segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

poemas recuperados 4

Fernando Lanhas (1923-2012). Cais 44 1944, óleo s/tela 31 x 45 cm. Museu Nacional de Arte Contemporânea. Museu do Chiado. Lisboa.

porto seguro

Vai-se a frescura a sombra o perfume e o abrigo

se as árvores esquecerem os frutos que pariram

e se todas elas no seu conjunto correrem perigo

dê-se-lhes descanso de tudo isso que passaram.

 

No mundo que vivemos de prazeres e dissabores

somos nós que os queremos e que os desejamos

é por finos corredores que as mercedes e favores

só em nós acharemos mais aquilo que buscamos.

 

Pois é tão grande toda a carga e a vida trabalhosa

planos, intervalos, quebras, saltos, o que se quiser

se a plena luz nos dilui e nos faz exatos no escuro.

 

Não se faça mais amarga toda a batalha temerosa

que de ano a ano vamos elaborando para perceber

só com um bom vento se pode arribar porto seguro.

Sem comentários:

Enviar um comentário