quinta-feira, 7 de outubro de 2021

 



David Teniers, o Jovem (1610-1690), O Outono 1644, óleo s/ cobre, 22,1 x 16,4 cm. National Gallery Londres.


Soneto para o meu 77º aniversário 

 

São já setenta e sete anos que a mim chega, amadurecido

com uma outra cuidada lucidez, mais um feliz novo outono.

Neste silêncio de tardes cinzas e neste sopro de abandono

é o seu aveludado abraço que agora ganha novo sentido.                                                                

 

Tropeço no outubro dourado que em mim sempre está escrito,

mas não me vou entristecer ao olhar estes fragmentos e ruídos,

porque na alegria que me renova, nunca me perco em descuidos.

Sei que as folhas mudam, mas ficam as raízes em terra de granito.

 

No outono onde de novo tudo é novo, eu renasço em vida.

E se Mnemosine sempre inventa, segreda, cria e conspira

dando cores e tons àqueles fragmentos de lembrança tecida,

 

essa memória que sabe sempre que sabe, mesmo o que evita,

e que vai mapeando os lugares onde nunca estive ou jamais vira

é, sempre será, aquele lugar onde, em mim, a liberdade habita.


7 de Outubro de 2021

3 comentários:

  1. Apreciado Sr. Figuereido.
    Muchas felicidades en su aniversario.
    Le deseamos lo mejor, y esperamos seguir leyendo sus fantásticas entradas.
    Un fuerte abrazo de sus amigos.
    Sebastià y Ferran Lería (rails i ferradures)

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  2. Muitos parabéns e que muitos mais sonetos vejam a luz neste dia.
    Cumprimentos

    Américo Conceição (Porto de Antanho)

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