António Cruz (1907-2007). Paisagem.Aguarela 1945. Cat. da Exposição 2007-2008 Museu Nacional Soares dos Reis. Ed. Coop. Árvore CRL.
ventos livres passando devagar
Ouço um silêncio como um hino sem um canto
há uma ténue dor que adivinho e que não sinto
já tempo foi que pelas faces me corria o pranto
o dolente desencanto recantos do meu labirinto
Havia então esse olhar que de puro e excelente
quase entrevia a rápida mudança de momentos
a pureza inatingível das imagens que na mente
são como as verdades só duram curtos tempos
O furor febril de tantos espinhosos desenganos
que dão sombras indecisas vagas e dormentes
das ilusões criadas que acabamos por lamentar
Só o que nos faz ser então demasiado humanos
é um fresco incontinente frio que vem do oriente
soprando esses ventos livres passando devagar.
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