segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

poemas recuperados 34

 




Joseph Beuys (1921-1986) capri batterie 1985 Candeeiro com tomada, em caixa de madeira e limão. 08 x 11 x 06 cm. Múltiplo. Scottish National Gallery, Edinburgh, UK.




“Il silenzio era un inno senza voce”

 D’Annunzio *

De tão humanos que somos, queremos abandonar

essa sucata urbana onde habita o erro e o engano,

nas pedras sombrias do poço esquivo do passado

recuperar tudo o que é banal, pacato e provinciano.             

 

Voltar aos recantos de sossego, silêncios e espanto

onde este rio em que o tempo que passa é nevoeiro,

o lugar onde a memória balança, estremece e dança

nesse instante de sonho que contém o tempo inteiro.

 

Nesse fugidio momento em que a surpresa acontece

nos sombrios, flutuantes e frios arquivos da memória

onde as mais salgadas palavras escorrem como água

 

E pura e limpa, desbastada e polida, na treva espessa,

evoca os passados anos em que sonhamos acordados

d’onde sacudimos a bruma que esconde toda a mágoa.

 

 

 *Gabriele D'Annunzio La Canzione del Sangue. In Le Canzioni della Gesta d’Oltremare. Laudi del cielo del mare della terra e degli eroi. libro 4. Merope. 2. ed. Fratelli Treves Editori Milano 1912. (pág. 27).


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