quinta-feira, 1 de maio de 2025

A “Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes” Paris 1925. 2

 

A  “Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes” Paris 1925. 2


Os cartazes da Exposição

Para publicitar a Exposição foi realizado, em 1924, um concurso de cartazes

Dos muitos cartazes apresentados foram escolhidos - não por acaso – os quatro que melhor representavam os objectivos e as diversas tendências da Exposição.

Foram assim escolhidos os cartazes elaborados por Robert Bonfils (1886-1972), André Girard (1901-1968), Antoine Bourdelle (1861-1929), e Charles Loupot (1892-1962).

Estes 4 cartazes, por si só, representam bem as diferentes tendências e os debates que então se estabeleceram em torno do “moderno” nas Artes, ditas decorativas, incluindo as artes gráficas.

Estava em causa como realizar um novo desenho para a nova época, no diálogo entre a Arte tradicional (e a Arte Nova) e a Arte moderna, procurando ainda corresponder às emergentes lutas e manifestações das classes populares.

 

1 - Dos cartazes, aquele que se tornou mais conhecido - até porque deu origem a uma coleção de selos - foi o de Robert Étienne Bonfils (1886-1972).

Representa uma figura feminina correndo, com um cesto de flores na cabeça, acompanhada de uma gazela, tendo no horizonte um arbusto.

Um desenho dinâmico cumprindo a estética do que depois se apelidou Art Déco. O tipo de letra usado é o cooperplate gotthic.

fig. 1 - Robert Étienne Bonfils (1886-1972). Cartaz da Exposição litografia a partir de xilogravura 61, x 39,7 cm. Imprimerie de Vaugirard. 1925. Musée Carnavalet Paris.

 

2 - O cartaz de André Girard (1901-1968), reflecte as preocupações sociais da época, oito anos após a revolução soviética.

Uma pirâmide de trabalhadores que suportam aquele que vitorioso ergue uma taça. No fundo uma paisagem fabril de chaminés e a torre de uma mina.

O tipo de letra adoptado é o ADOBE Fan Heiti StB

 

 





















fig. 2 - Andrè Girard (1901-1968). Cartaz Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes abril Octobre Paris 1925 litografia 64 x 40 cm. Les èditions de l’Image de France Paris 1925.


3 - O cartaz de Antoine Bourdelle (1861- 1929), o conhecido escultor francês, é o mais convencional.

Com uma legenda “Par Labeur & par Génie” (Pelo Trabalho & pelo Génio) representa uma figura alada, um “génio” com uma lança e um saco de setas vencendo um touro.

O touro remete para o signo do Zodíaco que corresponde aos finais de Abril (21) até Maio (20). Bourdelle terá assim associado a data da inauguração da Exposição ao signo do Touro.

Alguns autores referem ainda o sétimo dos 12 trabalhos de Hércules “Hércules e o touro de Creta”. O tipo de letra usado é o Myriad Pro light

 























fig. 3 - Antoine Bourdelle (1861- 1929) Ministère du Commerce et de l'Industrie. Exposition internationale des arts décoratifs et industriels modernes. Paris avril-octobre 1925 litografia 61 x 40 cm. Imp. Crété, Paris.


4 - O quarto cartaz de Charles Loupot (1892-1962) será talvez o mais inovador, com um desenho

mais simplificado, reflectindo a nova e moderna estética da Indústria, aqui representada por uma fábrica, com fumarentas e gestuais manchas de duas chaminés. Largas outras pinceladas cinza, em nuvens transformam-se numa flor (ou num prato ou salva) e em baixo, outras nuvens de fumo parecendo um estilizado galo, símbolo da França. Lembre-se que a exposição pretendia valorizar a Indústria em reconstrução após a Guerra. O tipo de letra usado é o Algerian.






















fig. 4 - Charles Loupot (1892-1962) Exposition Internationale Arts Décoratifs, lithographie sur Papier 60 x 40 cm.Imprimerie Les Editions de l’Image de France, Paris.1925.

Sobre este cartaz Roger Louis Dupuy (1899-1975), professor da “École de haute enseignement comercial” de Paris, faz uma análise muito precisa: "Eu quero por fim falar do cartaz realizado para a exposição francesa das Artes Decorativas. A ideia muito simples é esta: uma rosa dourada simbolizando a obra de arte emerge da fábrica vermelha entre duas imensas espirais de fumo negro. Na verdade, estas plumas de fumo são talvez um pouco espessas demais, demasiado negras. Mas a rosa dourada, em contraste, parece muito pura, muito preciosa, justapondo assim a grosseria da indústria com a finesse dos produtos que ela fornece. Loupot simbolizou notavelmente a ideia expressa pelo texto Exposição de Artes Decorativas e Industriais Modernas.” [1]


[1] Je veux parler enfin de l’affiche réalisée pour l’exposition française des Arts Décoratifs.L’idée toute simple est celle-ci : une rose d’or symbolisant l’œuvre d’art se dégage de l’usine rouge entre deux immenses torsades de fumée noire. À la vérité ces panaches de fumée sont peut-être un peu trop épais, trop noirs. Mais la rose d’or, par contraste, apparaît très pure, très précieuse et en juxtaposant ainsi la grossièreté de l’industrie à la finesse des produits qu’elle fournit. Loupot a remarquablement symbolisé l’idée exprimée par le texte Exposition des arts décoratifs et industriels modernes. R.L. Dupuy, professeur à l’École de haut enseignement commercial de Paris, critique sans complaisance, en fait une très belle analyse: Dupuy, R. L.: Französische Plakatmaler der Gegenwart (bilingue), magazine Gebrauchsgraphik, n° 3, Editor Professor H.K. Frenzel 1927, (pág.45).

 

As publicações da Exposição

 O Guia da Exposição.


Para a divulgação do evento foi publicado um Guia Paris Arts Decoratfs 1925. Guide de l’Exposition”. Usando um tipo de letra Broadway, adaptado.

Na capa, em primeiro plano, uma figura feminina trajando à moda de Paris em 1925 (Paul Poiret?). Ao fundo uma imagem com alguns monumentos da cidade.


fig. 5 – Capa de Paris Arts Decoratfs 1925. Guide de l’Exposition
. Librairie Hachette Paris 1925. Source Gallica BnF.Bibliothèque national de France.

 

Nele constava um indispensável guia, destinado aos que se deslocariam à capital francesa, no qual se expunha o se podia ver em Paris (Monumentos, entretenimentos, hotéis e restaurantes, transportes, correios, etc.), e nele eram apresentadas as participações dos diversos países e entidades privadas na Exposição.

No Guia é apresentado o “Plan Officiel et Vue Aérienne Complète de L’Exposition des Arts Décoratifs” com a respectiva legenda. Este plano, com algumas alterações, foi reproduzido em diversas publicações.

Pela sua mais fácil leitura apresentamos o plano publicado em La Vie Limousine.















 

fig. 6 – Plan d’ensemble Exposition des Arts Décoratif et Industriels Modernes in La Vie Limousine n.º spécial 25 de Aout 1925. (orientado Sul-Norte).

 

E são também publicadas outras plantas e guias da Exposição por editoras e empresas privadas. Nesta planta (orientada Norte-Sul) é sublinhado o recinto da Exposição e os seus limites e conteúdos.



fig. 7 - Plan Complet de l’Exposition à Vol d’Oiseau Ed. Blondel La Rougery, Éditeur. Paris.Source Gallica BnF.

Neste plano estão sublinhados os limites do recinto em que se instalou a Exposição. Nem todos estiveram de acordo com a sua realização no centro de Paris.

Assinado D. Alf. Agache [1]  é publicado um artigo “Les fautes contre l’urbanisme a l’Exposition des Arts Décoratif” no número especial da revista “Vient de Paraitre[2], no qual se contesta a realização da Exposição localizada no centro de Paris.

 

Em primeiro lugar, Donat Agache critica a criação de grupos expositivos no Grand Palais os quais deveriam estar ao ar livre, enquanto outros que eram localizados na esplanada, deveriam ocupar o Grand e eventualmente o Petit Palais. Em discussão o conceito de Rua e de outros espaços públicos na visão comercial da Exposição.

 

Afirma o urbanista “teria sido possível evitar colocar grupos como "La Rue" e "Les Jardins" nas galerias do Grand Palais, que obviamente exigiam ar livre, enquanto que tiveram de ser construídos pavilhões na esplanada dos Invalidos para abrigar tecidos e ourivesarias que naturalmente encontrariam o seu lugar nos palácios construídos.” [3]

 















fig. – D. Alf. Agache dessin de l’Exposition des Arts Décoratifs. La Rue Publicitaire au Grand Palais in Vient de Paraitre, revue des Arts et des lettres n.º spécial 1925. (pág. 52).

 

 Mas Donat Agache considera que “o grande erro que foi cometido em termos de planeamento urbano, na nossa opinião, foi instalar, no verdadeiro centro de Paris, uma realização desta importância que, em vez de servir o embelezamento e o ordenamento futuro da nossa capital do que poderia ter restado dela (palácios, vias de comunicação, jardins, etc.), só deixará cinzas e pó.

E se tivéssemos escolhido - como é costume no estrangeiro - qualquer zona da periferia, ainda não desenvolvida - e tomarei como exemplo, porque me parece logicamente mais favorável deste ponto de vista, o terreno livre que se estende em torno da Place de la Défense, ou seja, onde se fará sentir particularmente o amplo impulso de extensão do Grande Paris. O esforço financeiro que estamos a fazer (e que não teria sido mais pesado) teria, pelo menos, deixado vestígios duradouros e úteis.” [4]



[1] Alfred Hubert Donat Agache (1875-1959), Architecte diplômé par le Gouvernement, Secrétaire général de la Société française des Urbanistes, urbanista que nos anos 30, a convite do ministro Duarte Pacheco (1900-1943) se encarregou de elaborar um plano de urbanização desde o Terreiro do Paço até Cascais, o Plano de Extensão da Região Oeste de Lisboa, ao longo da marginal até Cascais. (Decreto n.º 22:444, de 10 de abril de 1933).

[2] « Vient de Paraitre » revue des Arts et des lettres n.º spécial 1925. (pág. 52).

[3] On aurait — ce faisant — évité de placer, dans les galeries du Grand Palais, des groupements comme « La Rue » et « Les Jardins » qui, évidemment, demandaient le plein air, tandis que l’on a dû construire, sur l'esplanade des Invalides, des pavillons pour abriter des étoffes et des orfèvreries qui auraient, tout naturellement, trouvé leur place dans les palais construits.

[4] Mais la grosse faute que l’on a commise envers l’urbanisme, à notre sens, ce fut d’installer, en plein centre de Paris, une manifestation de cette importance qui, au lieu de servir à l’embellissement et à l’aménagement futur de notre capitale par ce qui aurait pu subsister d’elle (palais, voies de communication, jardins, etc), ne laissera que cendre et poussière. Tandis que si l’on avait choisi — ainsi qu’on a coutume de le faire à l’étranger — un point quelconque de la périphérie, non encore aménagé, — et je prendrai comme exemple, parce qu’il me semble le plus logiquement favorable à ce point de vue, les terrains libres qui s’étalent autour de la Place de la Défense, c’est-à- dire là où se fera particulièrement sentir la poussée extensive du Grand Paris. — l’effort financier que nous accomplissons (et qui n’aurait pas été plus lourd) aurait, au moins, laissé des traces durables et utiles.



O Plano sob o qual se realizou a Exposição tinha como elemento central e gerador, o rio Sena ao longo do qual se desenvolvia um eixo duplo, ocupando as duas margens do rio.

Este eixo Nascente-Poente, que ia da praça da Concórdia até à ponte d’Alma, cruzava o eixo Norte-Sul que se estendia desde o “Grand Palais” onde “por um lado serão agrupadas as mais preciosas criações de alta-costura e moda, e por outro, as oficinas de ensino técnico e as escolas de arte: o ofício ao lado da obra, o aprendiz ao lado do mestre [1], até à Esplanada dos Inválidos atravessando o Sena pela ponte Alexandre III “ladeada por luxuosas e pitorescas boutiques” [2]

Este sistema de um centro urbano no cruzamento de dois percursos perpendiculares, é semelhante, noutra escala, à “Grand Croisé” que o Barão Georges- Eugène Haussman (1809-1891) tinha estabelecido para o (re)ordenamento de Paris entre 1853 e 1870. [3]

 

















fig. 9 - Vue perspective  de l’Exposition. Dessin aguarellé de J. H. Lambert, L’Illustration hors serie Juin 1925 .
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A norte, o “Grand Palais” foi remodelado no interior para acolher a secção francesa e as secções estrageiras.

Junto ao “Grand Palais” um conjunto de pavilhões entre os quais, muito escondido, (com o n.º 112 da planta da fig. 6), o pavilhão da revista “L’Esprit Nouveau” de Le Corbusier e Jeanneret (que será apreciado mais adiante num capítulo à parte).

A Sul junto à Place des Invalides as portas Grenelle Constantin e Grenelle Fabert, que abriam para o Théatre e a Bibliothèque (2 e 3) de August Perret (1874-1954) como aponta Paul Léon

De um lado, existe uma sala de espetáculos destinada a apresentações. destacando os mais recentes avanços na decoração e cenografia e, do outro lado, uma biblioteca que evoca em grande parte as nossas indústrias literárias.” [4]

 

E prossegue assinalando que os edifícios formavam a praceta dos Ofícios (Cour de Métiers (1):

“Em frente ao Hôtel des Inválides, uma praceta, glorificando o artesanato requintado, onde os nossos pintores e escultores traçaram em grandes traços as cenas da vida moderna, deve ser para o visitante um lugar de meditação e de asilo.” [5]



[1] d’une part les plus précieuses créations de la parure et de la mode, d’autre part les ateliers de l’enseignement technique et les travaux des écoles d’art: le métier auprès de l'oeuvre, l’apprenti auprès du maître. Paul Léon. (1874-1962), Directeur des Beaux-Arts e Comissaire adjoint de l’Exposition des Arts Décoratifs. LÉxposition Internacionale des Arts Décoratifs In « Vient de Paraitre » revue des Arts et des lettres n.º spécial 1925. (pág. 34).

[2] bordé de luxueuses et pittoresques boutiques. idem

[3] O conceito, com a designação de Centro Direccional, será retomado nos anos 50 do século passado. O urbanista Robert Auzelle (1913-1983) tentou aplica-lo no ordenamento da cidade previsto no Plano Director da Cidade do Porto de 1962.

[4] Elle est bordée d’un côté par une salle de spectacle destinée à mettre en. lumière les progrès les plus récents du décor et de la scène et de l’autre côté par une bibliothèque largement évocatrice de nos industries du livre. ibidem

[5] Face au Dôme, une vaste cour, glorifiant les beaux métiers, où nos peintres et nos statuaires ont retracé à grands traits les scènes de la vie moderne, doit être pour le visiteur un lieu de méditation et d’asile. idem







No centro da praceta a, muito apreciada, fonte luminosa “Sources de France” ou “Fontaine Lalique” (9), de Jules René Lalique (1860-1945), um dos “clous” da Exposição.




fig. 10 – Exposition des Arts Décoratifs – La Fontaine de Lalique. Postal 12 A.N. Paris.

 



fig. 11 - Vue nocturne de la Fontaine et Pavillon Lalique, et la tour de Bordeaux 1925. Photo Anonyme, Ministère de la Culture - Médiathèque du Patrimoine, Dist. RMN-Grand Palais / image Médiathèque du Patrimoine

 

Na Exposição houve a preocupação de criar jardins e fontes urbanas.

“A fonte de Sèvres e a fonte de Lalique têm qualidades, se não no conjunto, pelo menos nos detalhes. Mas estas são decorações mais para jardins ou pátios do que para ruas.

Quanto às bancas de jornais, flores e tabaco, que permanecem inteiramente dentro do mobiliário da via pública, somos presenteados com divertidas caixas de brinquedos, pequenas cabanas pintaroladas cujo carácter pitoresco não teria mais significado nas nossas perspectivas parisienses do que as nossas bancas de metro ao "estilo moderno" de 1900.” [1]

 

E na mesma publicação Joseph Hiriart (1888-1946) diz da fonte de Lalique:

Em frente ao vestíbulo coroado de flores, a fonte Lalique. Confesso que esta fonte, apesar da ideia ser boa, me desiludiu. A forma é banal; já foi comparada a muitas coisas, e numa crítica geral há sempre um fundo de verdade. O material é belo, no entanto poderia ter sido diferente se foi o mestre que o tratou? A principal falha deste trabalho parece ser a falta de escala: um pequeno motivo pequena não cresce quando se aumentam as suas dimensões. Os jactos de água podiam ter-lhe dado essa escala através da sua variedade! Aqui, mais uma vez, o efeito é demasiado monótono e previsível: e, no entanto, havia ali uma boa possibilidade.” [2] 

A sul na Esplanada dos Inválidos os diversos pavilhões de actividades e indústrias francesas onde se distinguiam as 4 torres de 30 metros de altura (6) dos “Restaurants et Grand Vins de France” (Bordeaux, Ile-de-France, Champagne-Alsace e Bourgogne) projecto do arquitecto  Charles Plumet (1861-1928), que se “erguem em homenagem ao vinho, cuja cultura e indústria determinam o destino de sete milhões de franceses. Não é este o motivo principal da decoração da mesa em que participarão os nossos ourives e os nossos ceramistas, os nossos vidreiros e as nossas rendeiras e que é essencial para a decoração da casa?” [3]

 

A Esplanada dos Inválidos “oferece-nos as galerias destinadas a receber os stands dos objectos em série” [4]

E ao longo das margens do Sena “estão dispostos pavilhões: os dos nossos grandes armazéns, hoje tão acolhedores da arte dos designers de interiores” os pavilhões dos “Grands Magasins”. (Louvre 39, Lafayette 40, Printemps 47, e Bom Marché 48); os dos nossos grupos de criadores de modelos, os das nossas províncias francesas, os dos países estrangeiros, todos presentes ao nosso chamamento e cujos projetos são marcados por uma forte originalidade. Acrescente a esta imagem a apresentação atraente do nosso império colonial. Elimine a visão dos palácios tradicionais das nossas exposições antigas. Edifícios luminosos, coloridos e vibrantes, rodeados por canteiros de flores, irão complementar o cenário mais bonito do mundo, que será animado por festivais selecionados de alto luxo e bom gosto.” [5]

 

E Joseph Hiriart, embora considere que podiam ser mais modestas não deixa de as elogiar.

 “Dominando a Esplanada, as Torres de Ch. Plumet erguem as suas altas silhuetas. Foram muito criticadas pela forma, pelo material, pela cor e, ainda assim, cumprem o difícil propósito para que foram concebidas. A sua massa serve de âncora a todo o conjunto, a sua forma deixa a monumentalidade à pura decoração dos Inválidos. Estão no seu lugar como sentinelas mais modestas. Eles poderiam estar orgulhosas. Trememos ao pensar no que 1900 teria feito! A estrutura é o mais nervosa possível; os vitrais e as flores dão-lhes alegria. Os grandes salões centrais prestam-se à invenção dos decoradores. Os restaurantes desfrutam de uma vista admirável. Eram necessárias para dar à composição a sua unidade.” [6]

 Na margem direita distinguia-se a Galeria dos meios de transporte e a nascente a “Maison Blanchet” (sonneries et cloches na planta n.º 57 arq. Julien Polti 1877-1953) a “Biblioteca das Belas Artes” (arquitecto Henri Pacon 1882-1946 na planta n.º 55) e o “pavilhão dos vitrais” (arquitecto Lucien Woog 1867-1937 na planta n.º 53). 



[1] La fontaine de Sèvres et la fontaine de Lalique ont des qualités sinon d’ensemble, du moins de détail. Mais ce sont décorations de jardins ou de cours plus que de rues.

Pour ce qui est des kiosques de journaux, de fleurs, de tabac, qui restent tout à fait dans l’ameublement de la voie publique, on nous présente d’amusantes petites boîtes à joujoux, des petites isbas peinturlurées dont le pittoresque n’aurait pas plus de sens dans nos perspectives parisiennes que nos kiosques du métro en « moderne style » de 1900. Robert de Souza (1864-1946) Les arts de la rue In « Vient de Paraitre » revue des Arts et des lettres n.º spécial 1925. (pág. 56).

[2] Devant le vestibule couronné de fleurs, la fontaine de Lalique. J’avoue que cette fontaine dont l’idée était jolie, m’a déçu. La forme en est banale ; on l’a déjà comparée à un tas de choses, et dans une critique générale, 11 y a toujours une part de vérité. La matière en est belle cependant : pouvait-il en être autrement avec le maître qui l’a traitée? Le défaut principal de cette oeuvre paraît être le manque d’échelle : un motif petit, ne grandit pas quand on en augmente les dimensions : les jeux d’eau eussent pu lui redonner cette échelle par leur variété ! Là encore l’effet est monotone et trop prévu : et cependant il y avait là une jolie possibilité. J. Hiriart in “Vient de Paraitre” » revue des Arts et des lettres n. º spécial 1925. (pág.149)

[3] Les quatre tours de l’esplanade s’élèvent à la gloire du vin dont la culture et l’Industrie commandent la destinée de sept millions de Français. N’est-il pas le principal motif de ce décor de la table auquel vont participer nos orfèvres et nos céramistes, nos verriers et nos dentellières et qui lui-même est essentiel au décor de la maison.

[4] nous offre des galeries destinées à recevoir les stands, les objets en série.

[5] Le long des rives de la Seine s’ordonnent des pavillons : ceux de nos grands magasins si accueillants aujourd’hui à l’art des ensembliers, ceux aussi de nos groupements de créateurs de modèles, ceux de nos provinces françaises, ceux des pays étrangers, tous présents à notre appel et dont les projets sont empreints d’une forte originalité. Ajoutez à ce tableau l’attrayante présentation de notre empire colonial. Bannissez la vision des palais traditionnels de nos expositions anciennes. Des bâtiments légers, d’aspect clair, de couleur vive, entourés de parterres fleuris ajouteront une parure au plus beau décor du monde qu’animeront des fêtes choisies de haut luxe et de haut goût. idem

[6] Dominant l’Esplanade, les Tours de Ch. Plumet dressent leurs hautes silhouettes. Elles ont été très critiquées pour leur forme, leur matière, leur couleur, et cependant elles répondent au but difficile qu’elles avaient à remplir. Leur masse sert de callage à l’ensemble divers, leur forme laisse son monumental au pur décor des Invalides ; elles sont à leur place comme des sentinelles plus modestes. Elles eussent pu être orgueilleuses ; on tremble à la pensée de ce qu’en aurait fait 1900 ! La structure en est aussi nerveuse que possible ; des vitraux et des fleurs leur donnent de la gaîté. Les grands halls centraux se prêtent à 1 invention des décorateurs. Des restaurants on jouit d’une vue admirable. Elles étaient nécessaires à la composition où elles ramènent l’unité. J. Hiriart L’Architecture in “Vient de Paraitre” revue des Arts et des lettres n. º spécial 1925. (pág.151)

 

Ancoradas no Sena as “péniches” (130 e 131) com o interior remodelado pelo costureiro Paul Poiret (1879-1944).
















fig. 12 – Péniches Paul Poiret – « Amours », Délices », « « Orgues « .  Exposition des Arts Décoratifs – Paris 1925. Postal A. P

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As “peniches” tinham os seguintes nomes “L’Amour” para apresentação das criações da Casa Martine; “Délices” para a apresentação da Casa Rosine, o perfume criado por Paul Poiret; e “Orgues” para a presentação das elegâncias da Casa Paul Poiret. 

Paul Poiret (1879-1944) criou a Escola Martine. Por isso foram as jovens por ele formadas denominadas “Martines” que com o pintor Raoul Dufy (1877-1953) decoraram as “péniches” da Exposição de 1925.

 

Os pavilhões dos países participantes.

Vinte e um países participaram na Exposição. Da Europa, ainda em reestruturação geopolítica depois da Grande Guerra, vieram a Bélgica, a Dinamarca, a Espanha, a Grã-Bretanha, a Grécia, os Países Baixos, a Itália, a Suécia, a Suíça, a Lituânia, o Luxemburgo, o Mónaco, a Turquia e a URSS saída da revolução de 1917.

Marcaram presença a Áustria então formada pela divisão do império. E os países reconstruídos como a Polónia e a Jugoslávia e ainda novos estados como a Finlândia e a Checoslováquia.

Ausentes por óbvias razões económicas e políticas a Alemanha e os Estados Unidos.

Da Ásia, participaram o Japão e a China. E ainda a África representada pela participação das colónias francesas.

Nem todos os países apresentaram um pavilhão próprio.

Dos pavilhões nacionais distinguiam-se o pavilhão da Itália (na planta n.º 83) e ao seu lado o da União Soviética (na planta n.º 84) -  que analisaremos adiante – por serem dois países em que novos regimes, quase opostos, procuravam a sua afirmação e, por isso, cujas representações, entre polos opostos, representavam um diferente entendimento da Arte e da Arquitectura, entre o tradicional e o moderno.


O Catálogo geral

 

É produzido um Catálogo Geral com as diversas participações e os seus responsáveis.

 



fig. 13– Catalogue Géneral Officiel. Ministere du Commerce et de l’Industrie des Postes et desTélégraphes. Imprimerie de Vaugurard. Paris. Avril-Octobre.1925. Source Gallica BnF

 

E ainda são produzidos catálogos por cada um dos países ou entidades que participavam na Exposição, bem como por secções (por exemplo Vidro, Metal, etc.)

 CONTINUA

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