sábado, 11 de maio de 2024

poemas recuperados 24


Pieter Brueghel o velho (c. 1525-1569). O Triunfo da Morte (De Triomf van de Dood) c. 1562/1563. Óleo s/ painel 117 x 152 cm. Museu do Prado Madrid. 


tempo de catástrofe permanente

Sine ira et studio quorum causas procul habeo. Tacito *

 

 Sem a raiva e a paixão por aquelas causas

que parecem de mim ridículas já afastadas

com os mitos que vão arrasando ideologias

em gastas e inúteis polémicas já passadas.

 

Vespertino dourado sol que se vai atrofiando

escasseando o ar e ondas do mar queimadas

ao cair do dia os raios já não vão espelhando

a calma luz entre rubras folhas emaranhadas.

 

Demasiado cansado para combates dia-a-dia

por tão torpes destinos que até não são meus

sentindo a natureza desesperada em agonia

 

as estações, atmosfera, enfim todo ambiente

que a humanidade vai destruindo e maltratando

em desastrado tempo de catástrofe permanente.


*“sem raiva e paixão por causas que me são alheias”. Cornelio Publio Tacito (c. 56/7- 120). Annali lib.I cap 1

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