segunda-feira, 28 de julho de 2025

A “Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes” Paris 1925. 8 IV Parte

 

Os Pavilhões dos Grandes Armazéns

3 – O terceiro tramo, entre a Manufactura de Sèvres e a Ponte Alexandre III era definido pelos 4 pavilhões dos Grand Magasins, “esses quatro grandes barões do negócio parisiense, e as tentativas isoladas de outros satélites” [1]



fig. 1 – O 3º Tramo da Avenida Galliéni. Pormenor da planta geral da Exposição.


No Relatório final afirma-se

“Poucos programas são mais modernos do que os destes pavilhões. Aí, é necessário um certo brilho exterior: contribui para a publicidade. Não censuremos, portanto, a um pavilhão o seu luxo de vitrais mármores, a outro o seu cimento com dourados, nem pelas colunas e pelo tecto pontilhado de placas de vidro moldado que se iluminavam à noite. Notemos, antes, a variedade de soluções oferecidas aos mesmos problemas: utilização de superfícies octogonais de iguais dimensões, respeito pela cércea e implantação, e a facilidade de circulação.”  [2]


 

 

 fig. 2 – Os 4 Grand Magasins. 40 – Pavilhão das Galerias Lafayette 39 – Pavilhâo dos Magasins du Louvre  48 -  Pavilhão dos Magasins Bom Marché 47 – Pavilhão dos Magasins Printemps.

 

Lionel Landry escreve em Arte t Décoration:

“Os quatro pavilhões dos grandes armazéns formariam, à entrada da Esplanada, um agrupamento que não teria uma simetria absoluta, mas sim um equilíbrio de massas; uma tentativa muito interessante numa época em que, apesar de todas as declarações teóricas a favor da adaptação ao objecto, o culto da forma, o horror a qualquer ruptura "romântica" dos ritmos, leva muitas vezes os artistas a automatismos, e a repetições estéreis.”  [3]

 



[1] Ces quatre puissants barons du négoce parisien, et les tentatives isolées d’autres satellites.G. LeFèvre l’art Vivante n.º 19 du 1 octobre 1925 (pág. 24).

[2] Peu de programmes plus modernes que celui d’un pavillon de grand magasin. Là, un certain éclat extérieur est de mise : il concourt à la publicité. Ne reprochons donc pas à tel pavillon son luxe de vitraux & de marbres, à tel autre son ciment niellé d’or, ses colonnes, son toit parsemé de galets de verre moulé qui s’illuminaient la nuit. Remarquons plutôt la variété des solutions apportées aux mêmes problèmes : utilisation de surfaces octogonales de mêmes dimensions, respect du même gabarit, facilité de la circulation. "Rapport Général de l'Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes Paris 1925".

[3] Les quatre pavillons des grands magasins devaient constituer, à l'entrée de l'Esplanade, un groupement comportant non point symétrie absolue, mais équilibre de masse; tentative très intéressante à une époque où, malgré toutes les déclarations théoriques en faveur de l'adaptation à l'objet, le culte de la forme, l'horreur de toute rupture « romantique» des rythmes, entraîne souvent les artistes à des automatismes, à des répétitions stériles. Lionel Landry Architecture. Section Française Art et Décoration n.º 282 Juin 1925  (pág. 202).


O primeiro par de pavilhões a sul, era constituído pelo Pavilhão das Galerias Lafayette (40) e o pavilhão dos Magasins du Louvre (39)

Pavillon de la Maitrise (Les galerie Lafayette) (40)

Arquitectos: Joseph Hiriarte (1888-1946) & Georges-Henri Tribout (1884-1962), Georges Beau (1892-1958) e decorador Maurice Dufrène (1876-1955)

Ainda Lionel Landry

“O pavilhão das Galeries Lafayette representa um esforço interessante, e embora critiquemos os Srs. Hiriart, Tribout e Beau pela escolha de materiais ricos e pesados que apagam os objetos expostos (desvantagem que, aliás, é amplamente atenuada sob luz artificial), só podemos fazer justiça à disposição do interior, à forma inteligente como as aberturas são concebidas, ao plano engenhoso que tornou possível criar duas pequenas salas, inteiramente plausíveis, no primeiro andar.”  [1]


 

fig. 3 -  Pavillon des Galeries Lafayette. J. Hiriart, G.Tribout, G. Beau Arch. Postal NA 22 Pari


Considera Georges Le Fèvre

 “Apesar do seu frenético e visível desejo de afirmar a sua independência, a sua ousadia e, digamos, a sua insolência, não nos é possível felicitar os MM. Hiriart, Tribout e Beau pelo seu pavilhão “La Maîtrise”. Este estilo barroco, este estilo de amostragem, que não deixa perdoar - muito pelo contrário - um luxo desenfreado, não passa de um non-sens, e denota uma completa falta de moderação, uma vulgar preocupação em exibir-se.

Toda a riqueza do revestimento afirma-se no exterior, ao que se vê de fora e de longe. A comodidade das deslocações é, também, inteiramente sacrificada neste pavilhão-cenário cuja ostentosa elegância arquitectónica está para o verdadeiro gosto, o que a toilette mais deslumbrante de uma commère de revista está para o traje de uma verdadeira mulher parisiense.[2]

 E Le Fèvre prossegue, mais adiante, no mesmo tom crítico

 “Uma monumental porta de vidro elevada acima dos degraus de um altar e que é uma porta…de saída, enquanto os verdadeiros acessos, abertos nas laterais do pavilhão, fazem lembrar vomitórios, não nos encorajam a continuar o nosso exame por muito tempo: o uso dispendioso do mármore, o espesso revestimento dourado e a pobreza de pormenores fazem deste pavilhão um "Paraíso para midinettes". Afinal, não era essa a natureza do problema a resolver?”.  [3]



 fig. 4 - Le Pavillon des Magasins « Aux Galeries Lafayette ». Postal 17 Paris.

 

O autor Jean Hiriart (1888-1946) comenta assim o seu pavilhão

 “A “Maîtrise” de Hiriart, Tribout e Beau: uma caixa de betão armado decorada com materiais preciosos. No centro, triunfa o vitral de Gruber*, enquanto que discretamente brilham de cada lado as tapeçarias esculpidas por Biberstein**. No interior encontram-se as preciosas e elegantes maravilhas, estudadas e criadas por Maurice Dufrène.” [4]

 [*Jacques Gruber (1870-1936). **Alfred Biberstein (1888-1955).

 Num longo e ilustrado artigo, Antony Goissaud

“O Pavilhão tem uma planta octogonal, de onde se destaca na fachada principal um grande motivo decorado com vitrais para onde se abre a porta de entrada. É coroado por terraços com três corpos superiores ocupados por duas salas de chá e um escritório com anexos.

A planta foi estudada tendo em vista uma grande multidão deslocando-se numa direção única.” [5]

 Quatro figuras simbólicas em pedra dourada, representam respectivamente a Fita (Ruban), a Renda (Dentelle), a Pluma (Plume) e a Pele (Forrure) do escultor Albert Marie Leyritz (1888-1976).


fig. 5  – Pavillon des Galeries Lafayette. Plan du rez-de-chaussé. Architectes MM. Hiriart. Tribout et Beau in La Construction Moderne, n. º 49, 6 Septembre 1925. (pág.582).



fig. 6 – Pavillon des Magasins Aux Galeries Lafayette. (Hiriart, Tribou et Beau, Architectes). Architectes MM. Hiriart. Tribout et Beau in La Construction Moderne, n. º 49, 6 Septembre 1925. (pág.193).

 

Guillaume Janneau (1887-1981), na revista La Renaissance de l’Art Française, num longo artigo descreve todo o interior do pavilhão, que inicia por:

“O Pavillon de la Maîtrise, construído na Esplanade des Invalides, é um dos êxitos da Exposição. É apenas um pavilhão de exposição, ou seja, o envelope expressivo de coisas escolhidas. Não tem nada de Grand Magasin, da sua insistente profusão, das fascinantes facilidades. Nem de boutique. Ali nada se vende.” [6]

O Relatório Oficial da Exposição, considera: “Um pouco complicado, mas com uma concepção muito original, era o pavilhão das Galeries Lafayette, de Hiriart, Tribout & Beau, com as suas janelas exteriores, os seus degraus, as suas pérgulas, os seus três terraços sobrepostos, a sua fachada de entrada coroada por um tecto de vidro e recuada o suficiente para atingir a altura do salão sem exceder as dimensões impostas.”  [7]


fig. 7  - Pavillon des Galeries Lafayette. (Hiriart, Tribou et Beau, Architectes). Architectes MM. Hiriart. Tribout et Beau in La Construction Moderne, n. º 49, 6 Septembre 1925. (pág.579).

 


[1] Le pavillon des Galeries Lafayette représente un effort intéressant, et tout en reprochant à MM. Hiriart, Tribout et Beau le choix de matériaux riches et lourds qui éteignent les objets exposés (cet inconvénient s'atténuant largement du reste, sous la lumière artificielle), on ne peut que rendre justice aux dispositions de l'intérieur, à la manière intelligente dont sont compris les dégagements, au plan ingénieux qui a permis de réaliser deux petites salles, tout à fait plausibles, au premier étage. Lionel Landry Architecture. Section Française Art et Décoration n.º 282 Juin 1925  (pág. 203)

[2] En dépit de leur frénétique et visible désir d’affirmer leur indépendance, leur hardiesse et, disons le mot, leur insolence, il ne nous est pas possible de féliciter MM. Hiriart, Tribout et Beau de leur pavillon « La Maîtrise ». Ce style baroque, ce style d’échantillonnage, que ne fait pas pardonner — bien au contraire — un luxe effréné, reste un non-sens, dénote un manque complet de tenue, un souci vulgaire de tape à l’œil.
Toute la richesse du revêtement s’affirme à l'extérieur, à ce qui se voit du dehors et de loin. Aussi la commodité des dégagements est-elle entièrement sacrifiée dans ce pavillon-décor dont la tapageuse élégance architecturale est au véritable goût ce que la toilette la plus éclatante d’une commère de revue peut être à la robe d’une vraie Parisienne. George Le Fèvre, L’Art Vivant, n.º 19 du 1e Octobre 1925. (pág. 24):

[3] Une porte-verrière monumentale élevée au-dessus des degrés d’un autel et qui est une porte... de sortie alors que les accès véritables, entaillés dans les flancs du pavillon ressemblent à des vomitoires, ne nous engage pas à continuer notre examen plus longtemps : l’emploi coûteux des marbres, le plaquage épais des dorures et la pauvreté du détail font de ce pavillon un « Paradis pour midinettes ». N’était-ce point, après tout, le caractère du problème a résoudre ? Georges Le Fèvre L’Art Vivante n.º 19 du 1e Octobre 1925 (pág. 24)

[4] La « Maîtrise » d’Hiriart, Tribout et Beau : caisse en ciment armé orné de matières précieuses. Au centre triomphe le vitrail de Gruber, tandis que discrètement scintillent de chaque côté les tapisseries sculptées de BlBERSTElN. A I intérieur ce sont les merveilles de préciosité et d’élégance étudiées et réalisées par Maurice Dufrène. Jean Hiriart in Vient de paraitre n. º spécial Paris 1925. (pág. 151).

[5] Le Pavillon est de forme octogonale de laquelle se détache sur la façade principale un grand motif garni de vitrail dans lequel s'ouvre la porte d'entrée. Il est couronné de terrasses avec trois avant-corps occupés par deux salons de thé et par un office avec dépendances. Le plan a été étudié en vue d'une grande foule circulant en sens unique. Antony Goissaud. La Construction Moderne, n. º 49, 6 Septembre 1925. (pág.579).

[6] Le Pavillon de la Maîtrise, élevé sur l'Esplanade des Invalides, est une des réussite de l'Exposition. Il n'est qu'un pavillon d'exposition, c'est-à-dire l'enveloppe expressive de choses choisies. Il n'a rien du grand magasin, de son insistante profusion, de ses fascinantes facilités. Ni de la boutique. On n'y vend rien. Guillaume Janneau La Maitrise in La Renaissance de l’Art Française  Mai 1925.

[7] Un peu compliqué, mais d’une conception fort originale était le pavillon des Galeries Lafayette, par Hiriart, Tribout & Beau, avec ses vitrines extérieures, son perron, ses pergolas, ses trois terrasses étagées, sa façade d’entrée couronnée par une verrière & dressée assez en retrait pour s’élever autant que le hall sans dépasser le gabarit. Rapport Général de l'Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes Paris 1925.

 

Pavillon Studium, Grands Magasins du Louvre. (39)

Albert Laprade (1883-1978) Arch., aménagement intérieur André Fréchet (1879-1972), et Maurice Malet.

Distinguia-se pelo acolhedor terraço na cobertura.

 


 

fig. 8 – Pavillon Studim –Louvre.Laprade architecte, aménagement intérieur André Fréchet, Maurice Malet. Djo-Bourgeois. Postal Yvon

Lionel Landry sobre o pavilhão do Louvre escreve;

Mais banal, é certo, a planta do pavilhão do Louvre, do Sr. Laprade. é simples e prático; o público de imediato apreciou a galeria ao ar livre. O edifício teria beneficiado se os vasos fossem aligeirados; talvez também a harmonia entre as várias cores pudesse ter sido melhor estudada.” [1]

.

E Georges Le Fèvre acrescenta:

 “O Louvre sempre se preocupou, ao que parece, com a tradição e com os bons princípios. Expressou-se através de um pavilhão que é um bom esboço da escola de antes da guerra, na qual o equilíbrio e as reminiscências pompeianas proporcionam a tranquilidade necessária a quem quer tomar chá abrigado da chuva sob um tecto ligeiro, rodeado de motivos graciosos e tranquilos.”  [2]



fig. 9  – Le Pavillon des Grandes Magasins du Louvre. Paris 1925. Postal.

 


fig. 10   – Le Pavillon du Louvre A. Laprade Arch. Postal NA 8 Paris.

 


[1] Plus banal à coup sur, le plan du pavillon du Louvre, dû à M. Laprade. est simple et pratique; le public a immédiatement apprécié la galerie extérieure. L'édifice aurait gagné à ce que les vases fussent allégés; peut-être aussi l'harmonie entre les diverses couleurs aurait-elle pu être mieux étudiée. Lionel Landry Architecture. Section Française Art et Décoration n.º 282 Juin 1925 (pág. 203).

[2] Le Louvre a toujours eu, paraît-il, le souci de la tradition et des bons principes. Il s’est exprimé par un pavillon qui est une bonne esquisse de l’école d’avant-guerre dont l’équilibre et les réminiscences pompéiennes donnent la tranquillité nécessaire à qui veut pendre le thé à l’abri de la pluie sous un toit léger, entouré de motifs gracieux, apaisants. Georges Le Fèvre l’Art Vivante n.º 19 du 1e Octobre 1925.

 

Pavillon « Primavera » du Printemps (47)

Arquitectos  Henri Sauvage (1873-1932) & Georges Wybo (1880-1943), Alfred Levard (1879-?) interior.

Sobre este pavilhão, no artigo anteriormente citado, escreve Lionel Landry:

“Devido aos Srs. Sauvage e Wybo, o pavilhão Printemps permanece claramente na categoria "Exposição", aliás não oferecendo, pelo seu volume, mais do que uma localização restrita e uma limitadai luminação. A estrutura da cobertura, que parecendo pesada, torna-se desadequada. Tal como em muitos outros edifícios da Exposição, há um uso excessivo de pilones puramente decorativos. Assinalemos de passagem o adorável uso da decoração floral.”  [1]

 


 

fig. 11 - 1925. Exposition internationale des Arts Décoratifs Modernes, Paris. Pavillon Primavera : étude en élévation de la façade principale, n.d. craie noire sur calque 18,9 x 25,4 cm. SAUHE-C-1925-01.18 IFA 203/11. Fonds Henri Sauvage. Centre d’Archives d’Architecrture Contemporaine. Cité Architecture et Patrimoine.



fig. 12 - Elévation du pavillon Primavera pour l’Exposition internationale des arts décoratifs et industriels de Paris en 1925. étude en élévation pour la façade principale, n.d. mine de plomb et gouache sur calque 30,7 x 40,8 cm. fonds Sauvage, Henri (1873-1932), 18 IFA, 103/9 SAUHE-C-1925-0. Centre d’Archives d’Architecrture Contemporaine. Cité Architecture et Patrimoine.

 


 

fig. 13 – André Bloc (1896-1966) e René Bocard (18 ?-19 ?) in La Science et la Vie n.º 95 (pág. 408)

 

"Foi necessário assentar o pavilhão em três colunas em ferro fundido e sobre o muro de suporte junto da trincheira e mantendo o aterro do pavimento do quai d’Orsay. Não era possível apoiar-se neste aterro que sofreu derrocadas no seguimento de inundações. Foi necessário, por conseguinte, construir uma viga em betão armado apoiada em três colunas e na crista do muro, segurando os pilares do pavilhão em consola de um lado e do outro dos seus apoios (ver o desenho precedente).”  [2]

 

Sempre muito crítico Georges Le Fèvre escreve:

“Seria curioso saber se o Sr. Sauvage não sentiu a mesma decepção quando o seu pavilhão “Primavera” foi concluído. Esta cabana com telhado de gravilha também poderia ter sido uma ideia engraçada; mas a fantasia com que está animada, muitas vezes cheia de graça, é por vezes tão pesada, que a teríamos aceite como um esboço feito a lápis por uma mão espirituosa e apressada, mas rejeitámo-la, feita em estuque, porque perde todo o seu encanto inventivo de aguarela.”  [3]



fig. 14 - Pavillon Primavera (Atelier des grands magasins du Printemps) Architectes Sauvage & Wybo pour l’extérieur ; Alfred Levard (1879- pour l’intérieur. Postal Yvon.


Segundo o aqrquitecto Jacques Hiriart

“Primavera” de Sauvage e Wybo: uma grande cabana coberta com escamas de vidro. Dois grandes pilones coroados de flores preparam a entrada. No interior Levard compôs uma arquitetura monumental; o seu salão é bem proporcionado e a circulação bem estudada, embora um pouco estreita, oferece a cada passo perspectivas interessantes. O conjunto é nobre, um pouco severo e de grande porte.”  [4]


fig. 15 - Sauvage et Woo Arch. Le Pavillon Primavera du Printemps. Postal AN 54 Paris.

 

E no Relatório final pode ler-se:

“Sauvage não queria perder um centímetro do espaço concedido aos armazéns Printemps: daí esta cabana, de resto muito rica, este telhado cónico, em betão armado, seguindo exactamente o estipulado para as dimensões e assente em muros baixos, erguidos nas laterais de um octógono regular.”  [5]

E Paul-Sentenac setencia

“Se a arquitectura exterior, simultaneamente sumptuosa e simples, graças à colaboração de Sauvage e Wybo, irradia a fé artística do pintor ou escultor para quem foi construída, o interior, desenhado por Levard, oferece o quadro apropriado para uma vida de trabalho harmonioso e de recolhimento meditativo, para a existência de um esteta.”  [6]

E Paul-Sentenac, de imediato, cita os conhecidos versos de Charles Baudelaire;

« Là, tout n'est qu'ordre et beauté.

Luxe, calme et volupté. » [7]

 

fig. 16  – Interior do Pavilhâo Primavera (Atelier dos Grands Magasins du Printemps). Musée des Arts Décoratifs Paris.

 

 



[1] Dû à MM. Sauvage et Wybo, le pavillon du Printemps reste nettement dans la donnée « Exposition », en n'offrant d'ailleurs, pour sa masse, qu'un emplacement restreint et un éclairage limité. La structure du toit évoque une idée de lourdeur, qui semble inopportune. Comme pour beaucoup d'autres bâtiments de l'Exposition il y a abus de pylônes purement décoratifs. Signalons en passant le joli parti tiré de la décoration florale. Lionel Landry, Architecture. Section Française Art et Décoration n.º 282 Juin 1925 (pág. 202). 

[2] Il a donc fallu faire reposer le pavillon seulement sur trois colonnes en fonte de la gare et sur le mur de soutènement bordant la tranchée et maintenant le terre-plein da la chaussée de quai d’Orsay. On ne pouvait même pas s’appuyer sur ce terre-plein, qui a subi des tasements par suite des inondations. On a dû, par suite, constituer une enrayure de poutres en béton armé s’appuyant sur les trois colonnes et la crête du mur, et portant les poteaux du pavillon en porte-à-faux de part et d’autre de leurs appuis (voir le dessin prècédent). A. Bloc et René Bocard, La Science et la Vie n.º 95 Mai 1925. (pág. 409).

[3] Je serais curieux de savoir si M. Sauvage n’éprouva pas la même déception lorsque fut terminé son pavillon « Primavera ». Cette hutte au toit de galets pouvait être une idée cocasse, elle aussi ; mais la fantaisie dont elle est animée, souvent pleine de grâce, est parfois si lourde, que nous l’aurions acceptée comme esquisse crayonnée d’une main spirituelle et hâtive, mais que nous la refusons, réalisée en stuc, parce qu’elle perd tout son charme inventif d’aquarelle. Georges LeFèvre L’Art vVvante n.º 19 du 1 octobre 1925 (pág. 24)

[4] «Primavera» de Sauvage et Wybo : grande hutte revêtue de galets de verre. Deux grands pilônes couronnés de fleurs préparent l’entrée. A l’intérieur. Levard a composé une monumentale architecture ; son hall est beau de proportion et la circulation bien étudiée, quoi q’un peu trop étroite, donne à chaque pas des perspectives intéressantes. L’ensemble est noble, un peu sévère et d’une grande tenue. Jean Hiriart in Vient de paraitre n. º spécial Paris 1925. (pág. 151)

[5] Sauvage n’avait pas voulu perdre un pouce de l’espace concédé aux magasins du Printemps : d’où cette hutte, au demeurant fort riche, ce toit conique, en béton armé, suivant exactement la ligne du gabarit & coiffant des murs bas, dressés sur les côtés d’un octogone régulier. Rapport Général de l'Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes Paris 1925.

[6] Si l'architecture extérieure, à la fois somptueuse et simple, due à la collaboration de Sauvage et de Wybo, rayonne de la foi artistique de celui, peintre ou sculpteur, pour lequel cette maison est édifiée, l'intérieur, aménagé par Levard, fournit bien le cadre approprié à une vie de travail harmonieux et de recueillement méditatif, à une existence d'esthète. Paul Sentenac (Paul Pierre Joseph Jules 1884-1958), La Renaissance de l’Art FrançaiseAout 1925.

[7] Charles Baudelaire (1821-1867) l’invitation au voyage in les fleurs du mal 1857 12ª édition Georges Crès et C.ie Paris 1917.(pág. 12).

 

Pavillon « Pomone » (Bon Marché) (48)

Louis Hippolyte Boileau (1878-1949), architecte, aménagement intérieur Paul Follot (1877-1942) & atelier Pomone.

Diz Lionel Landry:

“O pavilhão Bon Marché, desenhado pelo Sr. Boileau. não merece tais críticas; Está bem organizado, bem iluminado, e o uso de cortes oblíquos nos azulejos e vidros oferece interesse, no entanto diminuído pelo facto de se encontrar em todos os cantos da Exposição.”  [1]


fig. 17 - Pavillon Pomone Postal Yvon Pavillon Pomone Postal Yvon. Paris 1925.

 

Georges Le Fèvre na sua crítica, sempre feroz, escreve.

 “O Pavilhão “Pomone” (Bom Marché), apoiado nas suas poderosas fundações, é um modelo babilónico que evoca a soberania do Crédito e da Mercadoria. Se o Sr. Boileau parece um pouco envergonhado nesta situação provisória, ele não nos deixa esquecer, contudo, que ele é o homem das realizações definitivas, o criador do anexo do Bon Marché, rue du Bac, o artista de grande envergadura que une as três qualidades que admiramos sem reservas: Força, Aparência e Vida.”  [2]


fig. 18  - Le Pavillon du Bon Marché.  (L.H. Boileau, Architecte). Postal 15 Paris 1925.

 



fig. 19-Pavillon du Bon Marché. Postal AN 10 Paris.

 Já Jean Hiriart como arquitecto considera:

“Boileau colocou em Pomona todo o seu conhecimento de volumes e cores. É verdadeiramente a caixa que contém coisas preciosas! As escadas são realçadas na fachada por uma série de volumes que acompanham a inclinação. O revestimento em placas com campos realçados a ouro é um achado, mas retira talvez, alguma franqueza aos belos volumes do conjunto.”   [3]

Mas o pavilhão como todos os dos Grandes Armazéns de Paris foi um sucesso junto do público.



fig. 20 - La foule devant le Pavillon « Pomone ». Atelier d’Art Moderne du Bon Marché. (L. Boileau arch.). Au Bon Marché Maison Aritides Boucicaut (1810-1877). Postal Paris 1925.

 

O interior de Paul Falot.


 

fig. 21,  - Paul Follot dans le Pavillon Pomone, Exposition des Arts décoratifs et industriels de 1925. Photographie anonyme, collection particulière. https://www.archistorm.com/patrimoine-au-temps-des-artistes-decorateurs-paul-follot/

 

 



[1] Le pavillon du lion Marche, dont l'architecte est M. Boileau. ne mérite point ces critiques; il est bien disposé, bien éclairé, et le parti tiré des coupes obliques dans le carrelage et la verrerie offre un intérêt, diminué pourtant du fait qu'on le retrouve à tous les coins de l'Exposition. Lionel Landry, Architecture. Section Française Art et Décoration n.º 282 Juin 1925. (pág. 202).

[2] Le Pavillon « Pomone » (Bon Marché) arc-bouté sur ses assises puissantes, est une maquette babylonienne qui évoque la suzeraineté du Crédit et de la Marchandise. Si M. Boileau semble un peu gêné dans ce provisoire il ne nous laisse pas oublier toutefois qu’il est l’homme des réalisations définitives, le créateur de l’annexe du Bon Marché, rue du Bac, l’artiste de grande envergure qui réunit les trois qualités que nous admirons sans réserve : la Puissance, la Tenue et la Vie. Georges Le Fèvre l’Art Vivante n.º 19 du 1 octobre 1925 (pág. 24).

[3] Boileau a mis dans Pomone toute sa science des volumes et des couleurs. C’est bien le coffret qui renferme de précieuses choses ! Les escaliers sont affirmés en façade par une série de volumes qui en suivent la pente. Le revêtement en plaques aux champs rehaussés d’or, est une trouvaille, mais enlève peut-être un peu de leurs franchises aux beaux volumes de l’ensemble. Hiriart in Vient de paraitre n. º spécial Paris 1925. (pág. 151).




Para o sucesso dos pavilhões dos Grand Magasins, também terá contribuído a publicidade inserida nas diversas publicações de Arte e mesmo gerais. Os pavilhões não se destinavam a vender os produtos mas a encaminhar o público para as conhecidas grandes sedes de Paris.

Henri Clouzot (1865-1841), jornalista e director de Museu, afirma:

 “Os Grands Magasins serão os que melhor mantêm isto, e não apenas através da sua acção sobre a clientela, cujo poder é atestado pelas multidões que acorrem aos seus pavilhões, mas também pela importância das encomendas de gosto moderno que as oficinas de arte das Galeries Lafayette, Printemps, Bon Marché e Louvre fazem à indústria.”  [1]

 


 

fig. 22 – Publicidade do pavilhão Pomone, Primavera e du Louvre em publicações de 1925.

Paul Vitry aborda e compara os 4 pavilhões :

 “Da mesma forma, é necessário estabelecer algumas diferenças entre as arquiteturas projetadas no mesmo programa para os quatro Grands Magasins parisienses, arquiteturas que são bastante díspares, embora menos variadas na aparência do que as dos quatro pavilhões dos países Aliados.

O da Primavera chama, talvez um pouco desnecessariamente, a atenção pela estranheza bárbara do seu exterior fantasioso.

Esta cabana combinaria melhor com o palácio negro do Sr. Olivier, aliás cheio de qualidades. Apenas o criticamos por encaixar no seu interior, sem qualquer ligação lógica, um conjunto de nichos com grossas colunas e pesadas mísulas.

O pavilhão Bon Marché do Sr. Boileau e o das Galerias, dos Srs. Hiriart, Tribout e Beau, pelo contrário, são de uma distribuição agradável e racional, o que é enfatizado pelas suas formas exteriores; um pouco cúbicos demais talvez para o nosso gosto, estes exprimem bem, através da disposição dos seus volumes e das suas aberturas, e especialmente do seu grande vitral na fachada, as necessidades da sua distribuição exterior.

Quanto ao do Louvre, do Sr. Laprade, de uma originalidade menos procurada, repousa o olhar e a mente com formas simples, claramente conformes ao uso do cimento; oferece ainda, no desenho do seu terraço coberto, inegáveis vantagens práticas.”  [2]

 

E, do mesmo modo, a escritora e crítica Thilda Harlor (Jeanne Fernande Perrot 1871-1970), na Gazette des Beaux-Arts escreve:

“Reina uma espécie de harmonia pré-estabelecida, apesar das suas personalidades fortes, entre Paul Follot (as oficinas Pomone do Bon Marché), Maurice Dufrène (a Maîtrise das Galeries Lafayette), Mme Chauchet-Guilleré* (as oficinas Primavera de Printemps) e os colaboradores do Studium (lojas do Louvre). No entanto, é preciso distingui-los.

Digamos que uma espécie de ousadia no "chic", que chega até subtis excentricidades, se nota nas obras e na decoração geral da Maîtrise, enquanto Pomone gostaria de permanecer num luxo mais sério, mais viril. Com a Primavera, a graça ganha vivas ousadias, demonstrando a intenção de estar "up to date", como dizem os ingleses. Mas o Studium não é também, hostil ao novo, como prova o salão de mármore e prata brilhante projectado por André Fréchet**.”  [3]

[*Charlotte Chauchet-Guilleré (1878-1964), pintora e decoradora. **André Frechet (1879-1972), decorador.]



[1] Les Grands Magasins en seront les meilleurs mainteneurs et non seulement par leur action sur la clientèle, dont les foules qui assiègent leurs pavillons attestent la puissance, mais aussi par l'importance des commandes en goût moderne que les ateliers d'art des Galeries Lafayette, du Printemps, du Bon Marché, du Louvre font à l'industrie. Henri Clouzot, La Renaissance (pág. 359)

[2] De même, il y a lieu d’établir quelque différence entre les architectures conçues sur un même programme pour les quatre Grands Magasins parisiens, architectures assez disparates, quoique moins variées d’allure que celles des quatre pavillons des Alliés.

Celui du Printemps appelle, peut-être un peu inutilement, l’attention par l’étrangeté barbare de son extérieur fantaisiste. Cette hutte s’apparierait mieux avec le palais nègre, plein de qualités, du reste, de M. Olivier. Nous lui reprocherons surtout d’emboîter à l’intérieur, sans aucun lien logique, un assemblage de niches à colonnes épaisses et de lourds encorbellements.

Le pavillon du Bon Marché de M. Boileau, et celui des Galeries, de MM. Hiriart, Tribout et Beau, sont au contraire, d’une distribution agréable et rationnelle qui s’accuse par leurs formes extérieures ; un peu trop cubiques peut-être à notre goût, celles-ci expriment bien par l’agencement de leurs volumes et de leur baies, surtout leur grand vitrail en frontispice, les nécessités de leur distribution extérieure.

Quant à celui du Louvre, de M. Laprade, d’une originalité moins cherchée, il repose l’oeil et  l’esprit par des formes simples, nettement conformes aux procédés du ciment ; il offre de plus dans l’aménagement de sa terrasse abritée un mérite pratique incontestable. Paul Vitry Gazette des Beaux-Arts (pág. 12 e 13)

[3] Une sorte d’harmonie préétablie règne, malgré leur forte personnalité, entre Paul Follot (les ateliers Pomone du Ban Marché), Maurice Dufrène (la Maîtrise des Galeries Lafayette), Mme Chauchet-Guilleré (les ateliers Primavera du Printemps), et les collaborateurs du Studium (magasins du Louvre). Cependant, il faut les distinguer. Disons qu’une sorte de hardiesse dans le « chic » qui irait jusqu’à de subtiles excentricités, se remarque dans les ouvrages et la décoration générale de la Maîtrise, tandis que Pomone voudrait rester dans un luxe plus grave, plus viril. Avec Primavera, la grâce reprend des audaces vives, montre le dessein d’ètre « up to date », comme disent les Anglais. Mais le Studium n’est pas non plus hostile à l'inédit ainsi que le prouve l’étincelant salon de marbre et d’argent composé par André Fréchet. TH. Harlor, Gazette des Beaux-Arts n.º 4 (pág. 368 e369).

 

 

 

 

Outros 6 pavilhões na Esplanada dos Inválidos entre os pavilhões dos Grands Magasins

Entre os pavilhões dos quatro Grands Magasins, erguiam-se 6 outros pavilhões de firmas francesas.

Atelier de Sculpteur (Goldscheider) (41) e o Pavillon de la Maison Crès & C.ia (42)

Lionel Landry “O pavilhão Stèle onde as esculturas da Maison Goldscheider foram expostas duma forma bem-sucedida pelo Sr. Eric Bagge*; e em frente a livraria Crés, onde o discutível partido (adjacente à construção de contrafortes representando livros, vistos da lombada e da frente), uma feliz solução, desempenhando estes contrafortes simultaneamente uma função prática, na medida em que servem de exposição, e uma função expressiva, na medida em que a sua abertura acolhe os visitantes.”  [1]

[*Eric Bagge (1890-1978) arquitecto]

 

 

Pavillon Stèle. Atelier de Sculpteur (Goldscheider) (41)

 A Maison Goldscheider foi fundada em Paris pelo escultor Friedrich Goldscheider (1845-1897) e na morte deste passou para o seu filho Arthur Goldscheider (1874-d.1948), tornando-se uma das mais importantes galerias de arte e antiguidades de Paris.



fig. 23 - Pavillon de « La Stèle » et du groupe « Évolution » (A. Goldscheider, éditeur d’art) Eric Bagge , architecte Art et Décoration Juin 1925 (pág. 209).

 

Pavillon de la Maison Crès & C.ia (42)

Hiriart,Tribout, Beau. Architectes

Para a afirmação publicitária de uma editora, Jacques Hiriart e os seus colaboradores, projectaram um pavilhão tendo na sua fachada principal três contrafortes em forma de grandes livros.

 


fig. 24 - Pavillon “G. Crès et Cia. » par Hiriart, Tribaut et Beau architectes A. Biberstein décorateur et Schwartz sculpteur). Postal A. P. 11
.


fig. 25 – Pavillon Crès in La Renaissance de l’Art Française.



fig. 26 – Pavillon des Éditions Crès et Cie.in Vient de paraître (pág. 156).

 



fig. 27 - intérieur du pavillon des éditions g. grès et cie. Meubles de Francis Jourdain, exécutés par Smith et Cie au centre : Groupe sculpté de Yvonne Serruys.. Divan en velours « Batik » de Pangon. Cliché H. Manuel. In Vient de Paraître n.º spécial 1925. (pág. 166).

 



 fig. 28 - Maurice Asselin (1882-1947),Panneaux décoratifs. intérieur du pavillon des éditions g. Crès et Cie. In Vient de Paraître n.º spécial 1925. (pág. 166).


fig. 29  – Esplanade des Invalides Vue sur le Pavillon G. Crès et Cie (J. Irlert, G. Tribout, G. Beau, archit.) et Tour des Vins de Champagne-Alsace (Ch. Plumet, archit.) LL

 

De seguida, de cada lado da avenida os pavilhões da Manufacture Royale de Copenhague (43) e o pavilhão dos Magasins de la Place Clichy (44).


Pavillon de la Manufacture Royale de Copenhague (43)

Arquitecto Bent Helweg-Møller (1883-1956)

 


fig. 30 – Helweg Moller, Architecte. Pavillon de la Manufacture Royale de Copenhague La Construction Moderne n. º 35 (page 42).

 

Antony Goissaud sublinha a modernidade da construção, mostrando o avanço da Arquitectura nórdica.

 "A “Manufacture Royale de Copenhague” contactou o arquitecto dinamarquês Sr. Helveg Muller, que se revelou digno do famoso Establecimento.

Os dois pavilhões são de forma extremamente simples, rectangulares com a fachada principal formada por uma ligeira curva de grande raio; esta fachada é precedida por uma escadaria totalmente em madeira e tem uma base da mesma altura que o terraço que liga os dois Pavilhões.

Os dois Pavilhões são simétricos, têm o mesmo aspecto exterior, a mesma disposição e a mesma decoração interior. São iluminados quase integralmente pela fachada curva que constitui uma grande janela formada por vidraças oblongas que, pela sua forma, conferem um certo “cachet” ao conjunto.” [2]

 


fig. 31  - Helweg Moller, Architecte. Pavillon de la Manufacture Royale de Copenhague. L’Architecture Vivante Automne-Hiver MCM XXV  (pág. 414).

 

 Pavillon des Magasins de la Place Clichy (44).

Arquitecto Charles Siclis (1889-1942)



fig. 32 – Pavillon des Magasins de la Place Clichy. Charles Siclis

Charles Siclis realizou um primeiro estudo para a Casa de Serralves, que foi depois projectada pelo atelier de José Marques da Silva.

Repare-se nos candeeiros de iluminação no topo dos pilares centrais, uma solução que marcará posteriormente muitas das soluções arquitectónicas.




fig. 33  -Pavillon Place Clichy. Charles Siclis architecte. 

 

Para completar todo o eixo dos Inválidos, ainda um par de pavilhões. O Pavillon des Maisons Christofle & des Verreries Baccarat (45) e o Pavillon de la Ganterie de Grenoble (46).

 

Pavillon des maisons Christofle & des Verreries Baccarat (45)



fig. 34 – Le Pavillon Christofle & Baccarat. In Vient de paraitre ((pág. 152).

 

Gabriel Mourey considera que “O pavilhão construído pelo arquiteto Georges Chevalier à entrada da Esplanade des Invalides, para a ourivesaria Christofle e a cristalaria Baccarat, tem uma inspiração muito moderna.

É decorado com seis baixos-relevos não menos modernos onde o escultor Chassaing* representou em formas de acentuação audaciosa e sintética as diferentes técnicas de ourivesaria e de cristalaria: aqui o fundidor, o cunhador, o ourives; ali, o soprador de vidro e o gravador de cristal. (…) É ao luxo da mesa que quase exclusivamente ele é dedicado; é do luxo da mesa que ele pretende afirmar a sua brilhante supremacia... e nada me parece mais razoável nem mais legítimo.”  [3]

[*Edouard Chassaing (1895-1974)]



fig. 35 – pavillon Christofle-Baccarat. Georges Chevalier décorateur et Chassaing sculoteur. Postal A.P. 10

 

 

E, mais adiante Georges Morey, sobre o interior afirma:

“Atravessemos agora o limiar do Pavilhão Christofle-Baccarat. A primeira impressão é deslumbrante. Num ambiente o mais pouco autoritário possível, para deixar que as obras expostas assumam todo o seu valor, é exibida a mais mágica harmonia de "prata e cristal" que se possa imaginar.  [4]



fig. 36  – Pavillon de Christofle et Baccarat. G. Chevalier Architecte Décorateur E. Chassaing sculpteur. Postal AN 64. Paris.

 

E Gabriel Mourey termina o seu elogioso artigo com:

“Talvez seja através dos utensílios de mesa que seja possível agir de forma mais poderosa e eficaz na mente e no gosto do público, trazendo para as casas comuns objetos do quotidiano de bom material e com uma forma cuidada.

É que estes talheres, estes copos e estas garrafas são, digo isto sem qualquer espírito de paradoxo, coisas humanas; foram concebidos, desenhados, modelados, martelados, executados por homens, para outros homens; são hoje, como os podemos ver entre o brilho do Pavilhão Christofle-Baccarat, peças únicas; amanhã, serão fabricados aos milhares e distribuídos por todo o mundo para uso diário dos homens; darão testemunho do gosto francês do nosso tempo, do nosso engenho decorativo, da nossa concepção do luxo moderno, deste luxo, antes de mais, o luxo da mesa; por baixo de tudo isto, em tudo isto, vive uma parcela do espírito e do génio francês.” [5]


 Pavillon de la Ganterie de Grenoble (46).

 Arquitectos Dufrène e Tony Selmersheim

[Joseph Paul Anthony Selmersheim, usando Tony Selmersheim (1871-1971)] 


A jornalista e crítica de arte Thilda Harlor aponta:

“A luva tem as honras de um Pavilhão. É certo que por enquanto pertence ao decorador, com o punho pintado, gravado, perfurado, entrançado, bordado à mais livre imaginação.” [6]

 


fig. 37 – Pavillon du Gant. Gantiers de Grenoble architectes : M. M. Selmersheim et M. Dufrene. In Vient de paraître (pág. 154)


Antony Goissaud descreve o Pavilhão

“A arquitetura tem um carácter muito particular, as fachadas não possuem cornija, nem qualquer faixa saliente, mas sim uma pequena base de projeção muito ligeira.

Ao longo de cada uma das grandes fachadas esta é interrompida por duas saliências ligeiramente curvas, com os lados ligeiramente inclinados. (…) Uma inscrição “Pavillon du Ganl” em letras salientes extremamente modernas em tons de castanho e dourado ocupa a parte inferior da decoração.

Da parte inferior desta inscrição descem cunhais bastante planos, de cor café com leite, como toda o corpo avançado, destacando-se dos nichos dourados; a parte inferior destes nichos é tom de pedra.” [7]

 


fig. 38  - Exposition des Arts Décoratifs. - Pavillon du Gant. Photo Salaün. m. Selmersheim, architecte; m. M. Dufrène, décorateur. In La Construction Modeme n.º 1 (pág. 7).



[1] I.e pavillon de I.a Stèle où les sculptures éditées par la Maison Goldscheider ont été logées de la manière la plus réussie par M. Eric Bagge; faire face, a celui de la librairie Crés, où un parti discutable (accoter à la construction des contreforts figurant des livres, le dos en avant) s'est trouvé réalisé de manière heureuse, ces contreforts jouant à la fois un rôle pratique en ce qu'ils servent à la montre, et expressif, en ce que leur ouverture accueille les visiteurs. Lionel Landry Architecture. Section Française Art et Décoration n.º 282 Juin 1925. (pág. 205).

[2] La Manufacture Royale de Copenhague, s’est adressée à l’architecte danois M. Helveg Muller qui s’est montré digne du célèbre Etablissement. Les deux pavillons sont de forme extrêmement simple, rectangulaire avec façade principale formée par une légère courbe de grand rayon; cette façade est précédée d’un escalier entièrement en bois et a un soubassement de même hauteur que celle de la terrasse reliant les deux Pavillons. Les deux Pavillons sont symétriques, ils ont même aspect extérieur, même disposition et même décoration intérieures. Ils sont éclairés presque uniquement par la façade courbe qui constitue une grande vitrine formée par des glaces oblongues qui par leur forme donnent encore un certain cachet à l’ensemble. Antony Goissaud, La Construction Moderne, 31 Mai 1925. (pág. 410).

 [3] Le pavillon construit par l’architecte Georges Chevalier à l’entrée de l’Esplanade des Invalides, pour l’orfèvrerie Christofle et pour les cristalleries de Baccarat est d'inspiration très moderne. Il est décoré de six bas-reliefs non moins modernes où le sculpteur Chassaing a représenté dans des formes d’une accentuation audacieuse et synthétique les différentes techniques de l’orfèvrerie et de la cristallerie : ici le fondeur, l’estampeur, l’argenteur ; là, le souffleur de verre et le graveur de cristal. (…) Le pavillon Christofle-Baccarat est le Palais du luxe et de la table. C’est au luxe de la table qu’il est presque exclusivement consacré ; c’est au luxe de la table qu’il vise à affirmer l’étincelante suprématie... et rien ne me semble plus raisonnable ni plus légitime. Gabriel Mourey, Pavillon Christofle et Baccarat in L’Art Vivante n. º 10, 15 Mai 1925. (pág. 30)

 [4] Franchissons maintenant le seuil du Pavillon Christofle-Baccarat. L’impression première est éblouissante. Dans un cadre aussi peu autoritaire que possible, afin de laisser aux œuvres exposées toute leur valeur, se déploie la plus féerique harmonie « argent et cristal» qui se puisse rêver. Georges Mourey Pavillon Christofle & Baccarat in L'Art Vivante n. º 10, 15 Mai 1925. (pág. 30).

[5] C’est peut-être par le couvert de table qu'il est possible d’agir le plus puissamment et le plus efficacement sur l’esprit et le goût public, en faisant pénétrer dans les intérieurs moyens des objets d’usage quotidien de bonne matière et de forme soignée.
C’est que ces couverts, ces
verres à boire et ces carafes sont, je le dis sans esprit de paradoxe, des choses humaines ; elles ont été conçues, dessinées, modelées, martelées, exécutées par des hommes, pour d’autres hommes; elles sont aujourd’hui, telles qu’on les peut voir parmi l’étincellement du Pavillon Christofle-Baccarat, des pièces uniques ; elles seront, demain, fabriquées par milliers, et répandues dans le monde entier pour l’usage quotidien des hommes ; elles témoigneront du goût français de notre époque, de notre ingéniosité décorative, de notre conception du luxe moderne, de ce luxe, le premier de tous, le luxe de la table ; sous tout cela, dans tout cela, vit une parcelle de l’esprit français et du génie français. Georges Mourey Pavillon Christofle & Baccarat, L’Art Vivante n. º 10, 15 Mai 1925.  (pág. 32).

[6] Le gant a les honneurs d’un Pavillon. Il appartient il est vrai pour l’instant au décorateur avec sa manchette peinte, gravée, perforée, galonnée, brodée jusqu’à la plus libre fantaisie. Thilda Harlor (1871-1970), La Parure, ses acessoires et quelques Bibelots in L’Amour de l’Art n. º 8, Août 1925. (pág. 336)

[7] L' architecture est d'un caractère tout a fait particulier , los façades n'ont aucune corniche, aucun bandeau saillant, mais un petit soubassement de très faible saillie. La longueur de chacune des grandes façades est rompue par deux avancées très legerement bombées ayant leurs côtés légèrement biaisés.(…) Une inscription « Pavillon du Ganl » en lettres saillantes extrêmement modernes de tons marron et doré occupe le dessous de la décoration. Du bas de cette inscription descendent des godrons assez plats, de couleur café au lait comme toute la partie avancée, se détachant sur des creux dorés ; la partie inférieure à ces godrons est de ton pierre. Antony Goissaud La Construction Moderne 4 Octobre 1925 (pág. 5).

 

Sobre a Avenida Gallieni  a crítica divide-se em relação ao conjunto construído para a Exposição das Artes Decorativas.

Gabriel Mourey vê de uma forma muito negativa e descreve o eixo central comparando-o com uma avenida central de um cemitério.

A avenida central que vai da Avenida Nicolau II até à Cour des Métiers — que pretendia ser o "cérebro" da Exposição de 1925, é apenas a mais impressionante demonstração da incapacidade das autoridades da Exposição para ultrapassar a medíocre concepção e execução do que quer que seja e a sua total falta de autoridade — assemelha-se à avenida central de um cemitério. É uma avenida de túmulos por onde caminhamos, delimitada à direita e à esquerda por mausoléus e no meio dos quais se ergue o duplo pavilhão da Manufactura de Sèvres com as suas pedras de limite unidas por correntes negras e os seus vasos monumentais – oh! quanto! – de uma forma e material tão inadequados para o seu uso como pesados ​​e monótonos, tão sem vida e frios, atrofia a sua massa esmagada e sombria.” [1]

 



[1] L’avenue centrale qui de l’avenue Nicolas II conduit à la Cour des Métiers – laquelle prétendait être le « cerveau » de l’Exposition de 1925 et qui n’est que la démonstration la plus éclatante de l’impuissance des autorités de l’Exposition à s’élever au-dessus de la médiocre conception et réalisation de quoi que ce soit et de leur absence totale d’autorité – ressemble L’allé centrale d’une nécropole. C’est une allée de tombeaux que l’on suit bordée à droite et à gauche de mausolées et au milieu de laquelle le double pavillon de la Manufacture de Sèvres avec ses bornes rejointes par des chaînes noires et ses vases monumentaux – oh ! combien ! – d’une forme et d’une matière aussi peu approprièes à leur destination que pésantes et monotones, que peu vivantes et froides, accroupit sa masse écrasée et lugubre. Gabriel Mourey L’Esprit de l’Exposition in L’Amour de l’Art, n.º 8, Aout 1925 (pág. 302 e 303)

 

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