segunda-feira, 20 de maio de 2024

imagens da cidade do Porto há cem anos 3

 

Figura 1 – Rua Cândido dos Reis c.1924/25. Foto n.º 90 in Porto Margens do Tempo. Texto de Mário Cláudio – Fotos “Fotografia Beleza”. Direcção gráfica de Armando Alves. Livraria Figueirinhas 1994 (reimpressão 2001).


Edifício situado na rua que, a partir da República, se chamou de Cândido dos Reis *.

A rua foi aberta no espaço que resultou do desaparecimento do convento das Carmelitas e que sucessivamente se chamou, Largo do Correio-Mor e rua do Correio, Largo dos Ferros Velhos e rua da Rainha Dona Amélia.

Irá ser demolido por volta de 1925 para a edificação do Edifício Conde de Vizela (1917/33) projecto do arquitecto José Marques da Silva (1869-1945).

 *Carlos Cândido dos Reis (1852-1910), o “Almirante Reis”, um dos revolucionários da República, que se suicidou pensando que o golpe militar de 5 de Outubro iria fracassar.

 

É um edifício de rés-do-chão com 6 portas de madeira, e um piso com correspondentes aberturas com varanda com guardas de ferro, cobertura de telha redonda e com a fachada com azulejos.

Pelo conjunto de cartazes, alguns muito deteriorados, mas outros há que nos ajudam a situar a fotografia entre o final de 1924 e o início de 1925.

No lado esquerdo da fachada (figura 2) podemos observar no piso superior:
























Figura 2 – Pormenor do lado esquerdo da figura 1.

 . A placa toponímica dos anos 20

. Um cartaz do Teatro Aguia D’Ouro anunciando um sarau do “Orfeon do Porto.” 

Apresentamos (figura 3) um cartaz de 1921 anunciando um sarau do Orfeon do Porto no teatro Águia D’Ouro.



 






















Figura 3 - Programa de Sarau-Concerto promovido pelo Orfeão do Porto, sob a direção de Raul Casimiro. O evento foi realizado no Teatro Águia d'Ouro, no Porto, no dia 30 de Setembro de 1921.

https://anossamusica.web.ua.pt/ecdetails.php?ecid=82#

Na parte central da fachada (figura 4) no piso superior correspondente às 4 aberturas não estão afixados quaisquer cartazes.
































Figura 4 – Pormenor da parte central da figura 1.


Mas no piso térreo da esquerda para a direita podemos observar:

  • Um cartaz irreconhecível onde parece estar escrita a palavra França.
  • Um cartaz do Teatro S. João

O Teatro de S. João, para além de récitas e saraus, apresentava por estes anos várias temporadas de teatro lírico. Na temporada de 1924 apresentou entre outros espectáculos O Cavaleiro da Rosa de Richard Strauss e Os Mestres Cantores de Richard Wagner com o maestro Tullio Serafin (1878-1968) organizados pela Empresa Ercoli Casali.























Figura 5 – Programa da apresentação de Os Mestres Cantores de Richard Wagner em 3 de Maio de 1924 no Teatro S. João do Porto. AHMP.


E peças de teatro como a peça em 4 actos L’Amour de Henry Hubert Alexandre Kistemaeckers (1872-1938) pela Companhia da Porte Saint Martin (apresentada pela 1ª vez em Paris a 7 de Outubro de 1924) tendo como intérpretes: M.elle Pascal, Mr. Paul Magniér, e representada em Lisboa e no Porto, no início de 1925. Poderá ser o cartaz colocado na fachada.

  • Um cartaz do desafio de futebol entre o Porto e Lisboa que tudo leva a crer seja o desafio no Porto em 1924. (figura 6).























Figura 6 – Pormenor da figura 1 com o cartaz (do XVII?) desafio de foot-ball entre as selecções do Porto e de Lisboa.

 

Mostrando o desenvolvimento e a popularidade que por estes anos o futebol vai ganhando em Portugal, no início do ano de 1925 inicia-se a publicação de O Domingo Ilustrado. No seu número 2 de 25 de Janeiro 1925, apresenta na capa uma imagem do encontro entre as duas seleções que se realiza nesse dia. (figura 7)

 



Figura 7 – Capa de O Domingo Ilustrado n.º2 de 25 de Janeiro de 1925.

 

Na sua página 4 refere que “O Iº Porto-Lisboa realizou-se em 1914 e foi principio assente haver sempre dois encontros por época, o primeiro na capital e o segundo no Porto.”

Assim em 1924 no encontro de Lisboa referido na Ilustração Portuguesa houve um empate a zero. (figura 8)

 

 


 

 


Figura 8 – Ilustração Portuguesa n.º 936 de 24 de Janeiro de 1924. (pág. 109).

 

Mas em 23 de Março de 1924 o Porto triunfou pela 1ª vez com um resultado de 3 bolas a uma (3-1).

 O Domingo Ilustrado de 25 de Janeiro refere que o 1º encontro de 1925 “se realizará pelas 15 horas no Campo Grande”

E pelo título da coluna “Foot-ball” na 1ª página do Diário de Lisboa de 26 de Janeiro de 1925 ficamos a saber que “Mais uma vez o grupo lisboeta venceu a selecção do Porto.”

E o Diário de Lisboa ao referir o resultado de 6-1 refere que “a “equipe” representativa de Lisboa em “foot-ball association” vingou ontem, aparentemente bem, o desaire sofrido na época passada no Porto, contra o grupo da capital do Norte.” (figura 9)



Figura 9 – Pormenor da 1ª página do Diário de Lisboa de 26 de Janeiro de 1925.

  

No lado ocidental da fachada do edifício

 



















Figura 10 – Pormenor do lado occidental do edificio.

 

 No piso superior

. Um cartaz dirigido aos “industriaes - comerciantes - agricultores”

 . Um cartaz ilegível

 No piso térreo

. Um cartaz deteriorado

. Um outro cartaz de futebol referindo um encontro entre o F.C.P e o V.F.C. (Vilanovense Futebol Club?), mostrando como nos anos vinte o futebol se vai expandindo até se tornar quase hegemónico no desporto nacional.

. Um cartaz sobre Eduardo Brazão (figura 11)
























Figura 11 – Pormenor da fachada mostrando o cartaz Eduardo Brazão.

 

O Cartaz refere, provavelmente, a publicação em 1925 do livro Memórias de Eduardo Joaquim Brazão (1851-1925), o conhecido actor que no início desse ano são publicadas notícias referindo essa publicação. (figura 12)

























Figura 12 – A publicação Memorias de Eduardo Brazão que seu filho* compilou e Henrique Lopes Mendonça **prefacia da Empresa da Revista de Teatro L.da Editora. 1925.


*Eduardo Brazão (1907-1987)

**Henrique Lopes Mendonça (1856-1931)

 

A Revista De Teatro – Revista de Teatro e Música foi publicada entre Setembro de 1922 e Agosto de 1927.

 “A empresa da Revista de “Teatro” que prossegue numa bela e encorajadora obra dentro do teatro portugês, vai lançar no mercado um livro sensacional: as memórias do grande Brazão” (Domingo ilustrado n.º 8 de 8 de março 1925).

E após a publicação do Livro Teresa Leitão de Barros (1898-1983) no mesmo Domingo Ilustrado dá notícia da publicação: O grande público, o anónimo juís que tantas vezes exaltou o talento histriónico de Eduardo Brazão, teve agora um bom pretexto para tornar a dar-lhe palmas, com a mesma expontaniedade de sempre. Numa semana o grande público fez exgotar a primeira edição dum livro que se intitula “Memórias de Eduardo Brazão”. (Domingo ilustrado n.º 12 de 5 de abril 1925.)

 


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