quarta-feira, 6 de agosto de 2025

A “Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes” Paris 1925. 8 V Parte

 

Outras realizações e pavilhões na Exposição das Artes decorativas Paris 1925.

 

Le “Village Français” (120)

 


fig. 1  – Le Village Français à l’Exposition des Arts Décoratifs d’aprés une aquarelle de Bernard*. .in La Construction Moderne n. º 6 du 8 Novembre 1925. (pág. 61).

[*Émile Bernard (1868-1941)]

 Destacamos, a “Village Français”, no Cours Albert I, por um grupo de arquitectos sob a direcção de Charles Genuys (1852-1928), um conjunto simulando uma pequena povoação francesa com os seus edifícios.



fig. 2 – Une Rue du Village Français. Postal AN 147 Paris.

Apesar do postal, o crítico Antony Goissaud, escreve que esta “Village Français”, não tem, pelo menos uma praça central, onde se situem a Câmara e a igreja, nem uma rua principal :

“O terreno ocupado pela Village Français, localiza-se na Cours Albert-Ier, entre a Maison d’Alsace e a Maison de Bretagne, sendo que estes dois edifícios não fazem parte da Village.

É pena que este local seja muito pequeno; cada arquitecto teve de se contentar com um terreno muito limitado e construir pequeno. É uma estreita faixa de terreno que não permite que a Village tenha ruas e uma praça, ou sequer uma única rua delimitada de ambos os lados por uma fileira de casas; a própria Câmara Municipal não pôde ser isolada e perdeu todo o seu carácter, afogada no meio de outros edifícios, com uma fachada muito estreita.

Para criar carácter, para ter casas que não pareçam estar no ar, seria necessário um terreno maior, um local muito mais vasto. Porque é que então a cidade de Paris não organiza uma exposição de casas rurais que seria incentivada e apoiada pelo Estado? Todos seriam beneficiados: os arquitectos conseguiriam trabalho, os inquilinos sem apartamentos ganhariam uma moradia. As casas vendidas em leilão atingiriam um bom preço, o que aliviaria os cofres municipais. Estas moradias agradariam porque o género é um tanto apetecível. Naturalmente, não se trataria de construir edifícios agrícolas com vacas e galinhas, as quais aliás, não existem na Village Français!”  [1]

 


fig. 3  – Plan du Village Français in Paris, arts décoratifs. Guide de l’Exposition.1925. Librairie Hachette : (pág. 240).

 

E Georges Le Fèvre critica a falsa “Village Française”, referindo ainda a secção Colonial.

 “Quanto à moderna aldeia francesa, que gostaríamos de ver tratada com uma consciência mais real dos problemas da vida rural de hoje, ela evoca, através das suas Lojas Reunidas e a sua Olaria, apenas um encantador recanto emprestado do cenário dos Cantores de Nuremberga. Tudo isto nada tem a ver com a realidade.

Porque é que esta cobertura está colocada tão alto, perto do telhado da Escola? Protegerá as crianças da chuva? Esqueçamos rapidamente o Cemitério e o Marmorista, onde o mármore é óbvio, para terminar o nosso passeio pelo Cours Albert I com uma visita aos pavilhões coloniais cuja arquitectura nada nos diz, pois é uma cedência feita pela nossa cultura e pelos nossos gostos às exigências de um clima, às cores de um céu, aos hábitos de populações indígenas, decididamente demasiado distantes.”  [2]   



[1] L’emplacement occupé par le Village Français est situé au Cours Albert-Ier entre la Maison d’Alsace et la Maison de Bretagne, ces deux constructions ne faisant pas partie du Village. Il est très regrettable que cet emplacement soit trop restreint, chaque architecte a dû se contenter d’un terrain trop petit et faire très petit. C’est une bande de terrain étroite ne permettant pas au Village d’avoir des rues et une place et même une seule rue bordée des deux côtés par un alignement de maisons ; la Mairie elle-même n’a pas pu être isolée et perd tout caractère, noyée au milieu d’autres constructions, avec une façade trop étroite.
Pour marquer du caractère, pour avoir des maisons qui ne semblent pas comme en l'air, il faudrait un grand emplacement, un emplacement très vaste. Pourquoi alors la Ville de Paris n’organiserait-elle pas à son tour une exposition de maisons paysannes qui serait encouragée et soutenue par l’Etat ? Tout le monde y trouverait profit : les architectes auraient des travaux, les locataires sans appartement une villa. Les maisons vendues aux enchères atteindraient un bon prix qui allégerait les caisses municipales. Ces villas plairaient parce que le genre est quelque peu goûté. Il ne s’agirait pas, naturellement, de construire des bâtiments agricoles avec des vaches et des poules, il n’y en a d’ailleurs pas au Village Français !  Antony Goissaud La Construction Moderne 41 Année, n.1, 4 Octobre 1925  (pág. 2)

[2] Quant au village français moderne que nous aurions voulu voire traité avec une conscience plus réelle des problèmes de la vie rurale d’aujourd’hui, il n’évoque, par ses Magasins réunis et sa maison du potier, qu'un petit coin charmant emprunté au décor des Chanteurs de Nuremberg. Tout cela n’a rien de commun avec la réalité.
Pourquoi cet auvent placé si haut, juché près du toit de l’école ? Protégera-t-il les enfants de la pluie ? Oublions vite le cimetière et la maison du marbrier, eu marbre évidemment, pour terminer notre promenade le long du Cours Albert Ier par la visite des pavillons coloniaux dont l’architecture ne nous apprend rien, puisqu’elle est une concession faite par notre culture et nos goûts aux exigences d’un climat, aux couleurs d’un ciel, aux habitudes de populations indigènes, décidément trop lointains. Georges Le Fèvre L’Architecture L’Art Vivante n.º 19 1e Octobre 1925. (pág. 29).   

 

 

 

A Mairie du Village (Câmara Municipal) de Hector Guimard (1867-1942)

 




fig. 4 – La Mairie du Village Français. Guimard Arch. Postal AN 157. Paris.

 

Antony Goissaud escreve na La Construction Moderne :

“Hoje apresentamos “la Mairie du Village”, projetada pelo Sr. Hector Guimard. Não continuaremos a dizer "Monsieur Guimard", soa mal aos ouvidos porque geralmente dizemos "à Guimard". Quando nos referimos a um homem desta forma, é porque ele já adquiriu uma certa reputação e, de facto, Hector Guimard é um dos homens do nosso tempo que teve o seu momento de fama; ainda dizemos: é um “Guimard”, o estilo Guimard era um nome comum há alguns anos.” [1]


fig. 5 – Plan de la Mairie du Village Français. Guimard, Architecte.in La construction Moderne du 8 Novembre 1925. (pág. 65).

 

E Antony Goissaud prossegue analisando o edifício da Mairie.

 O aspecto exterior.

A fachada principal é feita de amiantino com inúmeras secções de pedra; primeiro uma altura de pedra cinzenta, fortemente tingida que forma um soco “sem saliência”, depois as outras partes em pedra branca; são eles: um revestimento de quatro alturas de pedras trabalhadas, aberto de cada lado por uma abertura na mesma posição nua que o revestimento de amianto, como toda a pedra aparelhada do edifício que têm apenas os peitoris das janelas salientes.

Os peitoris das janelas sobressaem na sua parte central formando uma caleira ligeiramente ornamentada; amolecem suavemente nos seus lados até à parede nua, a face superior dos suportes é ligeiramente em forma de cuvette que termina na calha central.

Todas as molduras das janelas e portas são de pedra com arestas suavizadas; os lintéis não têm a sua face frontal voltada para a parede nua, sendo a sua borda inferior ligeiramente recuada, esta face inclinada para o interior aumentando, por isso, a iluminação, não é muito inclinada para que os lintéis protejam melhor os caixilhos das janelas contra a chuva.

Para quebrar a monotonia de uma fachada plana, o arquiteto posicionou a sua entrada no eixo de uma avancée ligeiramente curvo, o que confere também, como mostra a planta, uma forma graciosa aos degraus do pórtico da entrada principal e até ao passeio.

As inscrições com letras em relevo são sobre um fundo dourado; estas letras foram esculpidas em faixas de pedra que se destacam, pela sua forma plana, muito bem nesta parte curva construída em amiantino.

A fachada principal ergue-se ao centro por uma espécie de empena quase trapezoidal, cuja parte superior forma uma coroa saliente suportada por uma laje de três águas assente numa consola. A parte inferior desta laje é esculpida de forma simples, ao estilo de Guimard, mas um novo Guimard, com a consola a adelgaçar, para ter apenas uma projeção muito leve, no pilarete central que separa as quatro pequenas janelas geminadas. O mostrador do relógio tem uma moldura de pedra bem desenhada; à noite é uma rosácea luminosa composta por pétalas centrais de vidro branco opaco colocadas sobre outras pétalas de vidro vermelho contendo os números.”  [2]

 


fig. 6 – La Mairie du Village Français. Façade principale. Exposition des Arts Décoratifs et Industriels Modernes 1925. Hector Guimard Architecte. La Construction Moderne n. º 6 du 8 Novembre 1925 (pág. 66).



fig. 7 - La Mairie du Village Français. Façade postérieure. H. Guimard Architecte. (Photo P. Cadé*).in La Construction Moderne n. º 6 du 8 Novembre 1925 (pág. 63).

[*Edouard Jean-Baptiste Paul Cadé (1872-1956)]



[1] Nous présentons aujourd’hui « la Mairie du village », due à M. Hector Guimard. Nous ne continuerons pas à dire « Monsieur Guimard », cela sonne mal à l’oreille car on dit généralement à Guimard ». Quand on désigne ainsi un homme, c’est qu’il a déjà acquis une certaine réputation et en effet Hector Guimard est un des hommes de notre époque qui a eu son heure de célébrité; on dit encore : c’est du « Guimard », le style Guimard était une appellation courante il y a quelques années. Antony Goiassaud. La Construction Moderne n. º 6 du 8 Novembre 1925 (pág. 65).

 [2] L'aspect extérieur.

La façade principale est en briques amiantine avec parties nombreuses en pierre; d’abord une hauteur de pierre grise, fortement teintée qui forme un socle « sans saillie », puis les autres parties en pierre blanche ; ce sont : un parement de quatre hauteurs de pierres appareillées ouvert de chaque côté par un soupirail au même nu que le parement d’amiantine comme toute la pierre d’appareil de l’édifice qui n’a que ses appuis de fenêtres en saillie.
 Les appuis des fenêtres sont en saillie dans leur partie médiane qui forme rigole légèrement ornementée; ils s’amortissent doucement sur leurs côtés jusqu’au nu du mur, la face supérieure des appuis est légèrement en forme de cuvette qui se termine par la rigole médiane. Tous les encadrements de fenêtres ou de portes sont en pierre avec arêtes adoucies; les linteaux n’ont pas leur face antérieure au nu du mur, leur arête basse étant légèrement en retrait, cette face inclinée vers l’intérieur augmente donc l’éclairage, elle n’est pas très inclinée pour que les linteaux protègent encore bien les châssis des fenêtres contre la pluie.
Pour rompre la monotonie d’une façade droite, l’architecte a placé son entrée dans l’axe d’une avancée, légèrement bombée qui donne aussi comme le montre le plan, une forme gracieuse aux marches du Perron d’entrée principale et môme au trottoir.
Les inscriptions en lettres en relief sont sur un fond d’or; ces lettres ont été, taillées dans des bandeaux de pierre qui se détachent par leur forme droite, très bien sur cette partie bombée construite en amiantine.
La façade principale s’élève en son milieu par une sorte de pignon presque trapézoïdal dont la partie sunérieure forme un couronnement en saillie supporté par une dalle à trois pans soutenue par une console. Le dessous de cette dalle est sculpté d’une manière simple, à la Guimard, mais un Guimard nouveau, la console s’amortissant pour n’avoir qu’une très faible saillie sur le trumeau médian séparant quatre petites fenêtres jumelées.
 Le cadran de l’Horloge est dans un encadrement de pierre bien dessiné, le soir c’est une rosace lumineuse composée de pétales centrales de verre blanc opaque posées sur d’autres pétales de verre rouge portant les chiffres.Antony Goissaud, La Construction Moderne n. º 6 du 8 Novembre 1925 (pág. 66).

 


A Igreja do arquitecto Jacques Droz (1882-1955)



fig. 8 – L’Église du Village Français. J. Droz Architecte. Postal NA 93. Paris.

 

Diz Georges Le Fèvre sobre a Igreja:

 “A igreja, demasiado carregada de elementos pitorescos, é a igreja de um pintor ou de um encenador. Há um pouco de tudo e nada mais, ou seja, nada de peremptório. Este campanário, ou melhor, esta parede de sinos — ideia racional mas já expressa —, esta fachada onde o pórtico, a rosácea, os sinos dominam em proporções iguais são de uma agradável indiferença.”   [1]  

E Lionel Landry

“Na Village Français, a bonita igrejinha construída pelo Sr. Jacques Droz e decorada pela Sociedade de São João (destacam-se os frescos do Sr. Maurice Denis* e os azulejos do Sr. Maurice Dhomme**), embora a sua fachada e torre sineira sigam as tradições da construção em pedra, destaca-se também pela estética do betão, graças à feliz disposição das suas abóbadas. Assinalemos, de passagem, uma escola nas imediações da igreja, projectada pelo Sr. Paul Genuys.”    [2]

 [*Maurice Denis (1870-1943). **Maurice Dhome (1882-1975)]


A Escola de Paul Génuys (1881-1937)




fig. 9 –  Le Village Français : L’École Paul Genuys, architecte. Art et Décoration n. º 284. Août 1925. (pág. 57)

 

 La Maison de Tous de Alfred Agache (1875-1959)

 


 fig. 10– Le Village Français: La Maison de Tous. Alf. Agache, architecte. La Revue de l’Art  N.º 267, Juin 1925.(pág. 39)

 


fig. 11

     
 – La Maison de Tous. A. Agache Arch. Postal AN 137. Paris.

Escreve o crítico Pierre Marcilly (?-?) 

“Era de esperar que o Sr. D. A. Agache *, que os nossos leitores conhecem como um fervoroso urbanista e arquiteto moderno, aproveitasse a Exposição de Artes Decorativas e Industriais Modernas para concretizar algumas ideias e projetos originais; encontramos, de facto, a sua participação nesta Exposição em diferentes classes. Hoje examinaremos o seu trabalho na Village Français.

Na moderna Village Français, o arquitecto Agache, queria uma casa comum para os habitantes, a que chamou "Casa de Todos". Esta é a casa que criou na Village Français da Exposição. A ideia é nova e só pode ser incentivada, a construção é moderna e vai interessar os arquitetos.   [3]

[*Alfred Hubert Donat Agache (1875-1959)]

 



fig. 12 – La Maison de Tous: M. A. Agache, Architecte. Photo P. Cadé. La Construction Moderne n. º 8 du 22 Novembre 1925. (pág. 91).

 


[1] L’église, trop chargée d'éléments pittoresques, est une église de peintre ou de metteur en scène. Il y a de tout un peu et rien de trop, c’est-à-dire rien de péremptoire. Ce clocher, ou plutôt ce mur à cloches — idée rationnelle mais déjà exprimée — cette façade où le porche, la rosace, les cloches dominent à proportions égales sont d’une agréable indifférence. Georges Le Fèvre L’Architecture L’Art Vivante n.º 19 1e Octobre 1925 (pág. 29)..   

[2] Dans le Village français, la jolie petite église construite par M. Jacques Droz et décorée par la Société de Saint-Jean (a noter surtout les fresques de M. Maurice Denis et les revêtements céramiques de M. Maurice Dhomme), si elle se rattache par sa façade et son clocher aux traditions de la construction en pierre, ressortit à l'esthétique du béton par la très heureuse disposition de ses voûtes. Signalons en passant, dans le voisinage de l'église une école d'un agréable effet dont l'architecte est M. Paul Genuys. Lionel Landry, Art et Décoration n. º 282, Juin 1925.(pág. 208).

[3] Il était à penser que M. D. A. Agache, que nos lecteurs connaissent comme un ardent urbaniste et un architecte moderne, profiterait de l’Exposition des Arts Décoratifs et Industriels Modernes pour réaliser quelques idées et conceptions originales; nous trouvons, en effet, sa participation à cette Exposition en différentes classes. Nous examinerons aujourd’hui son œuvre au Village Français.
Dans le Village français moderne, l’architecte Agache souhaite une maison commune aux habitants qu’il nomme « la Maison de Tous », c'est cette maison qu’il a réalisée au Village français de l’Exposition. L’idée est nouvelle et ne peut être qu’encouragée, la construction est moderne et intéressera les architectes
. 
Pierre Marcilly, La Construction Moderne, n.º 8 du 22 Novembre 1925. (pág. 89).

 

A Albergaria (Auberge de la Potée Lorraine) de Pierre Selmersheim (1869-1941)

 


fig. 13– Une rue du Village Français. L’Auberge de la Potée Lorraine. Postal AN 92 Paris.fig. 14 - Exposition des Arts Décoratifs. - la Potée Lorraine. P. Selmersheim, architecte. Pl. 1. La Construction Moderne n.º 1, 4 Octobre 1925 (pág. 6).

 

Segundo Antony Goissaud, “O arquiteto dedicou especial atenção a uma distribuição dos espaços que permitisse uma circulação rápida, evitando engarrafamentos ou perdas de tempo. A planta e a composição poderiam servir de modelo para qualquer boa pousada rural. O Sr. Pierre Selmersheim disse-nos que queria fazer algo simples e rústico. Conseguiu fazer um conjunto simples, coquet e prático.”   [1]



fig. 15 – La Potée Lorraine. Selmersheim Architecte. Coupe tranversale et plan.in La Construction Moderme n. º 1. Du 4 Octobre 1925. (pág. 6).

 


fig. 16 – Exposition des Arts Décoratifs. Auberge de la Potée Lorraine. P. Selmersheim Architecte. Photo P. Cadé – in La Construction Moderne 4 Octobre 1925 (pág.3).

 

 A casa do tecelão (Maison du Tisserand) do arquitecto Émile Brunet (1872-1952)

 



fig. 17 - Exposition des Arts Décoratifs. Maison du Tisserand. Façade Principale M. L. Brunet, Architecte. Pl. 8. Photo P. Cadé. La Construction Moderne n.º 2, 11 Octobre 1925.

 Considera Antony Goissaud:

“O senhor Emile Brunet, arquitecto, construiu na Village Française "a Casa do Tecelão", ou seja, a pequena casa de um artesão, incluindo a sua oficina e o seu alojamento. O autor pretendia inicialmente instalar ali um oleiro, mas devido às circunstâncias o local tornou-se a Casa do Tecelão e esta mudança não foi desagradável, pois permitiu que muitos arquitectos e particulares conhecessem melhor os tecidos da Manufactura do Linho.”  [2]

 

fig. 18 . Exposition des Arts Décoratifs. Maison du Tisserand. Façade Arrière. M. L. Brunet, Architecte. Pl. 7. Photo P. Cadé. La Construction Moderne n. 2, 11 Octobre 1925.

 


[1] L'architecte s'est attaché particulierement a une distribution offran une circulation rapide, évitant tout embouteillage, toute perde de temps. Le plan et la composition pourraient servir de modèle à n'importe quelle bonne auberge de campagne. M. Pierre Selmersheim nous disait qu’il avait voulu faire quelque chose de simple et de campagnarde. Il est arrivé à faire un ensemble simple, coquet et pratique. Antony Goiassaud La Construction Moderne n.º1 du 4 Octobre 1925 (pág.2)

 [2] M. Emile Brunet, architecte, a construit au Village Français « la Maison du Tisserand », c'est-a-dire la petite maison d'un artisan comprenant son atelier et son logement. L'auteur s'était proposé d'abord d'y installer un potier, par suite des circonstances elle est devenue la Maison du Tisserand et ce changement n'a pas été désagréable puisqu'il a permis a de nombreux architectes et particuliers de mieux connaître les toiles a tentures de la Manufacture de Linge. Antony Goissaud,La Construction Moderne n.º 2, 11 Octobre 1925 (pág.19).

 

 A casa de habitação burguesa (La Maison d’habitation bourgeoise) de Fernand Hamelet (1884-1955)

 



fig. 19 - La Maison d’habitation bourgeoise. F. Hamelet Architecte (photo Cadé) Façade principale. La Construction Moderne n. º 4 du 25 Octobre 1925. (pág.42).



fig. 20 – La Maison d’habitation bourgeoise. Façade derrière. La Construction Moderne n. º4 du 25 Octobre 1925. (pág. 45).



fig. 21 – La Maison d’habitaion bourgeoise. F. Hamelet Architecte (photo Cadé) Façade principale. La Fontaine par Schneider. La Construction Moderne n. º 4 du 25 Octobre 1925. (pág.42).

 

No pequeno largo formado pela Habitação Burguesa, a Albergaria e a Casa do Tecelão, erguia-se a fonte da povoação da autoria do escultor Charle Schneider. (1881-1953)

 

 A Farmácia de Auguste Bluysen (1868-1952) e Robert Parisot (1897-1965)

 


fig. 22 – Maison du Pharmacien composé par Bluysen, avec la coopération de Parizot & de Temporal. Pour la Chambre Syndicale des Acessoires de Pharmacie ; Phot. Printania, ed. Construction moderne. Section Française Planche VIII. CNAM.

 

Os Magasins Réunis (Bazar) de Michel Oudin (1882-1936)  

Próximo da Igreja e formando um gaveto, erguia-se o Bazar (Magasins Réunis), o centro comercial da Village.


 

fig. 23  – Un coin du Village Français.Les Magasins Réunis. Postal AN 96 Paris.


fig. 24 – Le Village français édifié sur la direction de M. Ch. Genyus. Gravure. La revue de l’Art. N.º 267, Juin 1925.  (pág. 37).


Faziam ainda parte da Village Français os seguintes edifícios:

 A Peixaria (Poissonnerie)

O Lavadouro (Lavoir)

A Sapataria (Cordonnerie) de Gabriel Guillemonat (1866-1945)

a Padaria “Au pain de France” de Alfred Levard (1879-?)

a Casa do marmorista, Louis Brochet (1847-1933)

o Cemitério de Louis Félix Bigaux (1858-1933)

a Boutique de Dentelliére

do outro lado

Transformateur

Pavillon Cardé

Express- Bar

Pavillon Picha (constructions légeres)

Restaurante



Club des Architectes Diplômés (97) de Paul Tournon (1881-1964)

 Pela forma como é concebido, procurando organizar o espaço, deve destacar-se o Club des Architectes Diplomés par Le Gouvernement.


fig. 25
– Le Club des Architectes. Paul Tounon Arch. Postal AN 156. Paris.

Paul Tournon, o arquitecto autor do projecto do Club de Architectes, teve como preocupação inserir o seu pavilhão de forma a organizar todo o local, a arborização e as vias existentes, e os pavilhões adjacentes com os jardins então criados.

 



fig. 26 – Pormenor da planta geral da Exposição 1925, orientada a Norte.

Legenda:

97 – Pavilhão da SADG

96 - Pavilhão Corcellet-Morancé

94 – Pavilhão de la Ville de Paris

95 – Pavilhão da Revue des Annales

  


fig. 27  - Club des Architectes. M. Tournon Architecte. La Construction Moderne n.º 31 du 3 Mai 1925 (pág. 364).

 [Estampa de Eugène Dutuit (1807-1886), historiador de arte, colecionador, especialista em estampas, membro da Academia de Belas-Artes.]

 

O arquitecto André Louis Bérard (1871-1948) descreve na revista “Architecture”, como o arquitecto Paul Tournon implantou e compôs o pavilhão, acompanhado de uma planta da envolvente:

“Na verdade, não foi somente esse desejo que orientou o nosso colega na sua original composição, mas foi sobretudo a preocupação de dispor o seu pequeno edifício em harmonia com os jardins e os pavilhões que o iriam rodear.

Esta preocupação em adaptar a construção ao contexto envolvente nem sempre foi muito marcante nesta exposição e é por isso que certas partes dão uma impressão de desordem que não deixa de afligir as mentes apaixonadas pelo método e pela clareza.

Devemos elogiar o nosso colega Tournon pelo cuidado que teve em criar neste local um pequeno conjunto muito apreciado pelo público que aqui vem, ao abrigo das grandes árvores, perante as flores e o murmúrio das fontes, para repousar os seus pobres olhos cansados por toda uma profusão de cores violentas e de formas insólitas. Vale a pena, no entanto, esclarecer para os entendidos as razões deste sucesso e as linhas gerais que nortearam a harmonia desta decoração. O nosso colega Tournon tinha à sua disposição um terreno que era de certa forma função de dois eixos principais. A Avenida Dutuit, com vista para os Campos Elísios, e a clareira que se situava no limite do local proposto e na qual era indicado orientar a vista do pavilhão. Estes dois eixos juntos formavam um ângulo de aproximadamente 60º. Uma planta triangular permitia duas fachadas normais a estes eixos, e ao inscrever neste triângulo um hexágono que se tornou o hall central, deu ao nosso colega, para além da parede de entrada, aberturas sobre as duas vistas, e três acessos às salas de exposição que lhe eram solicitadas.”

 


fig. 28 – Club des Architectes diplomés par le Gouvernement. Schema de la disposition dénsemble dans le plan cadastral. Paul Tournon Arch. DPLG.in Architecture n. º 19 du 10 Octobre 1925. (pág. 344).

 

E André louis Bérard termina a sua apreciação com:

“Por fim, o nosso colega, aproveitando o desnível existente, estendeu o terraço do café Corcellet até à frente da sua obra, criando assim uma ampla esplanada com a Belle Minerve de Sarrabezolles numa extremidade e, na outra, o pátio semicircular nas traseiras, abrindo-se para o pavilhão Morancé e para o encantador jardim de nenúfares de Marrast, um dos pontos altos da exposição. Por fim, no encontro dos eixos deste jardim e do pavilhão dos arquitetos, foi indicado um ponto de vista que o nosso colega Roux-Spitz criou através de um obelisco de composição muito nova e muito decorativa.”  [1]

 

 O crítico de arte Fonclause (?-?), também escreve sobre o Club des Architectes:

“A planta do arquiteto Tournon era curiosa, o seu ponto de partida era um hexágono a servir de hall de entrada. Ao fundo uma galeria com um anexo de cada lado para exposição de um diorama; nesta galeria não existem aberturas para permitir que a luz elétrica produza efeito por detrás das fotografias em vidro dispostas em madeiramentos que cobrem as paredes laterais e iluminar os dioramas.”  

E Fonclause acrescenta

“A fachada principal do pavilhão, que mostrámos, erguia-se na borda do terraço da Minerva, dominando ligeiramente a bela perspectiva do belo jardim do arquitecto paisagista Ploquin*; esta fachada estendia-se em cada um dos seus lados por uma passagem que formava um nicho, com uma parte superior vazada e decorada com um belo vaso de mosaico de Gentil e Bourdet.”  [2]

[*Henri Ploquin (1885- ?)]

 



fig. 29 – Pavillon du Club des Architectes Plan P. Tournon Architecte. La Construction Moderne n.º 9 du 29 Novembre 1925.


 

fig. 30 – “Club des Architectes”façade postérieure : P. Tournon Architecte. PhotoBernès et Maroutea. In La Construction Moderne n.º 9 du 29 Novembre 1925. (pág. 106).

 

 E Fonclause destaca a escultura “A Dança Triunfal” de Charles Sarrabezolles, premiada na Exposição.

“Do lado direito do terraço Minerva, destacando-se sobre um fundo verde, podia ver-se a estátua dourada que deu o nome ao terraço.

 Esta poderosa obra, “A Dança Triunfal”, retrata uma Minerva animada por um entusiasmo soberbamente traduzido; ela teria uma bela reputação em Sarrabezolles* se este escultor não se tivesse distinguido por outros igualmente notáveis. A estátua de “Minerva de Sarrabezolles” é, sem dúvida, uma das mais belas obras da Exposição de Artes Decorativas.”  [3]

[*Charles Marie Louis Joseph Sarrabezolles (1888-1971)]

 


 fig. 31 – Charle Sarrabezolles, « la Danse triomphale » de Pallas Athena bronze. Club des Architectes à l’Exposition des Arts Décoratifs Paris 1925. La Construction Moderne n.º 9 du 29 Novembre 1925. (Pl. 36).

No pedestal a inscrição : A Pallas par qui les dieux vainquirent les géants - A l'intelligence dominatrice de la matière.

 

O original em gesso da escultura 245 x 220 x 140 cm. está actualmente no Museu Boulogne-Billancourt. E em 1989 foi erguida uma réplica em resina nos jardins do Trocadéro.

 

 

fig. 32 – O modelo em gesso da La Danse triomphale, no Museu de Boulogne-Billancourt e a réplica nos Jardins do Trocadéro Paris.

 


[1] A dire vrai ce n'est pas ce seul désir qui a guidé notre confrère dans son originale composition, mais c'est surtout le souci de disposer son petit édifice en harmonie avec les jardins et les pavillons qui devaient l'entourer. Ce souci d'adapter la construction aux alentours immédiats n'a pas toujours été très marqué dans cette exposition et c'est pourquoi certaines parties donnent une impression de désordre qui n'est pas sans affliger les esprits amoureux de méthode et de clarté. Il faut louer notre confrère Tournon de ce souci qu'il a pris de créer en cet endroit un petit ensemble très apprécié par le public qui vient ici, à l'abri des grands arbres, devant les fleurs et au murmure des fontaines, reposer ses pauvres yeux fatigués par toute une débauche de couleurs violentes et de formes inusitées. Il est bon toutefois de préciser pour les initiés les raisons de ce succès et les directives générales qui ont présidé à l'harmonie de ce décor. Notre confrère Tournon avait à sa disposition un terrain qui était en quelque sorte fonction de deux axes directeurs. L'avenue Dutuit, avec la vue sur les Champs Elysées, et la clairière qui se trouvait en bordure de l'emplacement proposé et sur laquelle il était tout indiqué d'orienter la vue du pavillon. Ces deux axes formaient ensemble un angle d'envi ron 60º. Un plan triangulaire permettait deux façades normales à ces axes, et en inscrivant dans ce triangle un hexagone qui devenait le hall central, à donné au notre confrère, outre paroi d'entrée, des ouvertures sur les deux vues, et trois accès aux salles d'exposition qui lui étaient demandées. Enfin, notre confrère profitant de la différence de niveau existant, prolongea la terrasse du café Corcellet jusque devant son œuvre, en créant ainsi une large esplanade ayant à une extrémité la Belle Minerve de Sarrabezolles, et à l'autre le fond de cour en hémicycle ouvert sur le pavillon Morancé et sur le délicieux jardin nymphé de Marrast, un des clous de l'exposition. Enfin, à la rencontre des axes de ce jardin et du pavillon des architectes, un point de vue s'indiquait que notre confrère Roux-Spitz a réalisé par un obélisque d'une composition très neuve et très décorative. André Louis Bérard (1871-1948) Le Pavillon de la SADG in Architecture n. º 19 du 10 Octobre 1925. (pág. 343)

[2] Le plan de l’architecte Tournon était curieux, son départ était un hexagone servant de hall d’entrée. Au fond une galerie avec une annexe de chaque côté pour y disposer un diorama ; dans cette galerie aucune ouverture afin de permettre à la lumière électrique d’apporter son effet derrière des photographies sur verre disposées dans des boiseries couvrant les parements latéraux et d’éclairer les dioramas. (..) La façade principale du pavillon, que nous donnons en planche, s’élevait en bordure de la terrasse de la Minerve, dominant légèrement la belle perspective du joli jardin de l’architecte jardiniste Ploquin ; cette façade se prolongeait sur chacun de ses côtés par un passage formant niche, à la partie supérieure ajourée décorée dúne belle vasque avec joli bassin en mosaïque  de Gentil et Bourdet. Fonclause. La Construction Moderne n. º 9 du 29 Novembre 1925.

[3] Sur le côté droit de la terrasse de la Minerve tranchant sur un fond de verdure on remarquait la statue dorée qui avait donné son nom à la terrasse.
Cette œuvre puissante, « la Danse triomphale », représente une Minerve animée d’un entrain superbement traduit; elle ferait une belle réputation à Sarrabezolles si ce sculpteur ne s’était pas distingué déjà par d’autres aussi remarquables. La statue de « la Minerve de Sarrabezolles » est incontestablement l’une des plus belles œuvres de l'Exposition des Arts décoratifs.
 
Fonclause La Construction Moderne" n.º 9 du 29 Novembre 1925.


O Pavilhão Morancé-Corcellet de (96) de Joseph Marrast (1881-1971), fazia parte deste conjunto e que chamava a atenção dos visitantes pelo seu Jardim desenhado pelo mesmo arquitecto. 

A Casa Corcellet era uma mercearia de luxo instalada na Avenida da Ópera, e Albert Morancé um editor de livros e revistas d’arte.



fig. 33 – Pavillon Morancé-Corcellet. Marrast Arch. Postal AN 72. Paris.



fig. 34 – Jardin du Pavillon Corcellet. Marrast Arch. Postal AN 95. Paris.

 

 Georges Remon escreve:

“Mais adiante, Marrast teve de usar uma dobra do terreno. Usou-a com infinita habilidade e bom gosto. Na depressão, abriu um caminho pavimentado, atravessado em toda a sua extensão por um canal que alimenta uma bacia semicircular, elevada e recuada numa das extremidades. Decorou um dos taludes com grandes grupos de rododendros, cercou as árvores do outro talude com rosas trepadeiras; de um lado do caminho, colocou bancos e grandes vasos de cimento, cheios de flores e folhagem ligeira, com um efeito agradável. Ao local não falta charme nem pitoresco. Oferece um detalhe particular: entre as lajes irregulares, Marrast cultivou relva o que acentua o seu desenho e acrescenta ainda mais frescura.”   [1]

 


fig. 35  - « Paris (8e arr.), France, L’Exposition des arts décoratifs, le jardin Moser, jardin du pavillon Morancé-Corcellet, Cours-la-Reine », 6 juin 1925. Autochrome sur verre d’Auguste Léon, conservée au musée départemental Albert-Kahn, Boulogne-Billancourt (inv. A45406S). Reproduction Musée départemental Albert-Kahn, département des Hauts-de-Seine / CC-00. http://journals.openedition.org/insitu/docannexe/image/44020/img-14.jpg



E Georges Remon termina descrevendo a fonte de Delamarre*

“No fim num espaço semicircular, o Sr. Delamarre colocou a sua fonte. De longe, assemelha-se a um campanário gótico; de perto, assemelha-se a um feixe de lápis, que na realidade são longos paralelepípedos emoldurando quatro cártulas retangulares no topo, com figuras de mulheres bastante graciosas. No centro de cada uma das faces da sua base maciça, existe uma viga dourada por onde a água jorra para a bacia.   [2]

[*Raymond Delamarre (1890-1986)]



fig. 36 - Jardin situé devant le Pavillon de la Ville de Paris. Postal AN 127. Paris.

 


fig. 37– Roux-Spitz et Delamarre, Fontaine. Jardin Marrast ; Cours-la-Reine. La Revue de l’Art n.º 269. Septembre-Octobre 1925 (pág. 247).



[1] Plus loin Marrast avait à utiliser un repli de terrain. Il s’en est servi avec infiniment d’habileté et de goût. Dans le creux il a fait courir un chemin dallé, traversé dans toute sa longueur par une rigole qu’alimente un bassin en demi-cercle, surélevé et rejeté à une extrémité. Il a orné l’un des versants avec de grandes touffes de rhododendrons, il a entouré les arbres de l’autre versant avec des rosiers grimpants; sur un côté du chemin il a placé des bancs et de grandes jarres en ciment d’un heureux effet, remplies de fleurs et de légers feuillages. L’endroit ne manque ni de charme, ni de pittoresque. Il offre un détail particulier : entre les dalles irrégulières. Marrast a fait pousser du gazon qui accentue leur dessin et ajoute encore de la fraîcheur. Georges Remon, L’Art Vivant n.º 17 1e Septembre 1925.

[2] Dans le fond en demi-cercle, M. Delamarre a placé sa fontaine. Elle ressemble de loin à un clocher gothique, de près à un faisceau de crayons, lesquels sont en réalité de longs parallélépipèdes encadrant quatre cartouches rectangulaires en hauteur avec figures de femmes assez gracieuses. Au milieu de chacune des faces de sa base massive, est plantée une poutre dorée par laquelle l’eau jaillit dans le bassin. Georges Remon L’Art Vivant n.º 17 1e Septembre 1925.

 

 

O Pavilhão da Ville de Paris (94) de Roger Bouvard(Charles-Louis-Roger Bouvard, 1875- 1961). 

O Pavilhão da Ville de Paris completa o conjunto dos pavilhões e dos jardins em torno do Club dos Arquitectos.

 


fig. 38  – Pavillon de la Ville de Paris R. Bouvard, Arch. Postal AN 25 Paris.

 

Segundo Georges Remon (1889-1963)

“O belo pavilhão que a cidade de Paris construiu no Cours-la-Reine, na fronteira com os Campos Elísios, é inteiramente dedicado à educação artística, tal como é oferecida nas suas escolas profissionais, nos cursos que subsidia e nas suas escolas primárias.

O principal objetivo era apresentar uma seleção de trabalhos de estudantes ao público. Esta selecção está, além disso, tão perfeitamente alinhada com o programa da própria Exposição, os seus resultados são de uma tendência tão moderna, que não se pode elogiar suficientemente o espírito de método e de decisão com que a Cidade de Paris se associou ao movimento que está a conduzir as nossas indústrias de arte em direcção à nova estética adequada aos nossos tempos.” [1]

 E Georges Remon acrecenta

“O jardim de Laprade, localizado na extremidade do Pavillon de la Ville de Paris, é inspirado nos jardins de Espanha. Trata-se, na verdade, de uma bacia retangular em lagetas de barro verde e branco, onde repousam cinco canteiros e floreiras: as lagetas formam como que canais laterais entre as quais circula um fio de água que conserva frescos alguns vasos de flores. Cada maciço é coberto por um aviário, sem dúvida destinado a albergar periquitos, aves das ilhas. Com as flores e a louça, os pássaros criam uma harmonia deliciosa. Infelizmente, esta harmonia não combina bem com a galeria com as suas colunas de mármore malva construídas nas proximidades pelos Mármoristas de Saint-Pons.” [2]

 

Por seu lado, Antony Goissaud depois de também descrever o jardim, termina acrescentando

 "O tom suave da cerâmica realçava os magníficos matizes dos tapetes de begónias cor-de-rosa e brancas sempre floridas e de ageratas anãs azuis que adornavam os compartimentos."  [3]

 

fig. 39 – Le Jardin des Oiseaux. A. Laprade, Jardiniste in La Construction Moderne 13 Décembre 1925. (pág.132).

 

Antony Goissaud descreve o Jardin des Oiseaux

“O Jardim dos Pássaros, situado entre as grandes árvores do Cours-la-Reine, oferecia-se à admiração dos visitantes do Pavilhão da Cidade de Paris, onde quase ladeava uma das suas fachadas. Este jardim, com a forma de um rectângulo alongado, era delimitado num dos seus lados compridos por uma galeria com arcadas, no outro por um talude encimado por uma sebe e plintos com vasos, e terminava na sua extremidade por um terraço sobre o qual se erguia o Pavilhão do Gabinete Nacional do Vinho, em treliças, também da autoria do arquitecto Laprade.”   [4]



fig. 40 – Pavillon de de la Ville de Paris. R. Bouvard, A. Vincent, Six et Labreuille, Arch. Postal Patras 9 Paris.



fig. 41 – Jardins du Pavillon de la Ville de Paris- Jardin Moser (Marrast arch.) Postal A.P. 69.

 

 

fig. 42 – Pavillon de la Ville de Paris à l’exposition. Architecte M. Roger Bouvard. La Construction Moderne  n. º 38,du 21 Juin 1925. (pág. 415).

 

Antony Goissaud descreve a fonte do jardim do pavilhão da Ville de Paris.

 “Este elegante e delicadamente belo pavilhão ergue-se no centro de um vasto retângulo alongado, no meio de grandes jardins sombreados, adornados com fontes, estátuas e pérgulas. A sua importância é tal que é impossível fornecer uma reprodução fotográfica do conjunto, que quase desaparece sob a folhagem.

No centro do jardim ergue-se uma bela fonte com duas bacias circulares e concêntricas. A bacia exterior é muito baixa e formada por uma faixa simples; a bacia central é alta, com quatro curvas grossas, cada uma com um canal pouco profundo para o escoamento da água. A fonte em si tem uma base redonda de ornamentação muito simples, com uma parte superior octogonal com quatro gárgulas muito simples. É encimada por uma estátua dourada de quarenta centímetros de altura que representa uma banhista com cabelo e drapeado ao estilo de Ninon.”  [5]

E Lionel Landry elogia este conjunto de jardins.

“Vale a pena também elogiar o belo jardim que, ali perto, se conclui harmoniosamente com o Pavilhão dos Artesãos de Paris, projectado pelo Sr. Tournon. Este jardim tem o raro mérito de se harmonizar com outro jardim vizinho, porém disposto numa direção diferente, que o Sr. Marrast, auxiliado pelo Sr. Moser, transformou num oásis encantador, inspirado pela ideia, hoje quase paradoxal, de que num jardim o papel principal deve pertencer à planta. (…) 

 E Lionel Landry não deixa de dar uma alfinetada crítica ao polémico jardim das árvores de betão de Mallet-Stevens.

(…) Isto consola-nos pelas árvores de betão, com paletes inclinadas num ângulo de 45%, que representam, num paroxismo antifísico digno de nota, a estilização da planta e que podem ser vistas, ou evitadas, conforme desejado, no lado leste da Esplanada.”  [6]

 Na Art Vivant, refere-se ainda, muito criticamente, a « fontaine des Cygnes », conjunto de  Marcel Loyau (1895-1936), com uma escultura em bronze.

“No espaço circular muito sombreado atribuído ao Sr. Courtois, era difícil fazer qualquer coisa que parecesse agradável à volta da "Fonte dos Cisnes" do Sr. Boyau (um complexo emaranhado de animais dourados no meio de um tanque); o Sr. Courtois contentou-se em cercar o circo com folhagem, pilares de alvenaria de um rosa suave, unidos por uma treliça branca, e colocar num canto um banco amarelo-canário. Dourado, rosa, branco e amarelo envoltos no verde da folhagem, é assustador.”  [7]

 


fig. 43 - Marcel Loyau sculpteur. Fontaine des Cygnes. Postal AN 146. Paris.



[1] Le beau pavillon que la Ville de Paris a construit sur le Cours-la-Reine, en bordure des Champs-Élysées, est entièrement consacré à l’enseignement artistique tel qu’il est dispensé dans ses écoles professionnelles, dans les cours qu’elle subventionne et dans ses écoles primaires. Présenter au public une sélection de travaux d’élèves, tel est le but principal qu’elle s’est proposé. Cette sélection est du reste si parfaitement conforme au programme même de l’Exposition, ses résultats en sont de tendance si moderne, qu’on ne peut trop louer l’esprit de méthode et de décision avec lequel la Ville de Paris s’est associée au mouvement qui entraîne nos industries d'art vers les neuves esthétiques convenant à notre époque. Georges Remon L’Art Vivante n.º 17 1e Septembre 1925 (pág. 26)

 [2] Le jardin de Laprade qui se trouve à l’extrémité du Pavillon de la Ville de Paris est inspiré des jardins d’Espagne. C’est en réalité un bassin rectangulaire en carreaux de faïence verts et blancs, dans lequel reposent cinq massifs de fleurs et des plates-bandes: les carreaux forment comme des rigoles flans lesquelles circule une mince nappe d’eau où quelques pots de fleurs sont au frais. Chaque massif est surmonté d’une volière destinée sans doute à abriter perruches, oiseaux des îles. Avec les fleurs et les faïences, les oiseaux composeraient une harmonie délicieuse. Malheureusement cette harmonie ne s’accorde guère avec la galerie aux colonnes de marbre mauve élevée tout près de là par les Marbriers de Saint-Pons. Georges Remon L’Art Vivant n.º 17 1e Septembre

 [3] La douce tonalité de la céramique faisait valoir les teintes superbes des tapis de bégonias toujours fleuris roses et blancs et d’agérartes naines bleus qui garnissaient les compartiments. Antony Goissaud La Construction Moderne 13 Décembre 1925 (pág. 132).

 [4] Le Jardin des Oiseaux, situé au milieu des grands arbres du Cours-la-Reine, s’offrait à l’admiration des visiteurs du Pavillon de la Ville de Paris dont il bordait presque l’une des façades. Ce jardin, de forme rectangulaire allongée, était limité sur un de ses grands côtés par une galerie à arcades, sur l’autre par un talus surmonté d’une haie et de socles portant des vases et terminé à son extrémité par une terrasse sur laquelle s’élevait le Pavillon en treillage de l’Office National des Vins, dû aussi à l’architecte Laprade. Antony Goissaud La Construction Moderne 13 décembre 1925. (pág. 131).

[5] Ce pavillon si élégant, si délicatement beau s’élève au centre dún vaste rectangle allongé, au milieu de grands jardins ombragés garnis de fontaines, de statues et de pergolas. Son importance est telle qu’il est impossible de donner une reproduction photographique de l’ensemble qui disparait presque sous les feuillages. Au centre du jardin s’éléve une jolie Fontaine à deux vasques circulaires et concentriques, la vasque extérieure est très basse et formée par um simple bandeau ; la vasque centrale est haute avec épaisseur à quatre incurvations ayant chacune une rigole peu profonde pour l’écoulement de l’eau ; la fontaine proprement dite a un socle rond très sobrement ornementé avec partie supérieure octogonale à quatre gargouilles trèss simples, elle est surmontée d’une statue haute de quarante centimètres dorée répresentant une baigneuse avec cheveux coupés à la Ninon et avec draperie. Antony Goissaud La Construction Moderne du 21 Juin 1925. (pág. 446).

[6] Il convient également de louer le joli jardin qui. près de là, se conclut harmonieusement par le pavillon des Artisans de Paris, du à M. Tournon. Ce jardin offre le mérite rare de s'harmoniser avec un autre jardin, voisin, mais disposé selon une direction différente, et dont M. Marrast aidé de M. Moser a fait une délicieuse oasis, en s'inspirant de cette idée, aujourd'hui quasi paradoxale, que dans un jardin le rôle principal doit appartenir à la plante. Ceci nous console des arbres en béton, avec palettes inclinées à 45%, qui représentent, dans un paroxysme antiphysique intéressant à noter, la stylisation du végétal et qu'on pourra voir, ou éviter, au choix, sur le côté Est de l’Esplanade. Lionel Landry Art et Décoration (pág. 212)

 [7] Dans l’espace circulaire très ombragé attribué à M. Courtois, il était difficile de faire quelque chose qui parût agréable autour de " la Fontaine des Cygnes ” de M. Boyau (un enchevêtrement compliqué de bêtes dorées au milieu d’un bassin); M. Courtois s’est contenté d’entourer le cirque de feuillages, de piliers en maçonnerie d’un rose tendre, réunis entre eux par un treillage blanc et de placer dans un coin un banc jaune canari. L’or, le rose, le blanc et le jaune enveloppé dans le vert des feuillages, c’est affreux. L’Art Vivant citado em WorldFairs.info.

 

E mostramos ainda dois pavilhões que correspondem a duas actividades, uma consagrada, a Moda, e a outra em crescimento, implicando novo desenho, o Automóvel.

 O Pavilhão de L’Elégance (103). Robert Fournez (1873-1958) arquitecto e Albert Armand Rateau (1882-1938) decorador

Sendo a Moda uma das principais indústrias francesas do ponto de vista da criação e do ponto de vista económico, e sendo Paris o seu principal centro de difusão, impunha-se um pavilhão para o qual concorreram os principais criadores da Alta-Costura parisiense Lavin, Callot. Worth, Jenny e Cartier.

 


fig. 44 – Pavillon de L’Elégance. Postal AN 73. Paris.

 

Para Arsène Alexandre estabelecendo uma relação entre o vestuário feminino e a arquitectura:

 “Talvez não tenhamos notado o suficiente que a evolução do vestuário feminino corresponde exactamente à arquitectura: simplificação das linhas; exclusão de todas as linhas sobrecarregadas, parasitárias ou artificiais, destacando-se aquelas linhas do corpo em que permanece a mais perfeita arquitectura, e a cor por si só deve enfatizar esta harmonia de planos. Podemos ter a certeza de que, dado o extraordinário florescimento da graça e da invenção que recebemos de todos os aspectos da casa de banho, a França permanecerá sem rival durante muito tempo.

Resumindo é o gosto e o tacto do desenho que está na base desta vitória. E o facto é que estas qualidades são realmente inatas em nós, por se terem manifestado num ponto tão elevado, enquanto a faculdade de desenho é em nós tão fraca e tão pouco seguida, tão pouco inteligente, digamos de uma forma bruta.”  [1]



fig. 45 – Le Pavillon de l’Elégance. Partie Latérale. R. Founez, Architecte. La Renaissance de L’Art Juillet 1925. (pág. 25).



fig. 46 – Vue intérieure du Pavillon de l’Elégance. Photo REP. Musée des Arts Décoratifs. Fonds Jean Collas.

 

 E também, pela importância que o automóvel ia então adquirindo, o Halte-Relais pour Tourisme Automobile (110).

 

fig. 47 – Pavillon de la Halte-Relais pour Tourisme Automobile. Posta AN 126. Paris.

 



[1] Peut-être n'a-t-on pas assez remarqué que l'évolution du costume féminin correspondait exactement à celle de l'architecture : simplification des lignes; exclusion de toute surcharge, parasite ou postiche, ces lignes faisant valoir celles du corps qui demeure la plus parfaite architecture, et la couleur seule devant faire valoir cette harmonie des plans.' On peut être sûr, après la floraison extraordinaire de grâce et d'invention que nous ont offerte toutes les sections de la toilette, que, dans ce domaine, la France demeure pour longtemps sans rivale. En somme c'est le goût et le tact du dessin qui sont à la base de cette victoire. Et il faut que ces qualités soient vraiment innées chez nous pour s'être manifestées à un si haut point, alors que l’enseignement du dessin est chez nous aussi faible et aussi peu suivi, aussi peu intelligente disons brutalement le mot. Arsène Alexandre, Les leçons de la grande année, La Renaissance de l’Art, Décembre 1925. (pág. 550).

 

 Para terminar este longo percurso pelos pavilhões e jardins da Exposition des Arts Décoratifs et Industriels de 1925 

[Nota - ficaram ainda assim muitos outros pavilhões e participações.]

Um comentário de Guillaume Janneau onde procura analisar as duas concepções que se confrontaram na Exposição:

“Deste confronto de formas, porém, podemos deduzir uma conclusão geral: que se desenvolveram simultaneamente duas concepções opostas, a dos decoradores e a dos engenheiros.

Por um lado, há artistas que compõem uma arquitectura interior e até exterior como uma pintura, preocupados em equilibrar pontos agradáveis e ponderar linhas, procurando criar uma certa “atmosfera”, explorando todos os recursos da decoração, adornando as formas com as mil riquezas que a sua imaginação inventa.

Por outro lado, há, mais ou menos rigorosos na aplicação dos princípios, os construtores que amam os volumes puros situados na atmosfera à maneira da escultura, e para quem toda a decoração altera a clareza das formas e diverte não só o espírito, mas também os olhos. Para estes, a máquina é a obra por excelência e o arco de betão armado lançado sobre o abismo iguala em beleza o templo de Paestum. (…)

E Janneau termina citando Montesquieu

“Destes dois sistemas opostos, qual é o bom, qual é o verdadeiro?

"Numa nação livre", disse Montesquieu, — e a república das artes é uma nação livre — “é muitas vezes indiferente que os indivíduos raciocinem bem ou mal, basta que raciocinem. Daí a liberdade que garante os efeitos desses mesmos raciocínios."  [1]

 

E em outro número da mesma revista Jeanneau escreve:

 “Sem dúvida, [a Exposição] não é o que os modernistas queriam que fosse. O seu programa e a sua concepção continuam a ser os das grandes feiras universais. A sua estética reflecte o falso gosto cujas manifestações indiscretas fazem desejar de se refugiar numa cela de cenobita. Mas será que o verdadeiro "moderno", puramente racional e despojado, teria o mesmo apelo sobre um público habituado à ornamentação?” [2]



[1] De cette confrontation de formes, on déduira, toutefois, une conclusion générale : que deux conceptions contraires se développent simultanément, celle des tapissiers et celle des ingénieurs. D'une part, il y a les artistes qui composent une architecture intérieure et même extérieure comme un tableau, préoccupés d'équilibrer des taches agréables et de pondérer des lignes, s'ingémant à créer une certaine « ambiance », exploitant toutes les ressources du décor, parant les formes des mille richesses qu'invente leur imagination. D'autre part, il y a, plus ou moins rigoureux dans l'application des principes, les constructeurs épris de volumes purs situés dans l'atmosphère à la manière de la sculpture, et pour qui tout décor altère la netteté des formes et divertit non seulement l’esprit mais les yeux. Pour ceux-ci, la machine est l’œuvre par excellence et l’arc de ciment armé lancé par dessus l'abîme égale en beauté le temple de Paestum.

De ces deux systèmes opposés, quel est le bon, quel est le vrai ?

 « Dans une nation libre », a dit Montesquieu, — et la république des arts est une nation libre, — « il est très souvent indifférent que les particuliers raisonnent bien ou mal, il suffit qu'ils raisonnent. De là sort la liberté qui garantit des effets de ces mêmes raisonnements. » Guillaume Janneau, Le Bulletin de la Vie Artistique n.º 9, 1º Mai 1925. (pág. 187 e 188).

[2] Sans doute, elle n'est pas ce que les modernistes souhaitaient qu’elle fût. Son programme et sa conception restent ceux des grandes foires universelles. Son esthétique reflète le faux goût dont les indiscrètes manifestations donnent envie de se réfugier dans une cellule de cénobite. Mais le vrai «moderne», purement rationnel et dépouillé, eût-il exercé le même attrait sur un public habitué à l'ornementation ? GuillaumeJeanneau  "Revirements…" in Bulletin de la Vie Artistique, n.º 20 du15 Octobre 19125. (pág. 441).

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário