Paul Cézanne (1839-1906) Rochers à Fontainebleau 1868 óleo s/tela 41 x
33 cm. Col. Particular.
Passou como o Verão, o
ardente Estio,
umas cousas por outras se
trocaram;
os fementidos Fados já
deixaram
do mundo o regimento, ou
desvario.
Luís de Camões*
Atrás de mim esta
estrada que escolhi
percalço respirando a
dúvida dolente
tão aberta sem fim
impossível infinita
recanto certo de
escuridão pendente.
Destroçado silêncio
roído pelo tempo
viagem entre
pedregulhos e granitos
perdas e profecias
agarradas à cidade
papiros de segredos
sombras e gritos.
A liberdade vigiada neste pátio imundo
a ânsia agreste que
fraco vou sentindo
postigo para eu recortar tudo no mundo.
Neste sobressalto pelo abismo tentador
correndo pelo poço
esquivo do passado
eis as incertezas com que a vida cria dor.
* Luís de Camões Soneto CXVIII in Obras de Luís
de Camões Lello & Irmão – Editores Poro 1970. (pág. 63).
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