quinta-feira, 24 de junho de 2021

Apontamentos sobre a Lisboa e Sevilha nos séculos XVI e XVII (6)


 

Apontamento 6 – Duas pinturas alegóricas sobre a batalha de Lepanto


Duas pinturas, uma de Tiziano Vecellio (1490-1576) e outra de Paolo Veronese (c.1528-1588), que mostram como a partir do Renascimento, não só na Literatura, mas também na Arte, a mitologia grega e romana, convive com o Cristianismo.

 

O quadro de Tiziano Vecellio

 

Tiziano envia a Felipe II, em 1575, um conjunto de pinturas onde se destaca aquela que pretende comemorar a vitória de Espanha em Lepanto.

 

fig. 43 - Tiziano Vecellio (1490-1576), La Religión socorrida por España 1572-1575. Óleo s/tela 168 x 168cm. Museu do Prado Madrid.

 

No quadro simbolizando a Espanha de Felipe II, Minerva, a deusa romana da sabedoria, das artes e da guerra, com a sua tradicional armadura depositada a seus pés, ergue a sua lança com o estandarte da vitória, e segura na outra mão, o escudo de Felipe II.

Está acompanhada por outra figura feminina, uma alegoria da Força (da Fé) e por uma figura masculina, provavelmente D. Juan d’Austria o comandante da armada de Lepanto. Por trás um exército onde se destacam três mulheres.

 

fig. 44 - Tiziano. Pormenor de La Religión socorrida por España 1572-1575.

 

A sábia e bélica Espanha socorre a Religião Católica, figurada numa jovem desolada, suplicante e abandonada, apenas coberta de um manto azul, identificada pela Cruz e pelo Cálice, que tem junto a ela.

A Religião é ainda atacada pelas costas por serpentes que simbolizam os hereges e protestantes.

fig. 45 - Tiziano, Pormenor de La Religión socorrida por España 1572-1575.

  

Ao fundo Neptuno vestido de Turco otomano, com a cabeça coberta por um turbante, na sua tradicional embarcação puxada por cavalos, foge da Armada que de velas enfunadas o venceu nos mares de Lepanto.

 

fig. 46 - Tiziano. Pormenor de La Religión socorrida por España 1572-1575.

 

O quadro de Paolo Veronese

Paolo Cagliari dito il Veronese (c.1528-1588), também pinta uma alegoria, sublinhando a participação da República de Veneza na Batalha de Lepanto e o apoio da Virgem que terá aparecido e protegido os cristãos no combate contra os infiéis.

 

fig. 47 - Paolo Caliari Veronese (c.1528-1588), Alegoria da batalha de Lepanto 1571. Óleo s/ tela 169 x 137 cm. Galleria dell’Academia Veneza.

 

O quadro está, significativamente, dividido em duas partes distintas.

Na parte superior sobre pesadas e cinzentas nuvens tempestuosas, surge a Virgem como refere a lenda.

Rodeando a Virgem (da Vitória e depois pela data da batalha (7 de Outubro), consagrada como Virgem do Rosário), estão diversas personagens, formando um círculo (prenunciando o que será frequente na pintura barroca).

Assim, ao centro, ajoelha-se Veneza sob o branco manto da Fé, acompanhada por S. Pedro (com a chave), São Tiago (com o bastão e as conchas de peregrino), Santa Justina de Pádua (com o punhal), S. Marcos (com o leão) e ajoelhado quase encoberto S. Roque.

 

fig. 48 - Paolo Veronese. Pormenor de Alegoria da batalha de Lepanto 1571.

 

Por trás destas figuras, um coro de Anjos, em que uns tocam e cantam, e outros vão vigiando e protegendo as embarcações das forças católicas.

À direita destaca-se um anjo de vermelho que se envolve na batalha, lançando divinas setas contra as forças otomanas.

 

fig. 49 - Paolo Veronese. Pormenor de Alegoria da batalha de Lepanto 1571.

 

Na parte inferior sob esta protecção dos céus, iluminada por raios divinos, por entre uma floresta de mastros e vergas das embarcações, a esquadra cristã batalha e vence os Turcos.

 

fig. 50 - Paolo Veronese. Pormenor de Alegoria da batalha de Lepanto 1571.

 

Apontamentos sobre a Lisboa e Sevilha nos séculos XVI e XVII (5)

 


 

Apontamento 5 - Felipe II e a vitória em Lepanto

 

Felipe II vai adquirir a fama de guerreiro vencedor e defensor da Cristandade, quando, sob a liderança das forças espanholas, uma armada cristã vence a batalha de Lepanto contra os turcos otomanos.

  

fig. 26 - Autor desconhecido, A Batalha de Lepanto 1571. óleo s/tela 127 x 232,4 cm. Museu Marítimo de Greenwich.


Perante os ataques dos turcos otomanos aos portos do Mediterrâneo oriental, o papa Paulo V (Michele Ghislieri 1504-1572), eleito Papa em 1566, procura formar uma aliança, a Liga Santa, de que fazem parte a Espanha, as Republicas de Veneza e de Génova, o Ducado de Saboia, a Ordem de Malta e os Estados Pontifícios.

 

Alonso de Ercilla y Zuñiga (1533-1594) num poema intitulado La Araucana, publicado no último quartel do século XVI, escreve:

 

“…asi de inspiracion habrá una liga,

Donde el Papa y Senado Veneciano

Juntarán su poder, su fuerza y gente

Com la del Rey Católico potente.” [1]

 

Portugal não participa na Liga Santa como refere (ou justifica) o português Jerónimo Corte Real (c.1530-1588), no seu poema, escrito em castelhano, intitulado “Felicissima Victoria concedida del cielo al señor don Iuan d’Austria, en el golfo de Lepanto de la poderosa armada Othomana, en el año de nuestra salvacion de 1572”, em 15 Cantos, e com sonetos dedicados ao autor, entre outros, pelos poetas portugueses Pedro de Andrade Caminha (c.1520-1589), Andre Falcam (André Falcão de Resende 1527-1599) e Diogo Bernardes (c.1530- c.1594).

 

“Pues elRey Lusitano esta impedido

Com las continuas guerras de Oriente,

Donde sus capitanes belicosos

Grandes victorias ganan impossibles. [2]

 

Em 1571 a Liga Santa organiza uma poderosa esquadra para combater os Turcos Otomanos e sob a liderança das forças espanholas, vence na batalha de Lepanto os turcos otomanos.

Essa vitória, que sustem o avanço dos turcos no Mediterrâneo, teve inúmeras consequências para a Europa, e sobretudo para Felipe II o qual vai adquirir e fomentar, a sua fama de defensor da Cristandade e do guerreiro vencedor dos mouros.


Jerónimo Corte Real inicia o seu, já referido, longo poema com:

 

“Canto con alta voz, canto la fuerça

El ímpetu furioso, osado y fiero

de la Christiana gente, el vencimento

De la armada Othmana aqui rendida.” [3]

 

A Armada espanhola sob o comando de D. Juan de Áustria (1547-1578), irmão bastardo de Felipe II, “Viene por general, aquel mancebo / Ioan de Austria, único hermano de Philipo…”, partiu do Arenal (o porto fluvial) de Sevilha:


“El Arenal dexando, al mar se engolfan:

Los bastardos velames desplegando:

Y a la forçosa lucha de los remos

Cesse, dando a los míseros alivio.” [4]

 

Ou como também assinala o poeta Fernando de Herrera (1534-1597):


“Aquí, do el grande Betis vé presente

l'armada vencedora, qu'el Egeo

mancho con sangre de la Turca gente” [5]

 

Em 7 de Outubro de 1571, junto a Lepanto na Grécia, dá-se finalmente a batalha, que Corte Real descreve nos Cantos XII a XIV da sua obra.

À Armada espanhola, comandada por Juan de Áustria, juntam-se as embarcações dos principais interessados: a República de Veneza cuja a frota de Veneza é comandada por Sebastiano Venier (c. 1496-1578) e a armada Pontifícia cujas embarcações estão sob o comando de Marcantonio Colonna (1535-1584).

Em 7 de Outubro de 1571, junto a Lepanto na Grécia, enfrentam a poderosa armada turca sob o comando de Ali Pasha (Mehmet Ali Paşa (?-1571) na batalha, que Corte Real descreve nos Cantos XIII e XIV da sua obra.

 

fig. 27 - Tomaso Porcacchi Castiglione (1530-1585) Descrizione del conflito navale successo a Curzolari nel mare Ionio a VII d’Ottobre MDLXXI.in L’isole piú famose del mondo descritte da Thomaso Porcacchi e intagliate da Girolamo Porr. 1576. (pág.87).

 

 

Repare-se na quantidade de galés, galeras ou sétias, as embarcações mistas de velas e remos.

As batalhas navais travavam-se na época, entre disparos de canhão e abalroamentos, abordagens, ferozes lutas corpo a corpo com espadas, cimitarras, disparos de flechas, tiros de arcabuzes e mosquetes, em verdadeiras batalhas campais que se desenrolavam nas cobertas dos navios.

 

Luís Cabrera de Cordoba (1559-1623), autor da Historia de Felipe Segundo, Rey de España de 1619, descreve, com acerto, a violência sanguinária destas batalhas num conhecido texto:


Jamas se vió batalla tan confusa trabadas las galeras, una por una, y dos y três com otra, como les tocaba la suerte, aferradas por las proas, costados, popas, proa com popa, governando el caso. El aspecto era terrible por los gritos de los turcos, por los tiros, fuego, humo, por los lamentos de los que morian. El mar vuelto en sangre, sepulcro de de muchísimos cuerpos que movian las ondas, alteradas y espumantes de los encuentros de las galeras y horribles golpes de la artillería, de las picas, armas enastadas, espadas, fuegos, espesa nube de saetas, como de granizo, volviendo erizos y espines los árboles, entenas, pavesadas y vasos. Espantosa era la confusión, el temor, la esperanza, el furor, la porfía, tesón, coraje, 
rabia, furia; el lastimoso morir de los amigos, animar, herir, matar, prender, quemar, echar al agua cabezas, piernas, brazos, cuerpos, hombres miserables, parte sin ánima, parte que exhalaban el espíritu, parte gravemente heridos, rematándolos con tiros los cristianos. A otros que nadando se arrimaban á las galeras para salvar la vida á costa de su libertad, y aferrando los remos, timones, cabos, con lastimosas voces pedian misericordia, de la furia de la vitoria arrebatados les cortaban las manos sin piedad, sino pocos en quien tuvo fuerza la codicia, que salvó algunos turcos.”  [6]

 

Miguel de Cervantes na batalha de Lepanto

E o jovem Miguel de Cervantes (1547-1616), que participou na batalha de Lepanto, num longo poema -  durante muito tempo desaparecido - Epístola a Mateo Vazquez, escrito durante o seu cativeiro em Argel por volta de 1577, relata a caótica violência da batalha, e refere como aí ficou com a mão esquerda inutilizada.

 

“(…)

El son confuso, el espantable estruendo,

los gestos de los tristes miserables

que entre el fuego y el agua iban muriendo.

 

Los profundos suspiros lamentables

que los heridos pechos despedian,

maldiciendo sus hados detestables.

 

Elóseles la sangre que tenían,

quando, en el son de la trompeta n.ra, [nuestra]

su daño y n.ra [nuestra] gloria conosçían.

 

Con alta voz, de vencedora muestra,

rompiendo el ayre claro, el son mostrava

ser vencedora la christiana diestra.

 

A esta dulce sazon yo triste, estava

con la una mano de la espada assida,

y sangre de la otra derramava.


El pecho mío, de profunda herida

sentía llagado, y la siniestra mano

estava por mil partes ya rompida. (…)  [7]

 

Uma pintura da Batalha de Lepanto

 

O pintor veneziano Andrea Michele (c. 1542-1617), dito Andrea Vicentino, realiza uma grande pintura para o Palácio Ducal de Veneza, salientando o papel da Sereníssima Republica na batalha de Lepanto.

Esta pintura substituiu uma outra de Tintoretto a qual tinha sido destruída num incêndio.

Na pintura, realizada a partir do testemunho de muitos que participaram na batalha de Lepanto, podemos ter uma ideia dos principais protagonistas e desse tipo de confrontos.

 

fig. 28 - Andrea Michele detto Vicentino (c.1542-1617), Batalha de Lepanto 1603, óleo s/tela Palazzo Ducale, Venezia.

No centro do quadro, o momento decisivo dos combates entre as principais embarcações inimigas, e a caótica e sangrenta batalha entre cristãos e muçulmanos.

 

fig. 29 – Pormenor central de Andrea Michele detto Vicentino (c.1542-1617), Batalha de Lepanto 1603. Óleo s/tela Palazzo Ducale, Venezia.

 

 

Assinala Alonso de Ercilla y Zuñiga, na já citada La Araucana, o momento em que se encontram as embarcações almirantes das forças cristãs com a galera almirante dos turcos.

 

 “No estavan las Reales aferradas,

Quando de gran tropel sobrevinieron

Siete qaleras turcas bien armadas

Que en la Christiana subito envistieron.

Però no de menor furia llevadas

Al soccorro sobre ella succudieron,

De la derecha y de la izquierda mano,

La general del Papa, y Veneciano.

Do con secunda autoridad venia

Por general del Summo Quinto Pio

Marco Antonio CoIona; a quien seguia

Una esquadra de mozos de gran brio.” [8]

 

fig. 30 - Andrea Michele detto Vicentino (c.1542-1617), Batalha de Lepanto 1603, óleo s/tela Palazzo Ducale, Venezia.

 

Este momento da batalha é representado na pintura com a formação da armada da Liga Santa tendo, ao centro, a embarcação da armada espanhola comandada por Juan de Áustria (c).

À sua esquerda e em primeiro plano, a embarcação da armada veneziana (a), comandada por Sebastiano Venier (c. 1496-1578).

À direita da galera almirante de Juan de Áustria a embarcação do Papado sob o comando de Marcantonio Colonna (1535-1584 (d).


Como assinala Corte Real, a embarcação de Juan de Austria avança sobre os turcos rodeada:


“À mano diestra tiene la galera

Capitana del Papa, a la siniestra

Tiene la de venecia, entre unos y otros

Se trava una durissima batalla.” [9]

 

Os três navios de comando atacam e combatem a Sultana (b), a embarcação do comandante turco Ali Pasha (Mehmet Ali Paşa (?-1571).

 

O comando de Veneza

 

Na galera em primeiro plano, Sebastiano Venier, o comandante das forças venezianas, está de pé, envergando uma armadura, junto do estandarte de damasco vermelho com o Crucifixo entre os apóstolos Pedro e Paulo.


“Pues Sebastiano Veniero contrastando

La Turca fuerza y bárbara fiereza

Vengaba allí com ira y rabia justa

La injuria recibida en Famagusta*.” [10]

 

*Famagusta na ilha de Chipre estava, desde 1489, sob o domínio de Veneza, mas caiu nas mãos dos turcos otomanos depois de um cerco de um ano, precisamente em 1571. 

 

fig. 31 – Pormenor de Andrea Michele detto Vicentino (c.1542-1617), Batalha de Lepanto 1603, óleo s/tela Palazzo Ducale, Venezia.

 

Luego la capitana de Venecia

Con Sebastiano Veniero alla bogava,

Y luego aquel Baxel alto y famoso,

Illustrado del sol fulgente de Austria.” [11]

 

fig. 32 - Pormenor de Andrea Michele detto Vicentino (c.1542-1617), Batalha de Lepanto 1603. Óleo s/tela Palazzo Ducale, Venezia.


Tintoretto retrata Sebastiano Venier (c. 1496-1578), em pose de comando, tendo ao fundo a batalha de Lepanto. Vernier, apesar da idade, ainda será Dodge de Veneza.

fig. 33 - Jacopo Robusti (1518.1594) Tintoretto Sebastiano Venier 1571, óleo s/tela 104,5 x 83,5 cm. Museu de História da Arte em Viena.

 

O comando de Espanha e da Armada

 

fig. 34 – Pormenor de Andrea Michele detto Vicentino (c.1542-1617), Batalha de Lepanto 1603, óleo s/tela Palazzo Ducale, Venezia.

  

Na outra embarcação (c), ao centro, Juan de Áustria o comandante supremo da Armada, de pé e envergando a armadura de combate, segura na mão esquerda o bastão de comando e na direita a espada. Junto a ele o estandarte de seda onde aos pés de Cristo cruxificado estão os três brasões das principais forças da Liga Santa: o Papado, o Reino de Espanha e a República de Veneza.

 

fig. 35 - Pormenor de Andrea Michele detto Vicentino (c.1542-1617), Batalha de Lepanto 1603. Óleo s/tela Palazzo Ducale, Venezia.

  

 

fig. 36 – O Estandarte da Liga Santa.

 

 

Alonso de Ercilla y Zuñiga, no seu poema, descreve assim Juan de Austria:

 

“Por nuestra armada al uno y oto lado

una presta fragata discorria,

donde vénia un mancebo levantado

de gallarda presencia y bizarria,

un riquíssimo y fuerte peto armado

com tanta autoridade, que parecia

en su disposicion, figura y arte

hijo de la fortuna y del Dios Marte.

Yo codicioso de saber quien era

aficionado al talle y apostura,

mirando atentamente la manera,

el ayre, el ademán, y la compostura;

en la fuerte celada, en la testeira

vi escrito en el relievo y grabadura

de letras de oro el campo en sangre tinto:

Don Juan, hijo del Cesar Carlos Quinto.”  [12]

 

D. Juan de Áustria num quadro atribuído a Juan Pantoja de la Cruz (1553-1608).


fig. 37 - (Atribuído a) Juan Pantoja de la Cruz (1553-1608), Don Juan de Austria 157?. Óleo s/ tela 223 x 118 cm. Museu do Prado (depositado no Escorial).

 

 

O comando da armada pontifícia

 

fig. 38 – Pormenor de Andrea Michele detto Vicentino (c.1542-1617), Batalha de Lepanto 1603, óleo s/tela Palazzo Ducale, Venezia.

 

Na embarcação mais afastada, assegurando o flanco direito, vê-se o almirante Marcantonio Colonna (1535-1584), capitão general da Armada pontifícia (d).

A embarcação arvora o estandarte da Liga Santa e tem na popa as duas chaves cruzadas, o símbolo do Sumo Pontífice.


“Do com segunda autoridade vénia

por General del Sumo V. Pio

Marco Antonio Colona, a quien seguia

una esquadra de mozos de gran brio…” [13]

 

fig. 39 – Pormenor central de Andrea Michele detto Vicentino (c.1542-1617), Batalha de Lepanto 1603, óleo s/tela Palazzo Ducale, Venezia.

 

Marcantonio Colonna (1535-1584), foi retratado por Scipione Pulzone (1544-1598), numa pintura onde é mais evidente pela pose, a influência do retrato de Felipe II de Tiziano. (ver fig. 24).

 

fig. 40 - Scipione Pulzone (1544-1598), Marcantonio Colonna 1575/. Óleo s/tela 202 x 119 cm. Palazzo Colonna Roma.

                                                 

 

O comando da Armada turca

 

Finalmente com a letra (b), o derrotado Ali Pasha, o comandante das forças otomanas, de pé no convés da galera Sultana. Ali Pasha irá morrer na batalha, e a sua cabeça mostrada aos desanimados turcos, irá consolidar a vitória da Liga Santa.

 

fig. 41 – Pormenor de Andrea Michele detto Vicentino (c.1542-1617), Batalha de Lepanto 1603, óleo s/tela Palazzo Ducale, Venezia.

 

fig. 42 – Ali Paxá. Pormenor de Andrea Michele detto Vicentino (c.1542-1617), Batalha de Lepanto 1603. Óleo s/tela Palazzo Ducale, Venezia.

 

 

 Corte Real descreve a morte de Ali Paxá atravessado por um dardo lançado pelo deus Marte:

 

“Viendo el animo fuerte de Christianos,

A su parte se inclina y favorece

Aquel osado impetu furioso:

Mostrando claramente el vencimento.

Al Turco general un mortal dardo

Arroja com furor, viene el agudo

Hierro del fuerte braço sacudido,

Rasgando el ayre com sonoro estrundo.” [14]

 

E prossegue:

 

“La rica vestidura ornada de oro,

Y el azero templado en sangr baña:

Una escura tiniebla le arrebata

De los pjos la luz y claro dia.”   [15]

E Alonso de Ercilla y Zuñiga também narra a morte de Ali Pachá, e como as forças cristãs cantam vitória.

 

“En esto com gran impetu y ruido

por el valor de la christiana espada

el furor Mahomético oprimido,

y la Turca Real del todo entrada:

dó el estandarte bárbaro abatido

la Cruz del redentor fué enarbolada

com un triunfo solene y grande gloria,

cantando abiertamente la vitoria.” [16] 

 

 Finalmente Corte Real narra que à vista do “cuerpo morto como plaze el cielo/sin nombre y sin cabeça en tierra yaze” os turcos se rendem.

 

“Com tal vista los ânimos ferozes

De los valientes bárbaros desmayan,

Y todas las galeras mas vezinas

Perdido ya el vigor presto se entregan.” [17]


[nota - Todos os sublinhados em bold são da minha autoria]


[1] Alonso de Ercilla y Zuñiga (1533-1594) La Araucana (1575/94) dirigida al Rey Don Felipe Nuestro Señor su autor Don Alonso de Ercilla y Zuñiga… Edição de Antonio de Sancha. Madrid MDCCLXXVI. (Parte II, Canto XVIII, pág. 59).

[2] Jerónimo Corte Real (c.1530-1588), Felicissima Victoria concedida del cielo al señor don Iuan d’Austria, en el golfo de Lepanto de la poderosa armada Othomana, en el año de nuestra salvacion de 1572. Compuesta por Hieronymo Corte Real, Cavallero Portugues. Impressa con licencia y approbacion Lisboa 1578. (Canto I, pág. 5).

[3] Jerónimo Corte Real (c.1530-1588), Felicissima Victoria concedida del cielo al señor don Iuan d’Austria, en el golfo de Lepanto de la poderosa armada Othomana, en el año de nuestra salvacion de 1572. Compuesta por Hieronymo  Corte Real, Cavallero Portugues. Impressa con licencia y approbacion Lisboa 1578. (Canto I, pág. 1v).

[4] Jerónimo Corte Real (c.1530-1588), Felicissima Victoria concedida del cielo al señor don Iuan d’Austria, en el golfo de Lepanto de la poderosa armada Othomana, en el año de nuestra salvacion de 1572.  Lisboa1578. (Canto IV, pág. 50).

[5] Fernando de Herrera (1534-1597), Elegia III de Algunas Obras de Fernando de Herrera, En Sevilla en casa de Andrea Pescioni, Ano de M. D. LXXXII. In Fernando de Herrera, Algunas Obras Edicion al Cuidado de Begona Lopez Bueno, Sevilla 1998. (pág. 230).

[6] Luís Cabrera de Cordoba (1559-1623), Historia de Felipe Segundo, Rey de España (1619). Tomo Segundo, Imprenta, Estereotipia y Galvanoplstia de Aribau y C.ª, Impressores de Câmara de S. M. Madrid 1876. (Libro IX, Capítulo XXV, pág. 113).

[7] Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616), Epístola a Mateo Vasquez, in Edición digital a partir de Cervantes: Bulletin of the Cervantes Society of America. Volume XXIII, Number 1 (Spring 2003), pp.215-222.

[8] Alonso de Ercilla y Zuniga (1533-1594) La Araucana dirigida al Rey Don Felipe Nuestro Señor su autor Don Alonso de Ercilla y Zuñiga… Por Antonio de Sancha Madrid MDCCLXXVI. (parte II, canto 24, pag.164).

[9] Jerónimo Corte Real (c.1530-1588), Felicissima Victoria concedida del cielo al señor don Iuan d’Austria, en el golfo de Lepanto de la poderosa armada Othomana, en el año de nuestra salvacion de 1572.  Lisboa1578. (Canto Decimotercio, pág. 175)

[10] Jerónimo Corte Real (c.1530-1588), Felicissima Victoria concedida del cielo al señor don Iuan d’Austria, en el golfo de Lepanto de la poderosa armada Othomana, en el año de nuestra salvacion de 1572.  Lisboa1578. (pág. 173).

[11] Jerónimo Corte Real (c.1530-1588), Felicissima Victoria concedida del cielo al señor don Iuan d’Austria, en el golfo de Lepanto de la poderosa armada Othomana, en el año de nuestra salvacion de 1572.  Lisboa1578 (Canto 12, pág. 165).

[12] Alonso de Ercilla y Zuñiga (1533-1594) La Araucana dirigida al Rey Don Felipe Nuestro Señor su autor Don Alonso de Ercilla y Zuñiga… Por Antonio de Sancha Madrid MDCCLXXVI. (Parte II, Canto XXIV, pág. 155).

[13] Alonso de Ercilla y Zuñiga (1533-1594) La Araucana dirigida al Rey Don Felipe Nuestro Señor su autor Don Alonso de Ercilla y Zuñiga… Por Antonio de Sancha Madrid MDCCLXXVI. (Parte II, Canto XXIV, pág. 164).

[14] Jerónimo Corte Real (c.1530-1588), Felicissima Victoria concedida del cielo al señor don Iuan d’Austria, en el golfo de Lepanto de la poderosa armada Othomana, en el año de nuestra salvacion de 1572.  Lisboa1578. (Canto Decimoquarto, pág.193v).

[15] Jerónimo Corte Real (c.1530-1588), Felicissima Victoria concedida del cielo al señor don Iuan d’Austria, en el golfo de Lepanto de la poderosa armada Othomana, en el año de nuestra salvacion de 1572.  Lisboa1578. (Canto Decimoquarto, pág.194).

[16]  Alonso de Ercilla y Zuñiga (1533-1594) La Araucana dirigida al Rey Don Felipe Nuestro Señor su autor Don Alonso de Ercilla y Zuñiga… Por Antonio de Sancha Madrid MDCCLXXVI. (Parte II, Canto XXIV, pág.175)

[17] Jerónimo Corte Real (c.1530-1588), Felicissima Victoria concedida del cielo al señor don Iuan d’Austria, en el golfo de Lepanto de la poderosa armada Othomana, en el año de nuestra salvacion de 1572.  Lisboa1578. (Canto Decimoquarto, pág.195).