Apontamentos sobre a Lisboa e Sevilha nos séculos XVI e XVII (4)

 

Apontamento 4 – Felipe II rei de Espanha

 

Em 1556, Filipe (1527-1598), filho de Carlos V de Habsburgo (1500-1555) e da filha de D. Manuel I, Isabel de Portugal (1503-1539), torna-se rei de Espanha como Felipe II, “el Rey Prudente”.

Em 1561 transfere a capital do reino de Toledo para Madrid, onde dois anos mais tarde, nos arredores da nova capital funda o grandioso mosteiro do Escorial, El Real Sítio de San Lorenzo de El Escorial, obra de Juan Bautista de Toledo (c.1515-1567) e, na morte deste, continuada por Juan Herrera (1530-1597). O Escorial será concluído em 1586.

fig. 23 - Pedro Perret (1555-1625?), Perspectiva general del Monasterio de San Lorenzo de El Escorial 1587. Aguaforte e buril s/ papel 56,2 x 85,7 cm. Museu do Prado Madrid.

Na parte superior "CVM PRIVILEGIO" e na parte inferior: "SCENOGRAPHIA" "TOTIUS FABRICAE, S. LAVRENTII". "IN ESCORIALI". No canto inferior esquerdo assinado Petrus Perret.

Trata-se do sétimo desenho de um conjunto do projecto do Escorial, desenhado por Pedro Perret para Juan Herrera.

 
Os casamentos de Felipe II

 

Felipe, em 1543, ainda príncipe herdeiro, casou-se com a sua prima Maria Manuela de Portugal (1527-1545), filha de D. João III de Portugal e Catarina da Áustria, que três anos depois morreu de parto. No século XVI os casamentos reais resultavam de estratégias políticas e, por isso, Felipe II volta a casar-se em 1551 com Maria Tudor (1516-1558).

Em 1560 casa com Isabel de Valois (1545-1568) e em 1570 com Ana de Áustria (1549-1580).

 

Os retratos reais

Felipe II, no retrato pintado por Tiziano Vecellio em 1551, apresenta-se iluminado de frente, olhando o espectador, numa pose de guerreiro vencedor, de pé, envergando uma rica armadura, a mão esquerda segurando a espada, e a direita pousada sobre o elmo, junto ao qual se encontra uma manápula, pousados sobre uma mesa coberta por uma rica toalha vermelha.

 

fig. 24 - Tiziano Vecellio (1490-1576), Retrato de Felipe II 1551. Óleo sobre tela 193 × 111 cm. Museu do Prado Madrid.

 

Compare-se este retrato com o retrato do jovem D. Sebastião (1554-1578), rei de Portugal de 1557 a 1578, sensivelmente da mesma época, que, embora não seja de corpo inteiro, apresenta a mesma pose e o mesmo tipo de armadura.

 

fig. 25 - Cristóvão de Morais (c. 1530-?), “D. Sebastião” (1554-1578)”, c. 1571-74. Óleo s/tela 100 x 85 cm. Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA). Lisboa.