Pablo Picasso (1881-1973). “Pomba da Paz”, 28. 12. 61. litografia s/papel
48 x 60 cm. coleção particular.
tudo se acaba em versos em quase nada
A floresta iluminada suaviza a
sombra
no rumor distante do declinar da tarde.
Só o brando murmúrio daquela pomba
me eleva o quotidiano até à eternidade.
Vagueio com esse outro eu, um inimigo
a quem desafio neste tempo tão incerto.
Tropeço caindo em mim como o castigo
de longe ir buscar o que se abriga perto.
Desse diálogo comigo, sempre consigo,
na seara da alma descobrir algo perdido
aquele meu outro eu que foi um inimigo
com quem me batia em combate antigo.
Travei com esse avesso lutas esquecidas
de onde restaram ruínas, terra queimada
por fim já cansados lambendo as feridas
tudo se acaba em versos em quase nada.
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