército vindo do Norte a chegar à capital " a Tropa entrando na Capital por baixo de hum grande arco Triumphal, que tem nas Columnas que o sustentão grandes medalhas com os nomes do Heroes do Douro e Tejo. Os membros da «Junta Provisória» chegam a Lisboa no dia 1 de Outubro de 1820.
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