Figura 1 – Rua Cândido dos Reis c.1924/25. Foto n.º 90 in
Porto Margens do Tempo. Texto de Mário Cláudio – Fotos “Fotografia Beleza”. Direcção
gráfica de Armando Alves. Livraria Figueirinhas 1994 (reimpressão 2001).
Edifício situado na rua que, a partir da
República, se chamou de Cândido dos Reis *.
A rua foi aberta no espaço que resultou
do desaparecimento do convento das Carmelitas e que sucessivamente se chamou,
Largo do Correio-Mor e rua do Correio, Largo dos Ferros Velhos e rua da Rainha
Dona Amélia.
Irá ser demolido por volta de 1925 para a
edificação do Edifício Conde de Vizela (1917/33) projecto do arquitecto José
Marques da Silva (1869-1945).
É um edifício de
rés-do-chão com 6 portas de madeira, e um piso com correspondentes aberturas com
varanda com guardas de ferro, cobertura de telha redonda e com a fachada com azulejos.
Pelo conjunto de
cartazes, alguns muito deteriorados, mas outros há que nos ajudam a situar a
fotografia entre o final de 1924 e o início de 1925.
No lado esquerdo da fachada (figura 2) podemos observar no piso superior:
Figura 2 –
Pormenor do lado esquerdo da figura 1.
. Um cartaz do Teatro Aguia D’Ouro anunciando um sarau do “Orfeon do Porto.”
Figura 3 - Programa de Sarau-Concerto
promovido pelo Orfeão do Porto, sob a direção de Raul Casimiro. O evento
foi realizado no Teatro Águia d'Ouro, no Porto, no dia 30 de
Setembro de 1921.
https://anossamusica.web.ua.pt/ecdetails.php?ecid=82#
Na parte central da fachada (figura 4) no piso superior correspondente às 4 aberturas não estão afixados quaisquer cartazes.
Figura 4 – Pormenor da parte central da figura 1.
Mas no piso térreo da esquerda para a direita podemos observar:
- Um cartaz irreconhecível onde parece estar escrita a palavra França.
- Um cartaz do Teatro S. João
O Teatro de S. João, para além de récitas e saraus, apresentava por estes anos várias temporadas de teatro lírico. Na temporada de 1924 apresentou entre outros espectáculos O Cavaleiro da Rosa de Richard Strauss e Os Mestres Cantores de Richard Wagner com o maestro Tullio Serafin (1878-1968) organizados pela Empresa Ercoli Casali.
Figura 5 –
Programa da apresentação de Os Mestres Cantores de Richard Wagner em 3 de Maio
de 1924 no Teatro S. João do Porto. AHMP.
E peças de teatro como a peça em 4 actos L’Amour de Henry Hubert Alexandre Kistemaeckers (1872-1938) pela Companhia da Porte Saint Martin (apresentada pela 1ª vez em Paris a 7 de Outubro de 1924) tendo como intérpretes: M.elle Pascal, Mr. Paul Magniér, e representada em Lisboa e no Porto, no início de 1925. Poderá ser o cartaz colocado na fachada.
- Um cartaz do desafio de futebol entre o Porto e Lisboa que tudo leva a
crer seja o desafio no Porto em 1924. (figura 6).
Figura 6 – Pormenor da figura 1 com o cartaz (do XVII?) desafio de foot-ball entre as selecções do Porto e de Lisboa.
Mostrando o desenvolvimento e a popularidade que por estes anos o futebol vai ganhando em Portugal, no início do ano de
1925 inicia-se a publicação de O Domingo
Ilustrado. No seu número 2 de 25 de Janeiro 1925, apresenta na capa uma
imagem do encontro entre as duas seleções que se realiza nesse dia. (figura 7)
Figura 7 – Capa
de O Domingo Ilustrado n.º2 de 25 de Janeiro de 1925.
Na sua página 4 refere
que “O Iº Porto-Lisboa realizou-se em
1914 e foi principio assente haver sempre dois encontros por época, o primeiro
na capital e o segundo no Porto.”
Assim em 1924 no
encontro de Lisboa referido na Ilustração Portuguesa houve um empate a zero. (figura
8)
Figura 8 –
Ilustração Portuguesa n.º 936 de 24 de Janeiro de 1924. (pág. 109).
Mas em 23 de Março de 1924 o Porto triunfou pela 1ª vez com um resultado de 3 bolas a uma (3-1).
E pelo título da coluna “Foot-ball” na 1ª página do Diário de Lisboa de 26 de Janeiro de 1925 ficamos a saber que “Mais uma vez o grupo lisboeta venceu a selecção do Porto.”
E o Diário de Lisboa
ao referir o resultado de 6-1 refere que
“a “equipe” representativa de Lisboa em “foot-ball association” vingou ontem,
aparentemente bem, o desaire sofrido na época passada no Porto, contra o grupo
da capital do Norte.” (figura 9)
Figura 9 – Pormenor da 1ª página do Diário de Lisboa de 26 de Janeiro de 1925.
No lado ocidental da fachada do edifício
Figura 10 – Pormenor do lado occidental do edificio.
. Um cartaz dirigido
aos “industriaes - comerciantes - agricultores”
. Um cartaz deteriorado
. Um outro cartaz de futebol
referindo um encontro entre o F.C.P e o V.F.C. (Vilanovense Futebol Club?),
mostrando como nos anos vinte o futebol se vai expandindo até se tornar quase
hegemónico no desporto nacional.
Figura 11 – Pormenor da fachada mostrando o cartaz Eduardo Brazão.
O Cartaz refere, provavelmente, a publicação em 1925 do livro Memórias de Eduardo Joaquim
Brazão (1851-1925), o conhecido actor que no início desse ano são publicadas
notícias referindo essa publicação. (figura 12)
Figura 12 – A publicação Memorias de Eduardo Brazão que seu filho* compilou
e Henrique Lopes Mendonça **prefacia da Empresa da Revista de Teatro L.da
Editora. 1925.
*Eduardo Brazão
(1907-1987)
**Henrique Lopes Mendonça (1856-1931)
A Revista De Teatro – Revista de Teatro e Música foi publicada entre
Setembro de 1922 e Agosto de 1927.
E após a publicação do Livro Teresa Leitão de Barros (1898-1983) no mesmo
Domingo Ilustrado dá notícia da publicação: “O grande público, o anónimo juís que
tantas vezes exaltou o talento histriónico de Eduardo Brazão, teve agora um bom
pretexto para tornar a dar-lhe palmas, com a mesma expontaniedade de sempre.
Numa semana o grande público fez exgotar a primeira edição dum livro que se
intitula “Memórias de Eduardo Brazão”. (Domingo ilustrado n.º 12 de 5 de
abril 1925.)
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