John Martin (1789-1854), The great day of His
wrath. 1851/53, óleos/tela 196,5 x 303,2 cm. Tate Gallery Londres
sem arte nem grandezas
Acordo a
vaguear em pavorosos e pesados pesadelos
por
corredores sinistros de esquecidos palácios velhos
onde nas
poças, aromas e destroços rolam em novelos,
criando
viscosos lodos que tornam imundos os cabelos.
De todo o
lado cai a chuva de nuvens negras e raivosas
troam
muito maldosamente lívidas tormentas pelos ares
estalam
em fúria tufões e ventanias inquietas revoltosas
em
funestos longes urram horrendamente roucos mares.
Soltam-se
em pavor as assustadoras refregas e rajadas
como
facas irrompem garras e afiando aguçados dentes
das
cruéis e ferozes feras que selvagemente acordadas
no violento
vento que cuspido vai secando as nascentes.
Estão
ateados os incêndios em venenosas roxas brasas
as suas
cinzas agitam nos ares redemoinhos que ardem
amontoando
negros pedaços das velhas confusas casas
que
arruinadas espalham caos em redundante desordem.
A
tempestade ergue negras pedras agrestes enfurecidas
duros e
maduros rochedos se estilhaçam despedaçados
ávidos sopros
vão rasgando o linho de velas esquecidas,
espalhando
no mar farrapos maléficos e esfrangalhados.
Tudo faz
com que o estremecer de medo e terror pareça
esse
pântano viscoso de pavor sem arte e sem grandeza
as incessantes ânsias e raivosas tempestades na cabeça
se
confundam com os loucos e mortais gritos da natureza.